Lojistas gaúchos investem para ampliar as vendas no Liquida Tchê
Régis Araújo

Mesmo com a atual crise econômica, a expectativa é de que haja um crescimento nas vendas em relação ao ano passado. A campanha, promovida pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), tem o objetivo de aquecer o comércio em fevereiro, considerado um dos piores meses em vendas pelos lojistas.

O Rio Grande do Sul receberá mais uma edição do Liquida Tchê, reunindo megapromoções em mais de 246 cidades do Estado. De 4 a 20 de fevereiro, diversas lojas deverão baixar seu preços e proporcionar aos consumidores ofertas em produtos de todos os segmentos, movimentando a economia gaúcha. Mesmo com a atual crise econômica, a expectativa é de que haja um crescimento nas vendas em relação ao ano passado.

A campanha, promovida pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), tem o objetivo de aquecer o comércio em fevereiro, considerado um dos piores meses em vendas pelos lojistas. O presidente da federação, Vitor Koch, afirma que o Liquida Tchê é a grande arma do comércio gaúcho no verão, já superando as expectativas de adesão. A organização planeja, para este ano, um forte plano de mídia e uma atrativa decoração nos pontos-de-venda.

O vice-presidente da Rainha das Noivas, Rafael Wainberg, afirma que a liquidação tem uma aceitação muito boa por parte dos comerciantes, por atrair consumidores em uma época do ano em que as lojas menos vendem. "Fevereiro é um mês complicado, pois tem o Carnaval e a volta às aulas", ressalta. No entanto, a campanha não tem pretensões de alavancar o comércio a níveis acima do normal. "O Liquida Tchê apenas faz a manutenção das vendas em relação aos outros meses do ano", pondera.

Além de aquecer o comércio em fevereiro, a iniciativa da FCDL dá à população a oportunidade de encontrar promoções ainda no meio da estação. "Acredito que acaba mobilizando toda a opinião pública, em um movimento que faz com que as pessoas sejam estimuladas em conjunto a aproveitar as liquidações em todos os segmentos do varejo", diz Jorge Strassburger, diretor da rede Paquetá.

Para o gerente de marketing da CR Diementz, Paulo Ivanir Oliveira, a vantagem da campanha é que ela ocorre em todo o Estado, permitindo que os consumidores não precisem se deslocar de suas cidades para aproveitar as liquidações nos grandes centros. "Além disso, os benefícios dos tributos gerados por estas promoções ficam nas comunidades", lembra.

A maior preocupação dos comerciantes é em relação aos efeitos da atual crise que afeta a economia mundial. De acordo com Wainberg, da Rainha das Noivas, é necessário estar preparado, pois a crise trouxe demissões e desemprego. "Ela pode prejudicar as vendas, principalmente em nossas lojas, que têm foco em moda casa, que não é um bem prioritário", declara. Mesmo assim a rede, que tem 34 lojas no Estado, espera um crescimento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado.

O clima geral encontrado entre os lojistas é de que não se pode ficar pensando nos efeitos da crise. "Temos que acreditar no entusiasmo da população e no trabalho do governo em estimular o comércio interno", observa Strassburger, da Paquetá. Segundo ele, a rede está preparada para enfrentar uma eventual recessão no comércio varejista. "Se a economia não crescer, vamos aproveitar e aumentar nossa fatia no mercado, ganhando da concorrência", garante. As 80 lojas que fazem parte da rede Paquetá esperam um incremento entre 8% e 10% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. A CR Diementz, presente em 48 municípios gaúchos com 53 lojas, também tem expectativa de crescimento em suas vendas, mesmo à sombra de uma recessão na economia. "Ainda não sentimos os efeitos da crise e acreditamos que nem vamos sentir", prevê Oliveira.

Faltando pouco mais de duas semanas para o início do Liquida Tchê, os lojistas já começaram a se preparar para a liquidação, e prometem muitas ofertas aos consumidores. Serão promoções em eletrônicos, eletrodomésticos, moda casa, roupas e acessórios, informática e nos mais variados segmentos. A Paquetá adianta que suas lojas deverão oferecer descontos de até 50% a seus clientes. "Será uma ótima oportunidade de comprar produtos de qualidade com preços muito acessíveis", afirma.

A rede CR Diementz aposta na diversidade de promoções e deve apresentar preços muito baixos, com pagamento facilitado em até 24 vezes sem entrada. A Rainha das Noivas preferiu ainda não revelar suas ofertas. Números do comércio caem e reforçam a necessidade de juros menores

A crise internacional fez com que as vendas do comércio varejista de novembro caíssem 0,7% em relação a outubro, com queda expressiva em cinco das sete atividades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a novembro de 2007, houve um aumento de 5,1% nas vendas, mas mesmo assim, representa a menor expansão apurada ante igual mês de ano anterior desde julho de 2005 e, também, a menor para um mês de novembro desde 2004. "As atividades mais sensíveis ao crédito foram as mais atingidas", explicou o técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Nilo Lopes.

As vendas do varejo acumularam alta de 9,8% de janeiro a novembro de 2008. O IBGE reviu também o resultado das vendas do comércio varejista em outubro ante setembro de 2008, de queda de 0,3% apresentada anteriormente para queda de 0,9%. A desaceleração das vendas foi vista por economistas como mais um sinal da necessidade de o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), reduzir os juros básicos nas reuniões de amanhã e quarta-feira.

"A inflação está bem comportada, influenciada pela recessão mundial, como mostram os resultados de deflação de vários indicadores, como a queda apurada pelo IGP-10 de janeiro, a menor marca dos últimos 15 anos", reforçou o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, para quem o BC deveria realizar um corte vigoroso nos juros.

As vendas foram ainda piores quando se acrescenta à conta veículos, motos, peças e material de construção. Por essa avaliação, as vendas em novembro caíram 3,4% em relação a outubro e 4,1% em comparação a novembro de 2007. O dado oficial do comércio varejista exclui essas duas atividades de veículos e construção, que são calculadas em um indicador à parte, denominado comércio varejista ampliado. Nesse indicador, as vendas de veículos e motos, partes e peças caíram 7% em novembro ante outubro e recuaram 20,3% em novembro ante novembro de 2007.

Avaliando apenas os dados oficiais, comparando os meses de outubro e novembro em relação aos mesmos meses de 2007, Lopes disse que os piores resultados foram apresentados nos segmentos de equipamentos para escritório e informática (42,8% em outubro para 20,8% em novembro), móveis e eletrodomésticos (15,7% para 4,5%), combustíveis e lubrificantes (10,9% para 5,5%) e outros artigos pessoais e de uso doméstico (inclui lojas de departamento e passou de variação de 12,1% para 6,5%). "Todas essas atividades vinham crescendo especialmente por causa da atividade do crédito e foram muito afetadas", disse Lopes.

A atividade de tecidos, vestuário e calçados registrou queda de 8,7% nas vendas em novembro e, segundo Lopes, é a primeira vez que uma atividade pesquisada mostra queda nas vendas, na comparação anual, desde dezembro de 2006.

Fonte: Jornal do Comércio

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