Semana de Prevenção da LER/DORT enfoca prevenção e conscientização contra a sobrecarga de trabalho
Jousi Quevedo

O vice-presidente da Fetracos, Dionísio Mazui, representou o Sindec-POA na composição da mesa principal e foi mediador do primeiro painel do evento.

A abertura da 7ª Semana de Prevenção das LER/DORT, que contou com organização e apoio da Fetracos e Força Sindical-RS, teve sua abertura na manhã desta terça-feira prestigiada pelo prefeito José Fortunati. Hoje é o Dia da Conscientização e Combate às LER/DORTS.

O prefeito destacou em seu discurso a relevância de se discutir e aprovar a redução da jornada dos trabalhadores para prevenção contra as mazelas das lesões por esforço repetitivo. "O trabalhador precisa de mais tempo para descansar e ficar com a família. É com rotatividade na jornada que se previne doenças e aumenta a qualidade de vida do empregado", disse para os participantes do evento que lotaram o auditório da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos do RS.

Fortunati também comentou que muitas vezes as pessoas que apresentam problemas de LER/DORT são ridicularizadas. "Mesmo entre colegas de trabalho há constrangimentos pela dificuldade em se demonstrar as doenças. Esses problemas deixam sequelas físicas e emocionais", explicou Fortunati, lembrando da época em que foi presidente do Sindicato dos Bancários, uma das categorias que sentem efeitos do impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho.

Conforme o vice-presidente da Fetracos, Dionísio Mazui, a 7ª Semana de Prevenção das LER/DORT discute e busca mecanismos de prevenção contra as doenças, a fim de chamar a atenção para os malefícios acarretados com o aumento da automação das tarefas do mercado de trabalho e da prestação de serviço.

"São novas funções e automações que fazem com que o trabalhador aumente os esforços no desempenho de suas funções diárias", apontou Dionísio.

E exemplificou: "No comércio, a LER/DORT é um problema recorrente e se agrava na medida em que o trabalho se vale da modernização causando o acúmulo de funções. Caso dos caixas de supermercados, que além do registro de compras, têm que ajudar no empacotamento e na pesagem de produtos", referiu o sindicalista.

Neste sentido, a ginástica laboral é uma importante aliada na prevenção de futuros problemas, além da atuação dos sindicatos para que defendam os direitos dos trabalhadores que são explorados no acúmulo de funções. "As entidades representantes dos trabalhadores devem lutar cada vez mais pelas jornadas que estipulem intervalos especiais nas convenções", destacou Dionísio.

Segundo o secretário Nacional da Juventude da Força Sindical e diretor do Sindec-POA, Jeferson Tiego, os jovens trabalhadores não iniciaram o debate sobre as LER/DORTs. A classe é uma das que mais desenvolvem serviço de digitação e são mais afeitas ao uso das novas tecnologias no trabalho repetitivo.

"A juventude realiza excessivo esforço, seja na digitação ou na programação, porque são justamente funções exercidas em geral pelos jovens. Temos que ter conscientização e realizar campanhas neste sentido", disse, complementando que os jovens devem ter em mente que nem sempre uma carga horária excessiva por maiores rendimentos financeiros compensam problemas de saúde no futuro.

Tiego apontou ainda que, segundo a Associação Paulista de Medicina, 50% dos casos de afastamento do trabalho são por causa das LER/DORTS.

Painel "Como lidar com o cotidiano na LER/DORT"

O painel da manhã "Como lidar com o cotidiano na LER/DORT" teve palestras da psicóloga Graziela Alberici e da terapeuta ocupacional Rosane Schmiedt.

Ambas especialistas destacaram o excesso de trabalho e acúmulo de funções como maiores causadores de LER/DORTS. Segundo as especialistas, as lesões e dores são sinais de que o corpo do trabalhador está passando dos limites aceitáveis e saudáveis de esforços.

"Depois que o problema está ocorrendo, a reabilitação só ocorre de maneira interdisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais. É necessário se afastar do trabalho, o que é uma dificuldade pela problemática de comprovação das lesões, e pelo receio do trabalhador em se tornar piada. Todo esse processo gera desgaste e conflitos", explicou Graziela.

Já Rosane destacou a importância da prática de exercícios físicos e de se colocar limite nas jornadas.

O evento continua durante a tarde desta terça-feira e na quarta-feira. Os certificados serão distribuídos no final da programação amanhã.

Texto: Josemari Quevedo.

Imagens: Cintia Rodrigues.

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