Páscoa emprega mais temporários neste ano
Gabriella Oliveira

Só no setor de chocolates são 26,5 mil vagas criadas no Brasil em 2015, contra as 24 mil efetuadas no ano passado.

Há quem diga que o ano, no Brasil, só começa depois do Carnaval. Não é o caso, certamente, nas indústrias de chocolate, onde a preparação para o principal período do setor, a Páscoa, começa antes até do que o Réveillon, geralmente por volta de outubro. E, pelo menos em relação a vagas de empregos temporários, a preparação para o feriado deste ano, que acontece em 5 de abril, já garante resultados ligeiramente melhores do que em 2014.

Só no setor de chocolates, para o qual o Brasil é o terceiro maior mercado no mundo (atrás apenas de Estados Unidos e Alemanha), já foram criadas 26,5 mil vagas neste ano, ante 24 mil na Páscoa passada. As posições são divididas entre produção, venda e, claro, a promoção dos produtos, principalmente o carro-chefe da data, os ovos de Páscoa, que costumam invadir os corredores dos pontos de venda junto ao exército de representantes das principais marcas.

É a maior necessidade da presença desses profissionais, aliás, que justifica o crescimento no número para este ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). "Nos últimos meses, houve uma grande abertura de novas lojas, tanto de redes quanto de supermercados e, consequentemente, se faz necessário um número maior de promotores de venda para atender a essa demanda", argumenta o vice-presidente de chocolate da entidade, Ubiracy Fonseca.

Só na Nestlé brasileira, líder de mercado e responsável pelos chocolates da multinacional suíça e pelos herdados na aquisição da Garoto, são 6 mil as posições temporárias criadas, mesmo resultado do ano passado. Todas elas, segundo a empresa, justamente para a área de vendas, com principal destaque para as regiões Sul e Sudeste.

Do total de vagas criadas, segundo Fonseca, as vendas representam 60%, enquanto o restante se volta à produção. A Arcor, por exemplo, que declara market share de 8,3% no País e criou 351 empregos para a Páscoa, alocou todos os seus trabalhadores temporários na fábrica de Bragança Paulista, interior de São Paulo, onde são produzidos os seus ovos de páscoa.

A projeção, neste ano, é de que 10% dos temporários consigam a efetivação em suas empresas, segundo Mara Bonafé, diretora da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem). Segundo ela, a Páscoa representa o terceiro período de maiores oportunidades para quem procura uma vaga temporária, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.

"Esse período representa uma ótima porta de entrada para os jovens, que procuram o seu primeiro emprego, e também, principalmente, para quem já está na terceira idade", atesta. Mara ainda argumenta que, embora as contratações para as fábricas já estejam praticamente encerradas, o movimento de contratação para o comércio deve se intensificar a partir de agora, conforme se aproxima a data e, consequentemente, aumente o fluxo nas lojas. Levando em conta todo o espectro de vagas, englobando ainda outros setores além dos ligados à venda de chocolates, a diretora espera que haja um incremento de 2% nas vagas temporárias em relação ao ano passado.

As vendas do principal produto da data comemorativa, segundo a Abicab, devem se manter estáveis em relação ao ano passado por conta do momento difícil da economia brasileira. Em 2014, foram produzidas 20,2 mil toneladas de chocolates, dentre elas pouco mais de 100 mil ovos de Páscoa.

Resultados do segmento são impulsionados pelo crescimento das redes especializadas

Ainda que os números de vendas e empregos temporários não sejam exuberantes, o fato de eles pelo menos não serem negativos já é visto com bons olhos e atribuído, em parte, ao franco crescimento das redes especializadas em chocolates nos últimos anos.

Apenas o Grupo CRM, dono das redes Kopenhagen e Brasil Cacau, responderá por R$ 303 milhões em vendas para a Páscoa, crescimento de 14% em relação a 2014. Com mais de mil lojas no País, as duas redes gerarão 720 vagas temporárias (cem a mais do que no ano passado) em sua fábrica e lojas próprias, um terço do total de posições, além de outras 1,7 mil vagas nas franquias.

No Rio Grande do Sul, o crescimento desse tipo de rede é sentido principalmente no berço delas no Estado, em Gramado e Canela. A Prawer, que conta com 24 lojas entre próprias e licenciadas pelo Brasil, contratou 10 funcionários temporários, além de estender sua produção em mais duas horas por dia. "Geralmente, 40% acaba sendo efetivado, e os outros vão sendo chamados conforme abrimos vagas durante o ano", comenta o diretor da empresa, Maurício Brock, que espera crescimento de 10% nas vendas.

As posições só não serão mais numerosas, segundo Brock, porque o Natal já exige um esforço das empresas quase tão grande quanto a própria Páscoa, e uma parte das vagas que seriam criadas agora já está preenchida por quem foi efetivado no fim do ano. A situação também acontece na Lugano, que estima em 30 as vagas criadas na produção para este ano, mesmo número de 2014 e, também, mesmo número de vagas criadas para o Natal, quando a maioria acabou efetivado.

"Temos a perspectiva de tentar efetivar todos, dependendo, claro, do resultado das vendas", garante o diretor da Lugano, Guilherme Luz. Para esse ano, segundo o diretor, o crescimento no faturamento é projetado entre 25% e 27% em relação à última Páscoa. O motivo, segundo ele, é a abertura de novas lojas, já que a rede passará das atuais 23 unidades para 38 até o início de abril, e, até o fim do ano, 55.

A constância no consumo desse tipo de chocolate, geralmente mais requintados, também é sentida na Caracol, que, por isso, não contrata temporários, garantindo o atendimento à Páscoa apenas com um planejamento diferenciado na produção. Segundo o gerente de marketing da empresa, Rafael Sager, a empresa também projeta 10% de expansão neste ano. "Temos a particularidade, ainda, de que os eventos de Natal trazem um público muito grande para nossa região, o que acaba fazendo com que a data supere as vendas da Páscoa para a nossa empresa", argumenta Sager.

Fonte: Jornal do Comércio

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