3ª Conferência Internacional abre 6° Congresso Nacional da Força
Régis Araújo

Com a presença de sindicalistas de 31 países e reprisando o intenso debate da realização anterior, em Porto Alegre, a 3 Conferência Internacional da Força Sindical antecipou o que será o 6 Congresso Nacional, que deve anunciar a central como a maior do Brasil. São esperados para a solenidade de abertura cerca de quatro mil sindicalistas e mais de mil entidades credenciadas, além de observadores e o Presidente Lula, cuja presença está confirmada. ?A realização de um evento paralelo com essa grandeza indica a visão internacionalista da central?, comentou Nilton Neco, Secretário Nacional de Relações Internacionais da Força Sindical, para quem a visão pragmática da central ajuda na formação de um grande bloco internacional que vai além das ideologias e respeita a representatividade das entidades. .

O grau de organização do sindicalismo brasileiro foi saudado pelos representantes estrangeiros, como Roberto Treu, da Confederacion Generale Italiana del Lavoro (CGIL), que apontou a América Latina como o fato novo no contexto mundial e o Brasil pela liderança natural exercida sobre o continente.

Amanda Villatoro, da Confederacion Sindical de las Américas (CSA), falou na oportunidade que o movimento sindical mundial tem de propor políticas públicas para gerar trabalho decente, numa clara alusão ao que ocorre no Brasil. Secretário Geral da CSA, Vitor Baez pregou uma mobilização geral da América Latina, destacando o papel brasileiro de induzir o processo. ?A organização sindical brasileira é muito forte?, destacou. Baez defendeu a ratificação das convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que apontam para os governos a aplicação prática do conceito do Trabalho Decente, tese central do 6 Congresso da Força.

Para o representante da CUT Colombiana, Tarsicio Rivera Muñoz, os trabalhadores de seu país perseguem a integração entre os movimentos sindical e social ??como acontece no Brasil?, disse. Nyl Farel Añez Lopez, Secretário de Organização da Confederacion Nacional de Trabalhadores Dominicanos (CNTD) lamentou que o governo não pratica políticas que criem um bom ambiente para o exercício do trabalho decente, permanecendo divorciado? dos interesses da maioria da população.

Vitor Torres, da Convergência Sindical (CS), do Panamá, elogiou o sindicalismo brasileiro por fazer com que o governo desenvolva políticas de inclusão social, contrapondo a visão excludente do capitalismo. Na visão de Guido Moretti, da Union Italiana Del Lavoro (UIL), o movimento sindical brasileiro é pujante e consegue dar respostas criativas à situações adversas. Classificando o sindicalismo brasileiro de ?diferente?, Sara  Lima, Dirigente do Sindicato do Pessoal de Vôo e representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT) de Portugal, frisou a importância desse tipo de integração, na qual há troca de experiências e conceitos. Segundo disse, os sindicalistas estrangeiros voltam para seus países fortalecidos com as noções expostas no evento.

?Lula tem acertado por ouvir as centrais?

Anfitrião do evento, Paulo Pereira da Silva, presidente nacional da Força Sindical, relatou os principais movimentos do sindicalismo brasileiro nos últimos meses, a partir de setembro de 2008, quando a crise mundial se tornou evidente. Na exposição que fez, Paulinho falou do silêncio estratégico do movimento sindical do Brasil naquele momento, quando  milhões de trabalhadores estavam em data-base. Ele lembrou o caráter setorial que a crise assumiu no Brasil, onde não houve crise sistêmica, como nos Estados Unidos e Europa. O sindicalista demonstrou aos delegados internacionais como, na prática, as lideranças sindicais conseguiram influenciar o governo a assumir políticas do interesse da maioria, como o corte na taxa de juros ? que caiu de 14% para os atuais 8.75% - a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a ativação da cadeia da construção civil, com o anúncio do pacote habitacional e das obras do Programa de Aceleração Social (PAC).

Paulinho foi categórico ao afirmar que o Brasil saiu da crise e que doravante a pauta do movimento sindical se ocupará com questões como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a luta contra o Fator Previdenciário. Ao destacar que ?as seis centrais sindicais falam a mesma coisa?, Paulo Pereira da Silva afirmou que ?o Presidente Lula tem acertado muito por ouvir o movimento sindical?.

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