Força do Pensamento - Polícia comunitária humaniza o serviço policial; Desafio é apaziguar áreas mais violentas
Jousi Quevedo

Um dos objetivos do projeto é aproximar a população da polícia a ponto de dar sugestões e se relacionar, gerando uma relação de contribuição mútua, buscando um ambiente de paz.

A tarde de debates da Força do Pensamento sobre Segurança Pública abriu com a participação do Diretor de Ensino na Secretaria Estadual de Segurança , Coronel Julio Cesar Marobin. Ele tratou das experiências da Segurança Comunitária A mediação do debate foi do secretário de Juventude da Força Sindical, Jefferson Tiego.

O palestrante apresentou exemplos da polícia comunitária em atuação no Japão, Canadá e no Brasil. A polícia comunitária funciona com o policial inserido na comunidade em que trabalha. “Os programas em São Paulo, chamados Cobans, buscam reproduzir o sistema japonês”, disse. Em termos efetivos, no Brasil há o Rio Grande do Sul como um dos primeiros estados a fazer segurança comunitária anos atrás. “Aqui o modelo não foi copiado, a cidade foi dividida em várias áreas, com o policial cobrindo a mesma área de serviço. São os policiais de quarteirão, próximo aos moradores e particularidades do local”, explicou Marobin.

Porém a população cresceu, e a polícia não acompanhou este crescimento. “Chegou o momento em que o policial não mais conseguia fazer o trabalho na comunidade”, disse Marobin, ao explicar o afastamento dos policiais comunitários.

Segundo o coronel, a ideia é voltar a fazer este trabalho espelhado no modelo japonês no Estado, a cargo da Secretaria Estadual da Segurança. O projeto inicial já foi lançado em Caxias do Sul. “É um policiar militar morador, inserido na realidade da comunidade”, disse. Por sua vez, coube ao Estado os incentivos materiais, com viaturas e equipamentos. “Não é uma nova polícia, os recursos são da polícia local, para destinar ao projeto da polícia comunitária. Em Caxias, estamos em ampliação, para mais 10 núcleos, com a previsão total de 34 PMs comunitários. Daqui um ano queremos cobrir toda a cidade de Caxias do Sul com este modelo de atuação”, destacou.

Um dos objetivos do projeto é aproximar a população da polícia a ponto de dar sugestões e se relacionar, gerando uma relação de contribuição mútua, buscando um ambiente de paz. “Quando a pessoa reconhece o policial como de seu bairro, a pessoa passa a ser mais proativa e colaborativa. É um projeto inicial, sintetizando o que pensamos sobre a polícia comunitária: próxima das pessoas e conduzida pelo que é importante para a comunidade num sentido integrado e humano também”, explicou.

Debate com o público

Tiego questionou como estes policiais atuam em comunidades mais violentas. “O projeto piloto de Caxias houve uma capacitação que contou com líderes comunitários, tratando do papel de cada um no projeto”, afirmou o coronel. E completou: “Acreditamos que em bairros mais violentos, temos que avançar de maneira mais cuidadosa, mas é possível, pois no RS a polícia entra em todos os lugares”, disse. O diretor reconhece que nestes casos é necessário mais trabalho e preparação para o serviço.

João Pereira, do Sindec-POA, questionou sobre a unidade da Lomba do Pinheiro, que conta com uma estrutura similar à PM Comunitária. Ele também questionou sobre mais policiais nas escolas, em programas sociais. Segundo o diretor, na Lomba do Pinheiro atuam os policiais do Território da Paz. "Já na escola são policiais inativos, capacitados, mas aposentados. Então a ideia é que eles auxiliem em projetos. Só que pelo valor são poucos os interessados em voltar ao trabalho", disse o coronel. "Mas com o aumento, possivelmente mais pessoas se interessem em trabalhar nas escolas", disse.

Texto: Josemari Quevedo

Imagens: Cintia Rodrigues

Realização: Instituto Girassol

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