Movimento social e Prefeitura mobilizados para o Fórum Social Temático em Porto Alegre
Jousi Quevedo

O tema “Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável” em 2013 é um indicativo de que o debate do evento desse ano (“Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”) e as questões levantadas na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) devem prosseguir nesta edição.

O auditório João Neves da Fontoura da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul foi palco de encontro que reuniu lideranças do movimento social brasileiro que organizam o Fórum Social Temático 2013, que terá lugar em Porto Alegre, entre os dias 26 e 30 de janeiro próximo.

Do Sindec/Porto Alegre, Jefferson Tiego integrou os debates do FST 2013. Na última edição do fórum temático, Tiego coordenou o Acampamento da Juventude. O sindicalista é secretário da Juventude da Força Sindical.

O tema “Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável” é um indicativo de que o debate do evento desse ano (“Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”) e as questões levantadas na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) devem prosseguir na edição que antecede a realização do Fórum Social Mundial, marcada ocorrer entre 23 e 28 de março de 2013, em Tunis, capital da Tunísia.

Principal protagonista do movimento social, o sindicalismo demonstrou o quanto eventos desse porte são importantes para os trabalhadores, a ponto de as três centrais sindicais representadas enviarem representantes nacionais para prestigiar o ato.

Ruth Coelho Monteiro, secretária nacional de Cidadania e Direitos Humanos, e Arnaldo Gonçalves, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), participaram em nome da Força Sindical; Cícero Pereira da Silva, secretário nacional de Integração para as Américas, e Mauro Silva, secretário nacional de Direitos Humanos – ambos da União Geral dos Trabalhadores (UGT) – se somaram a Sônia Zerino, secretária nacional de Assuntos da Mulher e da Juventude, vinda de Brasília para representar a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), juntamente com o presidente estadual da Central, Valter Souza.

LABORATÓRIO DEMOCRÁTICO - Representante do prefeito José Fortunati, o secretário de Governança Local da prefeitura, Cezar Busatto, demonstrou sua tese de que Porto tem sido, nos últimos 30 anos, “um laboratório de inovações democráticas”, desde a força que as associações de moradores tiveram no passado, como base do Orçamento Participativo (OP), passando pela iniciativa do Fórum Social Mundial (FSM) – “outra novidade genuína da Capital” – até chegar à concepção de Governança Solidária Local (que procura incorporar os segmentos sociais em redes de sustentabilidade numa visão plural) e a utilização das plataformas colaborativas da internet para o lançamento “portoalegre.cc” – uma plataforma aberta à apresentação de causas pelos cidadãos, “em busca de uma democracia mais verdadeira”, enfatizou Busatto.

Para ele, esse conceito vai além do voto e da disputa pelo poder, mas atua na base e incentiva a prática da mobilização social a partir de suas relações cotidianas, em uma condições na qual a população não fica à espera da ação dos políticos eleitos, mas que vislumbra o protagonismo dentro da visão democrática. O secretário afirmou que movimentos de repercussão mundial, como a Primavera Árabe – que mobilizou o Oriente Médio e resultou na derrubada de ditadores – contém o DNA do Fórum Social Mundial, visto que os líderes desses movimentos se inspiraram e viram o FSM como referência para ações revolucionárias.

Mauricio Broinizi Pereira é coordenador da secretaria executiva do Programa Cidades Sustentáveis, que é uma iniciativa da Rede Nossa São Paulo, Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis e o Instituto Ethos, coordenado por Oded Grajew, idealizador do FSM e Presidente Emérito do instituto, presidido por Jorge Abraão.  Ele dissertou sobre o dilema das cidades, em que habitam metade da humanidade e que sofrem com a dificuldade de manter o equilíbrio espacial, social e ambiental.

O programa procura sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma sustentável, do ponto de visto econômico social e ambiental. Os compromissos listados pelo Cidades Sustentáveis consideram a participação da comunidade local na tomada de decisões, a economia urbana preservando os recursos naturais, a equidade social, o correto ordenamento do território, a mobilidade urbana, o clima mundial e a conservação da biodiversidade.

DISCUSSÃO PERMANENTE - O debate que ganhou destaque na Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho passado – prossegue no Fórum Social Temático (2013), em Porto Alegre, com o lema “Democracia, Cidades e Desenvolvimento sustentável”, na opinião de Ruth Monteiro Coelho, secretária nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical, que representou a Central no evento, juntamente com Arnaldo Gonçalves, secretário-geral do Sindicato Nacional de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi).

