Funcionamento do comércio no final de ano
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Ao que parece, mesmo em meio à crise econômica que desafia o varejo, a Páscoa não deixará de ser doce - pelo menos, para quem procura um emprego. Segundo o levantamento oficial da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a principal data para o setor deve gerar, em 2016, 29 mil vagas temporárias. O número representa um aumento em relação ao ano passado, quando foram 26,5 mil os empregos provisórios, e tem a ver justamente com a maior dificuldade na venda dos famosos ovos de Páscoa nesta temporada. "As empresas sabem que o mercado está mais difícil e que o consumidor tem que ser mais bem assistido e conquistado. Por isso, estão colocando mais promotores e repositores", argumenta o vice-presidente de chocolate da Abicab, Ubiracy Fonseca. O dirigente lembra que, só em ovos, são 147 os lançamentos para este ano, variedade que pode confundir o consumidor e torna necessário o aumento no número de promotores.
Só na sucursal brasileira da Nestlé, uma das maiores empresas do setor, serão 6 mil os temporários entre produção e pontos de venda, número igual ao do ano passado.
Desses, 531 alocados apenas no Rio Grande do Sul. Sem entrar em detalhes, a empresa afirma apenas "estar otimista" em relação às vendas. Já o Grupo CRM, proprietário das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, diminuiu as vagas, de 720 no ano passado para 650 em 2016, entre a produção e as lojas próprias - excluindo as franquias das redes.
A tendência apontada pela Abicab é percebida, entretanto, na Arcor, cuja produção de ovos está concentrada na unidade de Bragança Paulista (SP). A empresa afirma ter criado 351 vagas provisórias na fabricação, número também estável em relação a 2015. Mas, na promoção de vendas, porém, é esperado um aumento de 10% nas vagas, para 2 mil. "São os promotores que esclarecem as informações sobre as marcas e auxiliam o consumidor na hora de escolher que produto levar", justifica o gerente de marketing da Arcor, Anderson Freire.
Na Cacau Show, o número de temporários chega a 6 mil, maior do que no ano passado, mas por outro motivo. "O aumento se dá, principalmente, pelo crescimento no número de lojas, que hoje são 2 mil", comenta o presidente da companhia, Alexandre Costa. A maior parte dos temporários, segue Costa, estará alocada justamente na área de vendas.
No Estado, ainda que em números mais modestos por conta de seu menor porte, a criação de vagas também é apontada pelas empresas gaúchas. A Divine, de Encantado, afirma ter criado 20 vagas diretas nos setores de fabricação e embalagem, número menor do que em 2015, mas por um bom motivo: foram 70 os contratados efetivos durante o ano, diminuindo a necessidade de provisórios. Em Gramado, um dos principais polos de chocolate artesanal do País, a Prawer acusa um crescimento de 10% no pessoal, todos efetivos, elevando para 115 o tamanho do quadro de funcionários.
Nem tudo são flores para quem conseguir uma das novas vagas temporárias, porém. A recessão no consumo é vista como um dificultador para a efetivação destes profissionais, argumenta o presidente da Employer RH e diretor da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), Marco Abreu. O diretor também alega perceber um encurtamento nos prazos, com empresas iniciando os recrutamentos em janeiro, em vez de novembro, como era comum. "De qualquer forma, sempre existe a possibilidade de efetivação", projeta Abreu.
Previsão é sustentar números de vendas de 2015, diz Abicab
Sobre as vendas, a tendência, segundo o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, é de ovos menores, mais adequados ao momento de consumo das famílias. "A Páscoa é uma festa tradicional da família brasileira. As pessoas sempre dão jeito de comprar um ovo, mesmo que seja menor", projeta o dirigente. A expectativa é de conseguir igualar o resultado de 2015, quando foram comercializadas 20 milhões de toneladas de chocolate. Nas indústrias, a projeção é mais otimista. A Arcor, por exemplo, prevê um faturamento acima de R$ 80 milhões, também um crescimento de 10%. Já o Grupo CRM, somando as suas duas bandeiras, afirma pretender alcançar na data 30% de suas vendas anuais, que estima chegarem a R$ 1,35 bilhão em 2016. Serão, ao todo, 3 milhões de ovos em suas quase 900 lojas. Sua principal concorrente, a Cacau Show, é mais otimista, planejando a produção de 7,9 milhões de toneladas de chocolate para a data.
Confirmando-se, o número representaria um crescimento de 18% em relação a 2015, que o presidente da empresa, Alexandre Costa, atribuiu à criação de um "portfólio amplo", com mais de 50 produtos.
Entre as empresas do Rio Grande do Sul, os resultados esperados são, proporcionalmente, ainda maiores. A diretora-geral da Divine, de Encantado, Fabiana Turatti, por exemplo, projeta um crescimento de 15% nas vendas em relação à Páscoa passada. "2016 será uma surpresa na questão de consumo, mas podemos crescer mais, já que somos uma empresa nova e temos locais novos a explorar", comenta a diretora. A fábrica, com 4 anos de existência, produzirá 350 mil unidades entre ovos e coelhos, com distribuição nos estados do Sul e em São Paulo. Na Prawer, de Gramado, a previsão é de 15% de incremento nas vendas em suas 17 lojas licenciadas. Serão colocados nas prateleiras 30 mil ovos.
Mais tradicional das indústrias gaúchas, a Neugebauer projeta um incremento de 40% nas vendas. Além de alegar um aumento de pontos de venda nos últimos meses, a empresa, que não produz ovos e, por isso, também não contrata trabalhadores temporários, aposta em produtos mais baratos. "Acreditamos que a preferência será por barras e bombons, e estamos focados nesses produtos", afirma o diretor comercial da marca, Sergio Copetti.
Jornal do Comércio
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