Confira como ficará o mercado de veículos com a volta do IPI
Régis Araújo

Termina nesta quarta-feira o período concedido pelo governo federal para a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado de veículos automotores.

Termina nesta quarta-feira o período concedido pelo governo federal para a isenção ou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado de veículos automotores. E com o fim do prazo a expectativa é a de que o setor automotivo tome medidas para atenuar o impacto da volta do imposto sobre os preços dos carros para o consumidor.

Até dezembro de 2008, carros com motor 1.0 l pagavam 7% de IPI e tiveram a alíquota zerada, assim como no caso dos caminhões. Carros com motores acima de 1.0 l e até 2.0 l tiveram a taxação reduzida pela metade e comerciais leves passaram de 8% para 1%.

O objetivo da medida do governo foi combater a paralisia nas vendas de veículos trazida pela crise econômica mundial, que teve seu momento mais agudo nos últimos três meses do ano passado. A partir desta quinta-feira, dia 1º de outubro, o IPI volta a ser cobrado progressivamente até que retome, em janeiro de 2010, as alíquotas integrais, cobradas antes de dezembro de 2008.

De acordo com Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os fabricantes e os revendedores deverão criar estratégias para não perder volume de vendas neste fim de ano com a volta do imposto no custo dos carros.

Fonte: Terra

"Fim de ano é época de vender mais e o impacto negativo do IPI sobre os preços deverá ser compensado com políticas de juros mais baixos e prazos mais extensos dentro da cadeia automotiva", afirmou o economista.

O período de nove meses em que o IPI permaneceu reduzido foi muito bom para a indústria automotiva. Mesmo em meio à crise, as vendas bateram recordes em junho e julho e a expectativa é de produção acima de 3 milhões de unidades ao longo de todo este ano, uma marca histórica.

Para Oliveira, a partir de agora será preciso apelar muito para as pesquisas de preços, pois cada montadora e seus revendedores estarão atentos às mudanças de humor dos compradores por conta da volta do IPI, praticando preços muito diferentes de acordo com o pulso do mercado.

"Não há preços fixos e cada empresa fará sua política. Os valores podem subir ou descer em relação ao que se praticou na época da isenção do IPI. O importante agora é buscar os melhores preços com a calculadora na mão", disse.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) calcula que a cada ponto porcentual de IPI, o preço do carro mexerá para cima em 0,85%. Portanto, para um Volkswagen Novo Gol 1.0 l, que em dezembro de 2008 foi anunciado pela montadora a um preço de R$ 27.320, a partir desta quinta-feira, com 1% de IPI, deverá ter o preço elevado para R$ 27.688.

Segundo a instituição, a volta do imposto dentro de um cronograma de quatro meses é também um fator de atenuação do peso do IPI. Com o escalonamento, será possível aumentar progressivamente os valores de referência dos carros sem causar um impacto inicial muito forte. A ideia é que o consumidor vá se acostumando com os novos valores, além de ter também a possibilidade de ver o comércio absorver parte dos custos para não perder vendas.

As isenções e reduções de IPI para produtos da linha branca (fogões, geladeiras e tanquinhos) e da construção civil, determinadas no início deste ano pelo governo federal, continuam em vigor. A renúncia à cobrança do IPI para carros, linha branca e construção civil fará com que a União deixe de arrecadar mais de R$ 4 bilhões ao longo de 2009. Parte dessa "perda" está sendo compensada pelos aumentos de tributação sobre cigarros e bebidas efetuados neste ano.

Outras desonerações

A redução do IPI para a chamada linha branca, que inclui geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos, vai até 31 de outubro conforme cornograma do governo. No caso de fogões, a queda de IPI é de cinco pontos percentuai e para os demais produtos de dez pontos percentuais.

Já para os materiais de construção, a desoneração do imposto vai até o final do ano. Os cortes nos impostos destes produtos foi anunciado neste ano. Além disso, trigo, farinha e pão tiveram desoneração do PIS/Cofins prorrogada até o final de 2010.

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