A sindicalista observa que a discussão vem se aperfeiçoando e com o foco no encontro de soluções que valorizem o papel do cidadão, na participação social e no aprofundamento da questão da democracia participativa, “que é a forma de o cidadão interagir os governantes e começar a influir nos destinos das cidades”, comentou. Assim, acredita Ruth Monteiro, será possível “fazer acontecer as políticas públicas pelas quais lutamos, mas que requerem a participação para que se viabilizem”.

A secretária da Força manifestou sua concordância com a declaração do secretário de Governança Local da Prefeitura de Porto Alegre, Cézar Busatto, de que em movimentos revolucionários, com o a Primavera Árabe, há o DNA do Fórum Social Mundial (FSM). “Pessoas que acompanham o FSM são donas de qualidade, conhecimento e um comprometimento muitos grandes, o que é propiciado pelo formato de discussão aberta do evento – com livre troca de idéias –, o que acaba gerando e socializando propostas e soluções baseadas no saber técnico e científico de expoentes do mundo inteiro, que ajudam a formular outras visões de mundo, declarou.

Arnaldo Gonçalves, secretário-geral do Sindicato Nacional de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) reafirmou a preocupação da entidade com a continuidade da vida do trabalhador após a aposentadoria, fato justificado a partir da constatação de que o Brasil será um país de idosos em 2020. Ele defende a adoção de políticas voltadas para esse segmento da população brasileira. O término da atividade laboral – na visão do sindicalista – não representa o fim da vida. “O idoso não pode ser abandonado e sua vida deve estar cercada de atividade”, declara Gonçalves, que anunciou a realização de uma oficina no Fórum Social Temático (FST 2013) para dar luzes à questão.

PESQUISA - O Brasil é o primeiro país da América do Sul a participar do consórcio Estudo Longitudinal das Condições de Saúde e Bem-Estar da População Idosa, denominado ELSI BRASIL. A pesquisa pretende levantar condições de vida e de saúde dos idosos. Os demais países participantes são Estados Unidos e Canadá na América do Norte, 11 países europeus, além do Japão, Índia, China e Coréia do Sul, na Ásia.

Atualmente, existem no Brasil cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas da OMS apontam que de 1950 a 2025 a quantidade de idosos no País aumentará 15 vezes. Com isso, o Brasil ocupará o sexto lugar no total de idosos, alcançando, em 2025, aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade.

O Ministério da Saúde também desenvolve o projeto piloto Observatório Nacional do Idoso. O objetivo é o de garantir subsídios para a construção de uma linha de cuidado para a pessoa idosa articulada com as redes de atenção já existentes. A iniciativa é uma parceria entre o Ministério da Saúde, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, e a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (PR).

DIVERSIDADE - Dirigida pelo engenheiro civil Lélio Luzardi Falcão – coordenador do FST – o encontro atraiu lideranças de diferentes segmentos que formam os Grupos de Trabalho (GTs), com destaque para integrantes da Economia Solidária, Cultura, Mulher, Juventude, Trabalho, Negritude, Música, Movimento Holístico e Artístico, Saúde e o Forinho, voltado para o Mundo da Criança. A menos de três meses do acontecimento de caráter global, Falcão vê com otimismo a integração entre movimento social e a administração pública, cujo aporte foi fundamental para a realização do FST2012. Ele chama a atenção para o fato de o movimento social internacional ter apontado o FST2013 como momento de avaliação de questões levantadas na Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, no mês de junho.

A capacidade de autogestão do FST e a busca de soluções próprias para seu funcionamento foi ressaltada pelo comerciário Jeferson Tiego, secretário nacional de Juventude da Força Sindical, que lembrou a mudança de perfil do Acampamento Intercontinental da Juventude, a partir da instalação de nove tendas e a promoção de painéis e debates, um diferencial relativo à outras edições. Em 2012, o acampamento recebeu mais de três mil jovens, em sua maioria estudantes universitários, provenientes de diferentes estados brasileiros e de países sul-americanos.

Fonte: Força Sindical com informações do Sindec/Porto Alegre

Imagens: Renato Ilha

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