Páscoa deve gerar mais postos de trabalho temporários neste ano
Gabriella Oliveira
Ovos de páscoa pendurados na parte superior. Pessoas entre as prateleiras escolhendo chocolates.

Só na sucursal brasileira da Nestlé, uma das maiores empresas do setor, serão 6 mil os temporários entre produção e pontos de venda

Ao que parece, mesmo em meio à crise econômica que desafia o varejo, a Páscoa não deixará de ser doce - pelo menos, para quem procura um emprego. Segundo o levantamento oficial da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a principal data para o setor deve gerar, em 2016, 29 mil vagas temporárias. O número representa um aumento em relação ao ano passado, quando foram 26,5 mil os empregos provisórios, e tem a ver justamente com a maior dificuldade na venda dos famosos ovos de Páscoa nesta temporada. "As empresas sabem que o mercado está mais difícil e que o consumidor tem que ser mais bem assistido e conquistado. Por isso, estão colocando mais promotores e repositores", argumenta o vice-presidente de chocolate da Abicab, Ubiracy Fonseca. O dirigente lembra que, só em ovos, são 147 os lançamentos para este ano, variedade que pode confundir o consumidor e torna necessário o aumento no número de promotores.

Só na sucursal brasileira da Nestlé, uma das maiores empresas do setor, serão 6 mil os temporários entre produção e pontos de venda, número igual ao do ano passado.

Desses, 531 alocados apenas no Rio Grande do Sul. Sem entrar em detalhes, a empresa afirma apenas "estar otimista" em relação às vendas. Já o Grupo CRM, proprietário das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, diminuiu as vagas, de 720 no ano passado para 650 em 2016, entre a produção e as lojas próprias - excluindo as franquias das redes.

A tendência apontada pela Abicab é percebida, entretanto, na Arcor, cuja produção de ovos está concentrada na unidade de Bragança Paulista (SP). A empresa afirma ter criado 351 vagas provisórias na fabricação, número também estável em relação a 2015. Mas, na promoção de vendas, porém, é esperado um aumento de 10% nas vagas, para 2 mil. "São os promotores que esclarecem as informações sobre as marcas e auxiliam o consumidor na hora de escolher que produto levar", justifica o gerente de marketing da Arcor, Anderson Freire.

Na Cacau Show, o número de temporários chega a 6 mil, maior do que no ano passado, mas por outro motivo. "O aumento se dá, principalmente, pelo crescimento no número de lojas, que hoje são 2 mil", comenta o presidente da companhia, Alexandre Costa. A maior parte dos temporários, segue Costa, estará alocada justamente na área de vendas.

No Estado, ainda que em números mais modestos por conta de seu menor porte, a criação de vagas também é apontada pelas empresas gaúchas. A Divine, de Encantado, afirma ter criado 20 vagas diretas nos setores de fabricação e embalagem, número menor do que em 2015, mas por um bom motivo: foram 70 os contratados efetivos durante o ano, diminuindo a necessidade de provisórios. Em Gramado, um dos principais polos de chocolate artesanal do País, a Prawer acusa um crescimento de 10% no pessoal, todos efetivos, elevando para 115 o tamanho do quadro de funcionários.

Nem tudo são flores para quem conseguir uma das novas vagas temporárias, porém. A recessão no consumo é vista como um dificultador para a efetivação destes profissionais, argumenta o presidente da Employer RH e diretor da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), Marco Abreu. O diretor também alega perceber um encurtamento nos prazos, com empresas iniciando os recrutamentos em janeiro, em vez de novembro, como era comum. "De qualquer forma, sempre existe a possibilidade de efetivação", projeta Abreu.

Previsão é sustentar números de vendas de 2015, diz Abicab

Sobre as vendas, a tendência, segundo o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, é de ovos menores, mais adequados ao momento de consumo das famílias. "A Páscoa é uma festa tradicional da família brasileira. As pessoas sempre dão jeito de comprar um ovo, mesmo que seja menor", projeta o dirigente. A expectativa é de conseguir igualar o resultado de 2015, quando foram comercializadas 20 milhões de toneladas de chocolate. Nas indústrias, a projeção é mais otimista. A Arcor, por exemplo, prevê um faturamento acima de R$ 80 milhões, também um crescimento de 10%. Já o Grupo CRM, somando as suas duas bandeiras, afirma pretender alcançar na data 30% de suas vendas anuais, que estima chegarem a R$ 1,35 bilhão em 2016. Serão, ao todo, 3 milhões de ovos em suas quase 900 lojas. Sua principal concorrente, a Cacau Show, é mais otimista, planejando a produção de 7,9 milhões de toneladas de chocolate para a data.

Confirmando-se, o número representaria um crescimento de 18% em relação a 2015, que o presidente da empresa, Alexandre Costa, atribuiu à criação de um "portfólio amplo", com mais de 50 produtos.

Entre as empresas do Rio Grande do Sul, os resultados esperados são, proporcionalmente, ainda maiores. A diretora-geral da Divine, de Encantado, Fabiana Turatti, por exemplo, projeta um crescimento de 15% nas vendas em relação à Páscoa passada. "2016 será uma surpresa na questão de consumo, mas podemos crescer mais, já que somos uma empresa nova e temos locais novos a explorar", comenta a diretora. A fábrica, com 4 anos de existência, produzirá 350 mil unidades entre ovos e coelhos, com distribuição nos estados do Sul e em São Paulo. Na Prawer, de Gramado, a previsão é de 15% de incremento nas vendas em suas 17 lojas licenciadas. Serão colocados nas prateleiras 30 mil ovos.

Mais tradicional das indústrias gaúchas, a Neugebauer projeta um incremento de 40% nas vendas. Além de alegar um aumento de pontos de venda nos últimos meses, a empresa, que não produz ovos e, por isso, também não contrata trabalhadores temporários, aposta em produtos mais baratos. "Acreditamos que a preferência será por barras e bombons, e estamos focados nesses produtos", afirma o diretor comercial da marca, Sergio Copetti.

Jornal do Comércio

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