Força do Pensamento 3 - Especialistas palestram sobre usos do solo e do subsolo no Painel Terra
Jousi Quevedo

Carvão mineral, produção agrícola e animal e petróleo foram assuntos do painel.

O Painel 2 do Força do Pensamento Meio Ambiente tratou da Terra - Uso do Solo e do Subsolo, com a presença do palestrante Ivo Lessa, representante do presidente da Farsul, e do palestrante Júlio Gross, da Geolink.

A mediação foi do vice-presidente da Fetracos, Dionísio Mazui.

Lessa palestou sobre Agronegócio a partir do desafio de preservar os recursos naturais e disse que o agronegócio deve ser entendido como negócios com a agricultura em geral, tanto de pequenas, médias quanto de grandes propriedades. Ele apresentou dados estatísticos e números que compõem o PIB, demonstrando que o setor do agronegócio responde por 36% de empregos.

Do total de hectares brasileiras, 38% são utilizadas na agricultura, 4% em solo urbano e 58% não estariam destinadas para o agronegócio. Nas exportações, destacam-se o café, a soja, o algodão e o arroz. "A produção mundial hoje está localizada no clima tropical, ou seja, o Brasil que é a bola da vez", informou Lessa. "Produzimos bem, temos boa temperatura e produzimos barato. Esse quadro nos leva ao crescimento", frisou.

No complexo de grãos, 42,22% da área colhida contempla o arroz, nas exportações vem crescendo e cresce no mercado internacional, embora apresente achatamento no mercado interno. No milho, a área colhida é de 8,14% e há um crescimento no consumo, com crescimento na produção de 44,9%.

A soja vem promovendo o crescimento das áreas, sendo a bola da vez mundial. O RS participa com 16,96% da área colhida do Brasil, com produção de 15,96%. As exportações são crescentes, ocupando o segundo maior produtor e exportador mundial. O RS tem produtiva crescente, com área que cresceu 36% e rendimento médio com alta de 78%. O trigo passa por um processo de sobe e desce, com participação de 37% de área no Brasil, exportando 64,85%. A área de produção aumentou 51,52%.

Nos dados do leite, destaca-se o aumento do número de vacas e a produção do leite, com alta produtividade. "Esta produção está muito alicerçada na produção da pequena propriedade", obervou Lessa.

O vinho apresenta uma situação mais complicada pela concorrência dos produtos do Chile, Argentina, em suma, do Mercosul, que desafavorece o mercado interno do Brasil nas importações.

No complexo carne, os números da suinocultura e avicultura são muito positivos, com destaque para as aves, que agregam a produção do RS.

A pecuária apresenta dados menores em relação ao restante do Brasil: produção de 6% e exportação de 4,36%. "Não somos produtores de carne, somos consumidores de carne", pontuou Lessa.

Na Silvicutura, Lessa elogiou o trabalho realizado pela Força Sindical em defesa do setor. Os índices produtivos do Brasil são próximos aos da Finlância e precisa crescer, apontou Lessa.

A cobertura florestal no Brasil é de 0,7%, enquanto a Finlândia, em primeiro lugar, tem 60%. "As ministras Marina Silva e a Isabela falaram da necessidade do Brasil triplicar sua produção florestal", afirmou Lessa.

Lessa encerrou sua apresentação elogiando a iniciativa e o convite em participar do Força do Pensamento.

O mediador Mazui destacou os dados para refletir, em contrapartida, o nível de pobreza brasileira, embora apresente grande produção de alimentos, por exemplo.

O geólogo Júlio Gross palestrou a seguir e destacou o tema da mineração com dados para análise, apresentando um mapa geológico do RS. O especialista disse que os dados do setor oferecidos nos anuários a nível nacional carecem de realismo, uma vez que a mineração é uma das áeras que tem grande informalidade no país.

O aquífero Guarany foi mostrado no mapa, incluindo como a água subterrânea adentra as regiões gaúchas. O geólogo também mostrou o problema da excessiva utilização dos lençóis freáticos e a falta de fiscalização da abertura desses poços. Esses problemas também são encontrados na região metropolitana de Porto Alegre, com indústrias utilizando poços excessivamente.

As jazidas de carvão se concentram na região sul central especialmente em Candiota, com a principal reserva de carvão do RS. Gross falou da qualidade do carvão gaúcho, com uma espécia altamente qualificada na região litorânea. O geólogo também tratou da possível qualidade de poços de petróleo na Bacia de Pelotas, dizendo que a Petrobras deve iniciar estudos sobre os poços na localidade.

O especialista destacou a necessidade do crescimento mínimo de 5% em energia apenas pelo crescimento vegetativo da população. "Imaginem com eventos como a Copa, com a construção civil e o crescimento previsto, de onde virá a energia se não houver planejamento ambiental também?", questionou.

O setor extrativo de bem mineral teve uma mudança drástica em termos de conceito de viabilidade, porque em uma comparação entre jazida de ouro e de areia, quem tiver a  jazida de areia terá mais lucros, exemplificou Gross. Agregados minerais valorizados hoje são, portanto, areia, brita e argila. Na região da Serra e do Planalto do RS, encontram-se as gemas - agátas, ametisas, etc - e há o problema em agregar valor a estes produtos.

O especialista citou ainda outras regiões de extração mineral no Estado e como funciona essa indústria. Gross pediu o pronto funcionamento do Conselho Estadual de Mineração, que existe mas não tem atuação no momento.

Na discussão com o público, Lélio Falcão falou da preocupação que a Força tem com a segurança alimentar e as riquezas minerais do Estado. "No caso dos alimentos, receamos que o preço aumente para o trabalhador em vista da problemática ambiental na hora da produção", disse Lélio.

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