Força do Pensamento 3 - Painel 1 do ciclo de debates discute desenvolvimento regional e água
Jousi Quevedo

Três painelistas palestraram na abertura do evento.

O ciclo de debates da Força do Pensamento teve sua terceira edição nesta sexta-feira, na sede da Força Sindical-RS, com casa cheia. O tema dos debates foram sobre o Meio Ambiente: Terra, Fogo, Água e Ar.

O presidente da Força Sindical-RS, Clàudio Janta, fez a saudação de abertura e destacou o mote do Força do Pensamento, com o objetivo de ampliar os conhecimentos e discussões para a classe trabalhadora. Ele agradeceu a todos os participantes.

"Agradecer pela participação hoje, principalmente os painelistas que com certeza vão esclarecer dúvidas. Iniciamos o Força do Pensamento discutindo a cultura e estamos desenvolvendo com recursos próprios eventos em que estamos levando shows e peças de teatro aos trabalhadores. Estaremos semana que vem em Santa Maria levando entretenimento", disse, e relatou o último ciclo.

"No Força do Pensamento 2 discutimos desenvolvimento regional, fazendo o debate sobre o interior do Estado. Outra questão agora é o meio ambiente e quem mais se prejudica com os problemas relacionados é a população. Vimos o desastre que aconteceu no Japão e quem mais está sofrendo é a classe menos favorecida. Temos projetos no Congresso Nacional que tira a parte do desenvolvimento, acreditamos que tem que se pensar no trabalho sustentável. E também questionar a entrega do subsolo e água para empresas tomar conta. Hoje algumas ainda estão na mão do povo, do governo e queremos manter os recursos naturais públicos e de todos. Agradecemos a participação dos estudantes e dos sindicatos", disse Janta.

O primeiro painel de debates, da Água, teve mediação do presidente da Força Verde, Lélio Falcão, e contou com a apresentação do filme Ilha das Flores, clássico que mostra a questão econômica do lixo e do meio ambiente em conhecida Ilha de Porto Alegre. O filme é dirigido pelo gaúcho Jorge Furtado.

José Antônio Adamoli, representante do vice-governador, fez sua palestra sobre o programa de combate às desigualdades regionais e informou que na interiorização do governo em Livramento está sendo constituído um gabinete do governo federal para tratar dos problemas da Fronteira. Dentre as metas do projeto do governo, Adamoli informou que o desenvolvimento regional foi dimensionado a partir do  aproveitamento dos recursos e potencialidades regionais. O tema central dos planos de governo era fortalecer a Metade Sul do Estado e a Fronteira. O planejamento de governo para o desenvolvimento regional se dá a partir dos Coredes, segundo Adamoli. Ainda disse que o governo não conseguiu ainda implementar o fundo de desenvolvimento regional, mas a Lei que cria o Fundopem prevê retorno para o fundo regional. "A ideia é que esse fundo pudesse fazer com que regiões deprimidas tivesse acesso à crédito a juros menores", disse. O representante do vice-governador afirmou que o governo está comprometimento em garantir que os recursos naturais sejam deixados no mínimo em iguais condições nas quais recebemos. "Precisamos ter essa consciência de cidadania, de sujeitos da história".

E completou: "Se houvesse desenvolvimento distribuído o impacto ambiental seria muito menor", ressaltando que por crescimento devemos ter em conta que se dê de forma harmônica e sustentável.

Já Julio Quadros, representante do presidente Corsan, fez uma retrospectiva histórica do saneamento no país. Nos anos 1960, foi constituída a Corsan e nos 1970 surgiu o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), com o intuito de universalizar a distribuição de água potável nas casas. Em 1970/1985, o país passou de 50% para 97% sua capacidade de distribuição a domicílio de água. A escassez de investimentos no setor teve queda brusca entre 1985/2007.

"Não foi por acaso, porque quem financiava o setor, o governo federal, reduziu o orçamento drasticamente como um todo e no período careceu de planejamento e políticas públicas". Mas é em 2007/2010 que os recursos do setor crescem de R$1,5 bi ao ano para R$4,5 bilhões/ano. Além disso, no PAC reapareceram recursos financiados para o saneamento. "A então ministra Dilma Rousseff é uma das figuras importantes desse período. É exigido, então, planejamento municipal com planos para que possam captar recurssos estaduais e federais, sendo introduzido o controle social pela sistemática das audiências públicas", contou Quadros.

Em números hoje, o abastecimento de água atinge 70% da população, com 98% de cobertura no RS, com a Corsan atualmente contando com 5 mil funcionários. Quadros fez uma defesa da Corsan como empresa pública, com seu caráter democrático e solidário. "As companhias públicas têm problemas? Têm. Mas com governos que voltaram a investir e com planejamento a longo prazo é muito mais adequado que se mantenham públicas do que fornecer o condão das empresas ao setor privado", disse. A Corsan tem 280 concessões de água no RS.

Arthur Luz da Veiga, representando a UEE, foi o terceiro palestrante, trazendo à mesa de debates o olhar da juventude e dos estudantes sobre o meio ambiente e os problemas sociais envolvidos. Veiga indicou o filme com o democrata americano Al Gore chamado "Uma Verdade Nada Conveniente". "Outro ponto que União Estadual dos Estudantes defende é a questão da Amazônia, rica e com muita biodiversidade. Acreditamos que o país é capaz de cuidar de sua natureza a partir de investimentos em Educação", disse. Esses são temas que interessam ao movimento estudantil. O jovem ainda comentou a necessidade de manter os trabalhadores estudando também. Arthur elogiou a palestra do representante da Corsan, destacando a água com um dos maiores recursos naturais do mundo.

Na participação do público, o assessor econômico da Força Sindical -RS, Mário de Lima, afirmou que a Corsan deve se manter pública, mas destacou os problemas adminstrativos e de distribuição da empresa. O economista ressaltou a importância de melhoras e eficiência gerencial do governo, questões urgentes para a população, que também apresenta sérias críticas aos serviços da Corsan.

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