Costa Rica aprova Tratado de Livre Comércio
Régis Araújo

A Costa Rica aprovou no domingo, por meio de um referendo, o Tratado de Livre Comércio da América Central com os Estados Unidos, que dividiu o país entre os que pensam que a nação será invadida por produtos subsidiados e os que crêem que o tratado impulsionará a economia.

A Costa Rica aprovou no domingo, por meio de um referendo, o Tratado de Livre Comércio da América Central com os Estados Unidos, que dividiu o país entre os que pensam que a nação será invadida por produtos subsidiados e os que crêem que o tratado impulsionará a economia.

Resultados preliminares apontam 787.147 votos (50.79%) favoráveis e 738.949 votos (47.68%) contrários ao tratado. O presidente do Sindec e secretário de Relações Internacionais da Força Sindical, Nilton Neco, presente no referendo, acredita que o povo costarriquenho deu uma grande demonstração de cidadania. "Mostraram que as decisões que afetam a sociedade devem ser tomadas pelo voto", afirmou.

Segundo ele, com a previsão de vitória do NÃO, o governo da Costa Rica "jogou sujo, comprando a mídia com propagandas massivas de que votar no não seria uma ameça ao retrocesso, uma volta ao comunismo e a um passado de pobreza".

Nilton Neco e Vitor Baez, Secretário da Orit (foto), foram à Costa Rica representando os trabalhadores brasileiros como observadores do referendo. Eles foram recebidos por Sérgio (ao centro), secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores da Costa Rica (CTRN).

O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, comemorou nesta segunda-feira a vitória do SIM à ratificação do Tratado de Livre-Comércio (TLC) com os Estados Unidos, e pediu aos opositores que respeitem o resultado das urnas. Mas conforme Neco a luta foi injusta, com o uso da máquina do governo. "A sociedade civil organizou uma campanha do NÃO ao tratado, está denunciando as arbitrariedades do governo e não reconhece o resultado."

A Costa Rica é o único país dos que assinaram o acordo que não havia ratificado o tratado, que entrou em vigor há um ano e foi aprovado pelos Congressos dos Estados Unidos, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e República Dominicana.

Mais de 2,6 milhões de eleitores estavam registrados para comparecer às urnas no domingo e decidir se a Costa Rica iria aderir ao Tratado de Livre Comércio (TLC), em um histórico referendo que segundo as últimas pesquisas seria vencido pelo "NÃO". Uma pesquisa da empresa Univer, para o jornal La Nación, publicada na quarta-feira, apontou 55% para o "Não", contra 43% para o "Sim".

O TLC com os Estados Unidos foi defendido principalmente pelo governo de Oscar Arias (que pessoalmente assumiu a liderança da campanha), os partidos de direita e os setores organizados em diferentes câmaras e associações empresariais.

Já contra o tratado se encontra uma ampla aliança de forças sociais e políticas que inclui sindicatos do setor público, sindicatos de camponeses, universidades, grupos ecológicos e setores da Igreja Católica, entre outros. A aliança afirma que o tratado afetaria a segurança social da Costa Rica, provocaria a privatização das telecomunicações e da área de seguros, além de comprometer a soberania nacional.

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