Produtividade cresce 4,16% com aumento do emprego
Régis Araújo

A produtividade do trabalho na indústria cresceu 4,16% no ano passado, em ritmo mais acelerado que em 2006, quando o ganho de eficiência foi de 2,5%. Foi também o melhor resultado desde a alta de 6% de 2004.

A produtividade do trabalho na indústria cresceu 4,16% no ano passado, em ritmo mais acelerado que em 2006, quando o ganho de eficiência foi de 2,5%. Foi também o melhor resultado desde a alta de 6% de 2004. O desempenho é fruto de uma combinação do aumento de 6,02% na produção física e de 1,79% no total de horas pagas e é apontado por economistas como sinal de que a indústria brasileira vive um "ciclo virtuoso de crescimento", com tendência de expansão semelhante em 2008.

De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento do emprego no setor foi de 2,2%, a maior taxa da série histórica, iniciada em 2001, com aumento no número de postos de trabalho em 12 dos 17 subsetores da indústria. A produtividade aumentou em 11 setores, com incrementos mais expressivos nos subsetores de máquinas e equipamentos (10,43%) e fabricação de meios de transporte (6,77%), os quais registraram aumento no emprego e na produção acima da média geral da indústria. "Essas indústrias conseguiram investir mais em máquinas e pessoas e tiveram ganho de eficiência. Esse é um crescimento sadio", avalia Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Em contraposição, observou Almeida, outros segmentos obtiveram ganhos de produtividade com a redução de empregos. Foi o caso dos setores de vestuário (10,6%) e calçados (8,1%). Ele observa que esses subsetores estão entre os que mais criam empregos no país e o corte de mão-de-obra nessas áreas contribuiu para o aumento geral de 2,2% no emprego.

O único setor que fugiu à regra geral foi o de coque, refino de petróleo e combustíveis, que apresentou uma queda na produtividade de 7,92%, causada pelo desequilíbrio entre o aumento do emprego de 11,91% e crescimento menor da produção, de 3,05%. Almeida também pondera que a produtividade da indústria geral teve desempenho mais aquecido no quarto trimestre e que esse crescimento, antes restrito a alguns setores se generalizou nos últimos meses do ano. A expectativa do Iedi é que a produção industrial em 2008 cresça 6,5% - considerando o aumento da capacidade instalada com investimentos realizados em anos anteriores - e aumento do emprego de 3,5%, o que garantiria um crescimento na produtividade na faixa de 3%.

Para Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o crescimento do emprego e da produtividade em setores que não são fortes demandantes de mão-de-obra, como máquinas e equipamentos, indica que a expansão da economia e a geração de riqueza não ficaram restritas às empresas, mas também chegaram à classe trabalhadora. "É normal que nesses setores o emprego cresça menos que a produção e que os investimentos em bens de capital, o que explica a diferença nos níveis de produção e emprego no ano passado", afirma Sarti.

Sarti observa que muitas dessas indústrias operavam de forma enxuta e com capacidade ociosa em anos anteriores e, para elevar a produção sem tecnologia nova, foi necessário contratar mais trabalhadores e aumentar os turnos de trabalho, como ocorreu na indústria de bens de transporte. Ele acredita que a expansão dos investimentos e da formação bruta de capital fixo em 2007 (estimada em torno de 13%), se traduza em aumento de produção neste ano. A expansão do número de postos de trabalho e a oferta escassa de profissionais especializados também contribuiu para um aumento da folha de pagamento real de 5,41% na indústria geral, também o maior índice do histórico do  IBGE, observa Denise Cordovil, economista da coordenação de indústria do órgão. Incrementos importantes foram observados no Paraná (3,5%) e

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