“Violência doméstica é crime, mas ofender a mulher com palavras e impedir que ela trabalhe também deve ser considerado como tal”. Assim a socióloga Lícia Perez abriu o Seminário “Semana da Mulher - Força Sindical-RS”, promovido pela Central, que teve como tema “O papel da mulher trabalhadora na atualidade”, na terça-feira, 9 de março.
A mulher tem que se valorizar internamente e se fazer respeitar. Para Lícia, a mulher ter seu próprio dinheiro é uma condição indispensável para a vida. E lamentou que, mesmo tendo escolaridade mais alta, os salários da categoria feminina são menores.
A socióloga abordou também a questão do aborto, relatando que o número de operações é enorme e que não há como fazer com segurança pelo SUS. “Uma imposição religiosa não pode ser tão rigorosa”, afirmou.
A diretora do Sindicato dos Calçados de Picada Café, Elvira Graebin, destacou o papel da mulher dentro do sindicalismo e das lutas por melhores condições de trabalho e vida. “Ainda tenho muito a aprender, estou iniciando o caminho dentro desta luta maravilhosa e prazerosa. A mulher deixou de ser o sexo frágil dentro de casa e passou a ser a protagonista”, destacou.
Jussara Cony, que dirige uma instituição onde 78% dos funcionários são do sexo feminino, abordou a exploração no trabalho: a dupla jornada, a desigualdade salarial e o assédio moral e sexual. Para a ex-deputada, a extensão da licença maternidade é um investimento na saúde da mulher, e não um custo.
“Nós queremos poder para construir. Há muito a desenvolver no mundo do trabalho e o silêncio da mulher na classe trabalhadora é muito maior, se não tiverem independência econômica ficam à mercê dos homens que as oprimem”, declarou.
O presidente da Central, Clàudio Janta, também secretário geral do Sindec, lembrou que mais de 50% dos funcionários do Sindicato são mulheres. “São das mães que os filhos cobram que estão com fome, e não dos pais, por isso acreditamos na força das mulheres”, afirmou.
Janta disse que são necessários mais encontros como esse para fazer os homens pensarem, acabar com o machismo e com a falta de informação.
O evento segue até sexta-feira, 12, às 18 horas, e sábado, 13, das 9h às 12h, na sede da Central (Av. Cristóvão Colombo, 203), terminando no domingo, no Brique da Redenção, com apresentações artísticas.
Programação Seminário
Quarta-feira, 10/3
18h: Mulher e mercado de trabalho
Palestrantes – dirigente do PDT Miguelina Vacchio, presidente da Federação das Mulheres Gaúchas, Mari Perusso, e primeira-dama Isabela Fogaça
Quinta-feira, 11/3
18h: Violência da mulher
Palestrantes – presidente da Força Comunitária, Laura Machado, e delegada Tatiana Bastos, da Delegacia da Mulher de Porto Alegre
Sexta-feira, 12/3
18h: Qualificação profissional e políticas públicas
Palestrantes – Beth Costa, do Sindinapi, juíza Madgeli Frantz e deputado Pompeo de Matos
Sábado, 13/3
Saúde e beleza (sede - 9h às 12h) – palestras sobre saúde bucal, planejamento familiar e fonoaudiologia
Domingo, 14/3
Atividades artísticas (Brique da Redenção - 11h às 12h30)
Recital de poesias com a atriz Sillvia Duarte, música com Alemão Charles e Glaus, e apresentação de esquete teatral com o Grupo Caixa Preta.