Comércio tem melhor resultado desde 2001
Régis Araújo

As vendas do comércio varejista cresceram 9,6% no ano passado, o melhor resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2001. Todas as atividades pesquisadas registraram expansão, impulsionadas sobretudo pelo crédito, mas também pelo aumento da renda, do emprego e das importações.

As vendas do comércio varejista cresceram 9,6% no ano passado, o melhor resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2001. Todas as atividades pesquisadas registraram expansão, impulsionadas sobretudo pelo crédito, mas também pelo aumento da renda, do emprego e das importações. A expectativa de economistas é de que o bom desempenho do varejo prossiga em 2008.

O comércio paulista, com crescimento de 12,5% nas vendas em 2007, representou a principal influência regional de alta para o resultado nacional. Reinaldo Pereira, técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, disse que São Paulo representa cerca de 37% do varejo do País e respondeu por quase metade do crescimento na média das regiões.

No Rio Grande do Sul, o crescimento foi de 6,8%, abaixo da média nacional. Ele disse que o crescimento recorde do ano passado ? a série histórica da pesquisa teve início em 2001 ? "se deve à conjuntura econômica propícia para o varejo". Pereira citou como variáveis econômicas positivas para o setor a queda na taxa de juros (Selic), que segundo ele reduziu o custo do crédito; a estabilidade econômica, "que traz confiança para consumidores e empresários, alongando prazos de pagamento"; a valorização do real, que facilita importações, barateando os produtos, e, ainda, o aumento da massa

salarial.

A atividade de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem maior peso (cerca de 30%) na pesquisa, contribuiu sozinha com um terço (3,2 pontos percentuais) do crescimento das vendas totais do varejo em 2007. Mesmo com a contribuição determinante, esse segmento teve aumento de 6,4% nas vendas no ano passado, abaixo da média do varejo e também inferior ao crescimento apurado, nessa atividade, em 2006, quando chegou a 7,6%.

Pereira disse que o aumento nos preços dos produtos alimentícios no ano passado (10,79% no acumulado do ano, segundo o IPCA) pode ter impedido uma expansão maior nas vendas dessa atividade em 2007. As maiores expansões nas vendas, em segmentos que têm peso menor que os alimentos na pesquisa, ocorreram em equipamentos para escritório e informática (29,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (22,2%, inclui lojas de departamento) e móveis e eletrodomésticos (15,4%).

O consultor do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV, que reúne as maiores cadeias varejistas do País), Emerson Kapaz, avalia que houve três fatores principais a garantir o bom  desempenho do varejo no ano passado: aumento da massa salarial e da renda; expansão do crédito e dos prazos de financiamento, e a confiança dos consumidores.

Para Kapaz, esses fatores vão continuar impulsionando as vendas no setor em 2008. A expectativa do IDV é que, mesmo com a base tão elevada de 2007, o varejo alcance um aumento nas vendas entre 7,5% e 8,5% em 2008. "Não percebemos nenhuma mudança no horizonte, este ano tende a repetir bons

resultados", disse.

Pereira está igualmente otimista. "Temos de aguardar os resultados, mas a princípio não há nada que mude o comportamento favorável do comércio", disse. Ele acrescentou que "há um cenário de estabilidade, não há nada que revele que a conjuntura econômica vá mudar em 2008".

O chefe do departamento de economia da Confederação  Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, também acredita em bom desempenho do varejo este ano, mas estima uma expansão menor este ano, entre 6% e 6,5%, que considera uma variação excelente em cima da base elevada de 2007.

Para o economista da CNC, o primeiro semestre será muito bom, já que o crédito deverá prosseguir farto e impulsionando o crescimento. Na segunda metade do ano, segundo ele, tudo dependerá especialmente das decisões do Banco Central em relação à taxa básica de juros (Selic) e seus efeitos sobre o crédito.

Já Alexandre Andrade, analista da Tendências Consultoria, avalia que "os primeiros indicadores de atividade referentes ao início de 2008 apontam para a manutenção da atual trajetória de expansão da demanda interna e, em particular, das vendas do comércio varejista".

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