Com o fim do imposto do cheque, o consumidor está usando mais o talão para fazer compras. Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, com base nos Serviços de Proteção ao Crédito estadual, mostra que o uso de cheques como pagamento aumentou de 17% para 19% na comparação entre janeiro do ano passado e este mês.
Por outro lado, as compras com cartão de crédito ou débito caíram dois pontos percentuais, enquanto as demais formas de pagamento permaneceram nas mesmas proporções. "Há uma tendência de mudança de comportamento", avalia o presidente Vilson Noer, salientando que a recuperação dos cheques só vai se confirmar ou não ao longo do ano.
Movimento semelhante foi constatado pela Associação Comercial de São Paulo, segundo a qual as consultas ao serviço cadastral de cheques aumentou 8,8% em janeiro (comparado a janeiro de 2007), enquanto as consultas ao cadastro de crédito cresceram 6,9%. Para o presidente da associação, Alencar Burti, o fim da Cobrança Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) foi decisivo para a mudança dos consumidores, assim como a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos financiamentos, determinado pelo governo federal no início do ano.
Medida do governo elevou o custo da utilização de cartões
A cobrança de IOF nos financiamentos significa que, quando o consumidor refinanciar a fatura do cartão de crédito, pagando o mínimo ou parte do débito, terá de arcar com o imposto de 0,38%, mas 0,0082% ao dia, além dos juros da administradora. A Associação Brasileira de Empresas de cartão de Crédito e Serviços considera muito cedo para avaliar o impacto das medidas do governo sobre o uso deste meio de pagamento.
Até dezembro, o número de cartões de crédito em circulação no Brasil vinha aumentando mês a mês. No mês passado, eram 436 milhões de cartões em uso ? contra 386 milhões em igual período de 2007. A emissão de cheques, por sua vez, vinha caindo nos últimos cinco anos, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos. O dado preliminar de 2007 é de 1,5 bilhão de cheques, ou 200 milhões a menos do que no ano anterior. Ainda não há números da entidade relativos a 2008, quando caiu a CPMF.