Enquanto isso, o crime tenta demonstrar uma supremacia forjada através do medo, da impunidade, da sensação de desesperança do cidadão e do constrangedor engessamento do Estado.
No dia 18 de novembro aprovamos na Câmara Municipal a moção em apoio ao prefeito José Fortunati pelo pedido de reforços da Força Nacional de Segurança no combate ao crime em Porto Alegre. O apelo, feito em setembro, não foi reação exagerada a um evento pontual.
Naqueles dias, bairros estavam em estado de sítio, como resposta pelo assassinato de um jovem no Morro da TV. A represália veio com fogo em ônibus e lotações, toque de recolher e suspensão da circulação de linhas. O clima de terror se alastrou, com a recorrência de outras ações criminosas pela cidade, como arrastões e assaltos à mão armada.
Meses antes, o crime afrontou o último símbolo de paz e refúgio da vida, quando vimos a UPA da Cruzeiro ser invadida a tiros. Foi palco de carnificina e completo terror entre os funcionários - que, assim como a população, confrontam uma realidade de sair para o trabalho sem saber o que lhes espera, além do esgotamento psicológico para lidar com a situação diariamente.
Ontem, anoitecemos com o terror instalado, principalmente entre os moradores da zona Sul, refugiados em suas casas. Nesta quarta-feira, amanhecemos com a atmosfera de violência amplificada pela indiferença com que a situação já havia sido tratada anteriormente.
A falta de ação alimenta, entre os cidadãos, o medo e a descrença. Para os bandidos, é um sinal verde. E agora, vamos ser meros espectadores da barbárie, ou teremos providências desta vez?
Clàudio Janta
Secretário-geral do Sindec-POA
Presidente Licenciado da Força Sindical-RS
Vereador de Porto Alegre