Em assembléia, comerciários aprovam proposta de reajuste com ganho real
Régis Araújo

Uma proposta que reajusta os salários com um ganho médio de 1,85% além do INPC foi aprovada pelos Comerciários de Porto Alegre, em assembléia geral realizada na noite de ontem (16/12), no auditório da sede central do Sindec. Frente ao índice inflacionário de 4,18% (INPC), o salário dos empregados dos segmentos do comércio geral (lojista e gêneros alimentícios) e comércio de veículos e peças tiveram um reajuste de 5,22%,  1% de aumento real, ou seja ganho além da inflação.

O maior índice de reajustamento incidiu sobre os salários dos trabalhadores das cooperativas de consumo, cujo aumento ficou em 2,80% além da inflação, com 7,10% de reajuste. Proporcionalmente a inflação, os índices foram superiores aos conquistados em 2008, como ficou demonstrado pela economista do Dieese, Daniela Sandi, ao apresentar um comparativo em que no setor varejista em geral em 2009, o ganho de 1% além do INPC representa 24% da inflação, enquanto que os 1% além da inflação conquistados em 2008 (INPC 2008 de 7,26% e reajuste de 8,33%), equivale a uma fatia menor do índice, ou seja,  14% da inflação. A proporção cresce mais ao ser levado em conta o segmento de concessionárias e distribuidoras de veículos, no qual o ganho real em 2009 foi de 2,23%, representando 21% do total do INPC (4,18%) reajuste de 6,50%, frente aos 1,5% de ganho real em 2008, o que correspondia a 21% do INPC em 2008, que foi 7,26%, perfazendo um reajuste total de 8,87%.

COMPARATIVO - Analisando os percentuais conquistados pelos Comerciários da capital sobre os resultados obtidos pelos sindicatos do comércio do interior do Estado, a distância ainda é maior. A média de ganhos situou-se em 0,96%, a metade da média obtida pelo Sindec (1,85%). Também na comparação com outras categorias, entre os quais, os Rodoviários, Mobiliário, Professores da rede privada, Saúde, Gráficos, Químicos, Alimentação, Metalúrgicos, Jornalistas e Bancários a média cai para uma terça parte do índice do Sindec, com 0,62% de aumento real.

Para Nilton Neco, presidente do Sindec, o resultado foi compreendido como positivo pelos trabalhadores da assembléia geral, pois representam a progressividade com que os salários vem sendo valorizados. A afirmação do sindicalista se baseia na relação entre o INPC e os reajustes, nos últimos quatro anos, num acumulado de 20,26% de inflação contra 25,66% de reajustamento salarial e 4,49 de ganho acima da inflação. “Apesar das dificuldades encontradas na negociação e frente aos argumentos patronais que se escudavam na crise, o Sindec fez valer a força dos 105 mil comerciários e assegurou ganho no nível das principais categorias do País”, afirmou Nilton Neco. Também Cláudio Janta, secretário-geral do Sindec e presidente da Força Sindical-RS, destacou o papel do sindicato na defesa do poder aquisitivo da classe. Conforme disse, “a convenção coletiva dos Comerciários de Porto Alegre consegue aumentar o poder de compra dos salários e ainda acrescentar cláusulas sociais importantes, como a do Trabalho Decente, o fracionamento das férias, as ações conjuntas dos sindicatos acordantes e a interrupção das atividades por motivo de força maior”.

Voltar pro topo