Uma das palestrantes mais aguardas da Semana da Mulher da Força Sindical-RS, a delegada da Mulher Tatiana Bastos abriu o terceiro dia de debates da Semana da Mulher. Tatiana iniciou sua explanação falando da lei Maria da Penha e todos os procedimentos e encaminhamentos que acontecem dentro da delegacia da mulher. As mulheres que chegam na delegacia recebem tratamento especial e são atendidas com sigilo, descrição e respeito. “Temos salas específicas para o atendimento, e a maioria das plantonistas são mulheres, o que gera uma sensação de igualdade e cumplicidade por serem do mesmo sexo”, destacou.
As mulheres agredidas, segunda a delegada, são em casos mais extremos, encaminhadas para abrigos, casas de apoio e albergues. “Nestes casos a mulher se sente ao mesmo tempo aliviada por estar fora de perigo, mas revoltadas pois deixam as suas casas e passam a viver, muitas até com os filhos, com estranhos, com regras impostas pelo abrigo. Isso também causa a retirada da queixa”, alertou.
Entre os principais crimes registrados na delegacia da mulher estão a lesão corporal, ameaça, crime contra a honra, estupro, contravenções de vias de fato e perturbação da tranqüilidade.
Tatiana, lembrou ainda em média 30 mulheres por dia procuram a delegacia com algum tipo de ocorrência. Em 2009 foram registrados 12,099 crimes, o número praticamente dobrou desde 2004. A delegacia realizou ainda, no ano passado, em média, 15 prisões ao mês.
Outro dado curioso e alarmante é que a cada 15 segundos uma mulher é vitima de violência no Brasil. “A discriminação faz parte do nosso dia-a-dia, temos que estar provando constantemente o que somos e para que viemos. É uma batalha travada por nós mulheres todos os dias”, desabafou. A delegada finalizou com a frase: “Sua vida recomeça quando a violência termina”.
A segunda palestrante da noite, a presidente da Força Comunitária, Laura Machado, destacou e informou que a realidade das comunidades é bastante diferente do que os números mostram. “Estamos aqui para saber o que podemos fazer o contribuir para minimizar e, quem sabe, acabar com a violência contra a mulher nas comunidades mais carentes da sociedade”, disse.
Laura lembrou ainda que o alcoolismo e as drogas são fatores determinantes na hora do marido agredir a esposa. “Acredito que se todas nós lideres comunitárias dermos as mãos e procurar ajuda para as nossas mulheres, como por exemplo nas igrejas, junto aos programas de casais e drogas”.
Janta, presidente da Força Sindical-RS, destacou na abertura do evento a frase que virou hino durante a caminhada da mulher: “Quem ama não bate, não maltrata e não humilha”.