O sorteio das seleções e grupos para Copa do Mundo 2014, realizado na sexta-feira, elevou o otimismo dos setores de serviços e comércio de Porto Alegre para o próximo ano. Durante a fase classificatória do mundial, jogam na Capital as seleções de França, Honduras, Argentina, Holanda, Austrália, Coréia do Sul, Argélia e Nigéria. Entre essas, as que têm maior potencial de atração de turistas são Argentina, França, Holanda e Coréia do Sul, segundo estimam representantes de entidades empresariais.
“A proximidade geográfica entre o Rio Grande do Sul e a Argentina irá facilitar o acesso dos torcedores do país vizinho a Porto Alegre”, aposta o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Ronaldo Sielichow. A entidade estima que as vendas no comércio da cidade cresçam 15% durante o período do evento. Para a presidente do Porto Alegre Convetion & Visitors Bureau, Berenice Grinberg Lewin, o grande ganho para a Capital foi o sorteio da seleção argentina. “Ter a Argentina não poderia ser algo melhor, porque eles são aficionados por futebol, como os brasileiros, e a expectativa é muito grande”.
Berenice destaca que a proximidade favorece a vinda dos argentinos, que têm a opção de deslocamento rodoviário (com ônibus e carros) ou aérea. Mesmo sem ter feito uma projeção do novo cenário promovido pela escolha das seleções, a presidente do Convention & Visitors Bureau assegura que os números para o turismo porto-alegrense serão muito positivos.
Além dos argentinos, holandeses, franceses e sul-coreanos ampliam a expectativa positiva. “A Copa do Mundo atrai torcedores com poder aquisitivo, onde vale destacar os coreanos, que tem por hábito o alto consumo em viagens no exterior, não esquecendo os holandeses e franceses, que também têm alto poder de compra”, afirma Sielichow. Mais de quatro mil sul-coreanos devem vir ao Brasil acompanhar os jogos da seleção, segundo projeção da comissão técnica da Coreia do Sul.
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) estima um gasto total de turistas, estrangeiros e nacionais, na cidade de Porto Alegre e nas cidades próximas, ao longo de todo o período de ocorrência da Copa, entre R$ 330 milhões e R$ 360 milhões – gastos que desconsideram o custo das passagens aéreas e dos ingressos para os jogos. Nesse cenário, os visitantes argentinos têm impacto considerável. A entidade projeta que, apesar do gasto médio diário e tempo de permanência inferiores, a vinda de torcedores argentinos representou, dentro das estimativas totais, um impacto adicional de cerca de R$ 35 milhões.
Hoteleiros demonstram preocupação com a grande ociosidade de leitos em Porto Alegre
O contexto atual é avaliado com cautela pelo Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), que, a partir de agora, começa a monitorar a procura por leitos na Capital. Segundo o presidente do SindPoa, José de Jesus Santos, o fato de ter seleções de ponta e com chance de se tornarem campeãs, como Argentina, França e Holanda, é positivo.
No entanto, os hoteleiros estão preocupados com a perspectiva de ociosidade de leitos. “Atualmente, ocupamos 40% da nossa capacidade. Para a Copa estimamos chegar a, no máximo, 80%”, revela. A expectativa deve ganhar contornos mais claros no decorrer das próximas semanas, com a procura por acomodações na região metropolitana.
Mesmo a esperada “invasão argentina” não é estimulante para o setor hoteleiro e gastronômico, pontua Santos. “O argentino não vem para fazer turismo, porque já está acostumado a vir para cá”, afirma. O presidente do SindPoa avalia que, mesmo que muitos argentinos venham para Porto Alegre, a permanência desses turistas será breve, com possibilidade de que os torcedores fiquem apenas um ou dois dias para acompanhar a partida, ao contrário dos turistas europeus, que costumam aproveitar a ida para a Copa para conhecer a cidade e a região.
A definição das seleções e dos grupos favorece a preparação das cidades que sediarão jogos do mundial, analisa o ministro do Turismo, Gastão Vieira. “Temos um cenário mais concreto, que nos permite avançar no trabalho de preparação junto com as cidades-sede. Estou convicto que o evento será um sucesso.”
Para Santos, a partir de agora, Porto Alegre tem a oportunidade de qualificar o setor, observando os turistas que devem ser atraídos pelos jogos, e de estimular a vinda de torcedores com campanhas de divulgação da cidade, que devem ser projetadas com uma visão de atração permanente de turismo. “Aumentamos a nossa capacidade nos dois últimos anos. Passamos de 13 mil leitos para 18 mil. A hotelaria já está preocupada com o tempo posterior à Copa”, salienta.
Fonte: Jornal do Comércio