Modelo garante conquistas; Para Neco, sindicatos garantiram direitos aos trabalhadores na crise
Jousi Quevedo

Em entrevista ao Jornal Nacional da Força Sindical, o presidente do Sindec e também secretário de Relações Internacionais da central avalia o movimento sindical.

Em entrevista ao Jornal Nacional da Força Sindical, o presidente do Sindec e também secretário de Relações Internacionais da central avalia o movimento sindical.

*Jornal da Força Sindical **— Para os trabalhadores, é importante o movimento sindical brasileiro participar de entidades internacionais, como a Confederação Sindical Internacional (CSI),a IndustriALL e a Organização Internacional do Trabalho (OIT)?*

Nilton Souza da Silva (Neco)****– Hoje é muito importante para enfrentaros desafios impostos pela globalização,que provoca impactos negativos sobre omundo do trabalho, especialmente os salários e os direitos dos trabalhadores. Paraenfrentar esta situação, o movimento sindicalprecisa estar unido na luta. Na OIT, as Centrais Sindicais podem pressionar pela adoção do trabalho decente e do piso de proteção social, além de outras bandeiras dos trabalhadores. A participação do movimento sindical na instituição produziu a Convenção que trata de melhorias das condições de trabalho de 53 milhões de trabalhadoras domésticas no mundo.

  • Força **– O que o sindicalismo brasileiro espera da administração de Guy Rider, o primeiro dirigente sindical de trabalhadoresa ser diretor geral da OIT?*

Neco– Esperamos que Guy Rider tome medidas para reduzir ao máximo a burocracia interna da OIT. Por outro lado, queremos que ele fique ao lado dos trabalhadores para impedir que alguns governos e empresários acabem com o poder normativo da instituição, o que os desobrigaria de cumprir as Convenções aprovadas.

  • Força **– A criação da IndustriALL Global Union, federação internacional de trabalhadores resultante da fusão das categorias dos metalúrgicos, químicos e têxteis, é uma tendência no Mundo?*

Neco– Sim, e tem por objetivo unificar a luta do movimento sindical mundial** diante da ofensiva do capitalismo de jogar as crises sobre os ombros dos trabalhadores. Os Sindicatos da área de serviços, como bancários e comerciários, se uniram em torno da UNI Sindicato Global (Union Network International). Da fusão da Ciosl (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres) com a CMT (Confederação Mundial do Trabalho) surgiu a CSI.

*Força **– Quais são os desafios que a globalização internacional e a crise financeira mundial impõem às organizações dos trabalhadores no Mundo?*

Neco– O primeiro desafio é que o movimento sindical mundial precisa superar a barreira das ideologias para atuar conjuntamente em torno dos interesses dos trabalhadores. Os movimentos precisam deixar suas concepções políticas de lado para, unidos, enfrentar a crise financeira internacional,que vem aumentando o desemprego e a miséria no Mundo. O exemplo a ser seguido é o do Brasil, onde as Centrais Sindicais apresentaram propostas unitárias para blindar o País da crise. O resultado é que foram mantidos o crescimento econômico, o nível de emprego e o consumo popular.

*Força **– Como fortalecer o movimento sindical latino-americano para que seja um dos protagonistas na luta pelo desenvolvimento de seus países?*

Neco– Somente com unidade de todas as correntes sindicais poderemos influir decisivamente no desenvolvimento nacional. Como ocorreu no Brasil, onde a unidade resultou na aprovação de uma lei que recupera o poder de compra do salário mínimo e o veto à Emenda 3, que pretendia flexibilizar as leis trabalhistas. Na América Latina, esta unidade também é possível desde que a CSA (Confederação Sindical das Américas) vença a barreira das ideologias e aposte na luta pelas bandeiras que unificam a luta dos trabalhadores latino-americanos, entre as quais a proposta de combate à crise com crescimento econômico, emprego e aumento de salários.

  • Força **– Como países latino-americanos podem ter Sindicatos fortes? O modelo sindical brasileiro, baseado na unicidade e na contribuição sindical, pode servir de exemplo?*

** Neco**– O movimento sindical peruano vai promover um seminário em outubro para debater este tema, e convidou representantes do sindicalismo brasileiro. Faremos um relato sobre a nossa experiência no enfrentamento da crise internacional, especialmente a unidade das Centrais Sindicais e as propostas unitárias negociadas com o governo. Vamos falar sobre o modelo de organização e o financiamento da estrutura sindical. Além da unidade, Sindicatos livres e autônomos são fundamentais para a manutenção e a conquista de direitos. Para os Sindicatos serem livres diante dos patrões e do Estado, precisam ser financiados de forma compulsória pelos trabalhadores. Conhecemos países nos quais as contribuições são opcionais e o movimento sindical é fraco. A organização sindical brasileira deve servir de exemplo para a América Latina e para o Mundo.

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