II Congresso da Fetracos - Conferência de abertura aborda reordenação capitalista e governos
Jousi Quevedo

Paulo Cezar Rosa, publicitário e colunista da Carta Capital, abriu a sessão de paineis.

A conferência de abertura do 2º Congresso da Fetracos recebeu o publicitário e colunista da Revista Carta Capital, Paulo Cezar Rosa,  que abordou o colapso e a nova reorganização do capitalismo a partir da interrupção da expansão do sistema. Os comerciários e delegados presentes prestigiaram a palestra que tocou em pontos como o neoliberalismo, concentração de renda e a crise econômica de 2009, que atingiu 30 milhões de empregos qualificados. "É como se metade dos trabalhadores brasileiros estivessem sendo afetados", esclareceu Rosa.

Segundo ele, os Estados Unidos passou posteriormente a um processo de socialização da crise, através de um mecanismo de transferência de recursos gerados para um fundo de capital.

"Por isso a Força Sindical vem trabalhando e é tão importante combater o juro alto", disse. O presidente dos EUA, Barack Obama, afirma Rosa, não conseguiu ainda colocar a economia de seu país para girar ainda, diferente de Lula quando era presidente, que através do incentivo ao consumo obteve melhores resultados. "Obama não conseguiu reverter a crise", disse.

Paulo Cezar Rosa acredita que o ex-presidenter "terminou com a pirâmide social existente no Brasil e criou um losângulo" com a inclusão de novos consumidores no mercado, principalmente a classe C emergente. "Foi construído um sistema capitalista de massas", explicou. Sobre o governo de Dilma Rousseff, Rosa não é tão otimista, afirmando que os juros e o fato da presidente ceder à pressão dos defensores dos juros não permite que se vislumbre um governo tão inclusivo como foi o de Lula.

"Uma questão essencial é os trabalhadores continuarem na luta, defendendo melhores salários, trabalho decente, qualificação dos trabalhadores para atender esse crescimento da economia, essas bandeiras são chaves nesse momento e acho que o governo Dilma sem liderança própria", afirmou.

No plano estadual, o cenário no Rio Grande do Sul tem uma economia vinculada ao que acontece a nível mundial. "É um Estado que fica olhando o Brasil de maneira distante ao restante do país", destacou Rosa. Segundo o publicitário, há uma tentativa local de contato direto com outros países.

"Agora há um governador que foi eleito no 1º turno e que tem maioria da Assembleia e está lincado com o governo federal, então existe um quadro positivo para o Estado", afirmou. Do ponto de vista da categoria tem que pensar em cidades como Rio Grande, que recebe uma explosão de investimento com o Porto.

A nível de categoria, estabelece-se uma relação de colaboração entre o trabalhador e os patrões, acredita Rosa. "O tema da participação dos resultados tem interesse do ponto de vista do patrão e do empregado. É uma mudança estrutural para entender o que acontece no dia a dia da nossa ação sindical", afirmou.

Presidente do Sindec-POA, Nilton Neco, afirmou que a categoria deve estar atenta às mudanças descritas por Rosa. "Temos que disputar a presidente Dilma com nossas reivindicações para que ela não fica do lado dos banqueiros, da elite. Temos uma democracia consolidada e vamos avançar com a luta dos trabalhadores principalmente na redução da  jornada de trabalho", afirmou.

O vice-presidente da Fetracos, Dionísio Mazui, concordou com os pontos expostos, mas acredita que há uma falta de identificação do governo estadual com bandeiras tradicionais das ações. Questionou o que efetivamente está sendo construído para o povo gaúcho em função de um governo com viés populista.

O diretor da federação, Cláudio Côrrea, discordou que o ex-presidente Lula tenha acabado com a dívida externa. Considerou poositivo que a luta sindical avançou em alguns pontos. "Governo Lula não conseguiu trazer avanço apra que os trabalhadores tivessem vantagem como o fator previdenciário, jornada de 40 horas, questões que com  a aprovação do governo poderia ter resolvido", afirmou.

Para o sindicalista, havia um Brasil antes de Lula, inclusive avanços que se cristalizaram na era de Getúlio Vargas. "O governo que Dilma enfrenta hoje são os atos inconsequentes do governo passado e isso envolve o problema dos juros", disse Côrrea.

Conforme Zé Luís, do Sindicato dos Comerciários de Pelotas, os governos que foram eleitos deixaram muito a desejar. "No Congresso Nacional, ainda as elites dominam o país. O governo Lula inseriu a classe C, mas está tudo mundo endividado e quando estourar esse bolo, aí a crise vai chegar", criticou. Disse que a mão de obra não foi qualificada para assumir os empregos criados. "O Ministério do Trabalho em nenhum momento foi a Pelotas, Rio Grande e região realizar cursos de qualificação, daí importam de outro lugar", exemplificou. Citou arrouxo salarial, falta de condições de trabalho e outros problemas.

Sobre o governo Tarso Genro, acredita que tinha políticos mais preparados para a Secretaria Estadual do Trabalho.

O diretor do Sindec-POA Luis carlos Barbosa destacou avanços do Plano Real, políticas sociais de outros governos e a habilidade do ex-presidente Lula em transformar isso como capital político. Segundo Barbosa, Dilma está seguindo nesse caminho, principalmente na inclusão social. Destacou a política do salário mínimo e que a Força Sindical tem fincado posição no combate aos juros.

"A redução da jornada do trabalho não passou porque não teve concessão do governo federal", ressaltou Barbosa. Ele também tem dúvidas sobre os rumos do governo estadual, especialmente nas dificuldades de reformas como do magistério.

O secretário da Juventude da Força Sindical e diretor do sindec,Jeferson Tiego, os governos não abordam o tema da educação e muito menos da qualificação. "Vamos ter que importar mão de obra porque não vai ter gente para as funções. Pelo que sei o investimento será pífio na qualificação profissional, tanto no governo estadual, quanto no federal", disse Tiego.

Para Janta, o Congresso representa hoje apenas interesses pessoais, dos empresários e das elites, e o mesmo vem se percebendo no RS. "Os eleitores não buscam um projeto político e hoje a menor bancada do Congresso é a dos trabalhadores", esclareceu Janta. Segundo o presidente da federação, é necessário buscar apoio do governo e, principalmente, da sociedade. "Assim, temos sempre que convence os deputados sobre a importância de nossas bandeiras, ninguém nos representa, ninguém defende a regulamentação da profissão", afirmou Janta. O sindicalista disse ainda que que quem tem maioria no Congresso manda e os trabalhadores estão à mercê da boa vontade dos políticos para que sejam representados.

De acordo com Antero Alt, o losângo na escala social brasileira ainda não está consolidada. Federizzi questionou com o comprometimento dos atuais governos com a classe trabalhadora.

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