Secretário da STDS, Luís Augusto Lara, faz balanço positivo das primeiras edições da CEETD no RS
Jousi Quevedo

Em entrevista exclusiva à Força Sindical-RS, Lara avalia os objetivos da conferência e fala da reestruturação da secretaria no Estado.

A Conferência Estadual do Trabalho Decente no Rio Grande do Sul realiza na próxima terça-feira a sua 4ª edição regional, desta vez em Santa Maria. No dia, 23 de setembro, o secretário estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social do RS, Luís Augusto Lara, falou em entrevista exclusiva ao Sindec dos objetivos das conferências regionais, preparatórias à grande Conferência Estadual do Trabalho e Emprego Decente, que ocorre em Porto Alegre nos dias 27 e 28 de outubro. Os eventos reúnem trabalhadores, empregadores, instituições sociais e governo para debater as condições de trabalho no Estado. A Força Sindical é uma das centrais organizadoras da iniciativa, que contará com edição nacional em um grande debate no ano que vem. Acompanhe a entrevista:

Repórter - Qual o balanço que o senhor está fazendo da Conferência Estadual do Trabalho Decente em suas edições regionais que já ocorreram em Caxias do Sul, Santo Ângelo e Pelotas?

Secretário Luís Augusto Lara - Estamos fazendo uma radiografia a respeito da qualidade das condições de trabalho no Rio Grande do Sul, através de um  debate e um diálogo franco e aberto, que mesmo tendo pontos em alguns momentos opostos entre trabalhadores e empresários faz com que haja uma aproximação. Um precisa do outro, não existe empresário sem trabalhador e vice-versa. Mas temos que garantir qualidade no trabalho, uma carga horária que seja decente. Na região de Pelotas, por exemplo, há um ponto especial que é o Trabalho Decente na Faixa de Fronteira, nas cidades que fazem fronteira com o Uruguai é muito comum brasileiros irem trabalhar no Uruguai sem cobertura de seguridade social e sem uma fiscalização trabalhista. Muitas vezes oos trabalhadores acabam se acidentando no país e não têm uma cobertura de saúde e vice-versa. Muitos uruguaios também vêm para o Brasil nessa situação de marginalizados. Então vamos tratar isso e ver de que forma temos condições de melhorar as condições de trabalho. Certamente depois de um debate tão franco as soluções acabam aparecendo.

Repórter - Há um novo contexto de trabalho no país, de mais vagas de emprego, mas falta ainda a qualificação profissional. Qual o maior gargalo, o maior desafio no emprego e trabalho do RS?

**Lara - **o maior gargalo é justamente a qualificação no RS. Não falta emprego, faltam pessoas qualificadas. Até por que nos últimos anos não se qualificou. Para ter uma ideia a Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social havia sido extinta, não existia STDS. A Fundação Gaúcha do Trabalho (FGTAS) e as agências Sines passaram por um sucateamento impressionante e que agora estamos recuperando essa situaçãoo. Estamoos retomando as atividades da STDS, realizando inclusive mutirões de trabalho. Em Pelotas fizemos um mutirão ainda no começo do mês que ofertou quase 500 vagas de trabalho e foram 2.000 pessoas que procuraram a agência ao longo do dia. Estamos estruturando as agências, fazendo os mutirões para recuperar esse tempo perdido, porque emprego não falta no RS. O que falta são pessoas qualificadas e aí é dever do Estado que para recuperar o tempo perdido precisa da parceria das centrais sindicais e precisa da parceria dos empresários também.

Repórter - Como está a colaboração dos trabalhadores, dos empresários e das instituições como as centrais, porque essa conferência é tripartite e conta com essa grande marca, colocando os três entes próximos?

Lara - Sim, o que sinto é que havia uma vontade de participação dos trabalhadores, das centrais sindicais reprimida. Quer dizer, os trabalhadores muitas vezes quando faziam algum tipo de protesto ou manifestação iam parar na delegacia. Agora não. O nosso governo tem uma política que recebe os trabalhadores, trabalhadores empregados e trabalhadores desempregados. Há poucos dias tivemos o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) dentro do Palácio Piratini, com quase 400 pessoas ocupando o salão do palácio. Essa mudança de postura, esse olhar diferente, que chama ao diálogo e que provoca o debate, é que constrói.

Entrevista por Josemari Quevedo.

Fotografia: Cíntia Rodriguês

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