Primeira parcela do 13º será paga nesta sexta, mas é importante planejar o melhor uso para o dinheiro extra
Com o pagamento da primeira parcela do 13º salário hoje, as cerca de 5,6 milhões de pessoas que receberão o benefício no Estado começam a pensar que destino darão ao dinheiro. A prioridade da utilização do recurso, lembram economistas e especialistas em psicologia financeira, depende da situação de cada assalariado, aposentado ou pensionista.
Para quem foi envolvido pela bola de neve das dívidas e tem compromissos atrasados, com juros que não param de aumentar o valor a pagar, a ordem é tentar colocar as contas em dia e deixar os gastos com as festas de fim de ano em segundo plano.
— As pessoas com relacionamento mais próximo terão de entender a necessidade de um presente mais modesto — diz Ricardo Almeida, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo.
Apesar de pregar o mesmo rigor, a psicanalista e orientadora de programas de educação financeira Márcia Tolotti avalia que é possível separar até 10% do dinheiro a ser recebido para compras. Essa pequena margem, avalia, serve para que o endividado, já incomodado por sua situação, não fique ainda mais frustrado.
— Não acho saudável destinar 100% para as dívidas. Esse é um momento apelativo forte, e as pessoas endividadas se sentem mal se não conseguem comprar nada. Mas isso não pode servir de álibi para deixar as contas de lado — pondera.
Márcia ensina que um exercício mental indicado para os endividados é ter noção do que é necessidade e o que é apenas vontade. Para um devedor, a necessidade é quitar as dívidas, abrindo mão da vontade.
Quem tem dívidas que parecem sob aparente controle também não deve se descuidar. Afinal, com a virada do calendário, chega uma das épocas de gastos mais pesados, como compromissos com IPVA, IPTU e gastos com a escola dos filhos.
Na outra ponta, quem conta com uma situação financeira folgada tem o privilégio de escolher entre usar o 13º para diversificar investimentos, ampliar reservas para emergências, viajar ou tornar o Papai Noel mais gordo. Chegar à condição de poupador ou investidor a partir do equilíbrio no orçamento não depende necessariamente do tamanho do contracheque, lembra Everton Lopes, economista e educador financeiro. O importante, ressalta, é ter o controle dos ganhos e das despesas.
A expectativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é que o 13º movimente cerca de R$ 9 bilhões no Estado, 10,5% a mais que em 2012. No país, a injeção será de R$ 143 bilhões, para 82,3 milhões de pessoas. A segunda parcela do benefício será paga até 20 de dezembro.
O que fazer com o salário adicional
Quem tem dívidas vencidas
Colocar as contas em dia deve ser a prioridade. Faça um ranking com as pendências que têm juros maiores, como cartão de crédito e cheque especial, e pague essas primeiro. Também é importante deixar de ser inadimplente nas dívidas que podem "sujar" o seu nome nos órgãos de proteção ao crédito. Prepare-se mentalmente para festas de fim de ano mais modestas e gastos menores com compras. Mas como a data tem um grande apelo, você pode reservar uma pequena parte do 13º — talvez em torno de 10% — para compras, mas dentro das suas possibilidades. Deixar totalmente de lado esse aspecto simbólico da troca de presentes pode deixar a pessoa endividada ainda mais frustrada, diz a pscinalista Márcia Tolotti.
Quem tem dívidas sob controle
Para quem tem carnês, prestações e faturas do cartão de crédito por vencer, mas a situação está sob controle, pode ter no 13º um ajuda para renegociar parcelas. Com o pagamento antecipado, a economia com juros será maior do que obterá em qualquer aplicação, ressalta Ricardo Almeida, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração. E não esqueça que logo ali começa a temporada de IPVA, IPTU e gastos com matrícula e material escolar. Vale a pena pagar os impostos em uma só vez. Nas compras de Natal, o pagamento à vista também pode ser vantajoso. Pelo ponto de vista psicológico, este equilíbrio pode jogar a favor e a pessoa ter ainda mais satisfação guardando parte deste dinheiro para usufruir no futuro.
Quem não tem qualquer dívida
Se o 13º salário é de fato um dinheiro extra, o recurso pode ser utilizado para aplicações. As principais dicas são poupança ou fundo DI. Apesar de a rentabilidade não ser grande, a falta de risco compensa. Outras opções como bolsa e dólar, com maior nível de incerteza, são desaconselhadas principalmente para quem acha que pode precisar do dinheiro no curto ou médio prazos. Com essa característica de equilíbrio, comece a planejar uma maior segurança financeira no futuro. Dependendo do perfil, é possível diversificar investimentos e reforçar as reservas financeiras. As compras de Natal ficam mais folgadas e menos angustiantes, mas cuidado para não extrapolar e regredir na situação financeira.
Em busca do equilíbrio
Até R$ 2 mil
A melhor forma de guardar o dinheiro ainda é a poupança. Embora a sua vida financeira goze de equilíbrio, qualquer imprevisto pode consumir as suadas reservas. Uma regra que vale para todos é economizar mensalmente pelo menos 10% da renda.
Até R$ 5 mil
Além da poupança, fundos de renda fixa são uma boa opção. Da mesma forma, deve haver a precaução de juntar dinheiro para situações inesperadas. Caso não ocorram contratempos, este capital pode se tornar motivo de maior conforto quando chegar a aposentadoria.
Até R$ 10 mil
Para essa faixa, há a possibilidade de investimentos no Tesouro Direto ou então títulos atrelados à inflação. Se não precisar do dinheiro no curto prazo, estiver disposto a esperar retorno em até cinco anos e tiver perfil mais arrojado, outra alternativa é a bolsa de valores.
Fonte: Zero Hora