Acontecimentos no mercado que afetam os comerciários.
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País tem mais comerciárias que domésticas
por Jousi Quevedo |
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovou que, pela primeira vez, o trabalho doméstico deixou de ser a principal ocupação das mulheres brasileiras. O maior empregador passou a ser o comércio.
De 2009 a 2011, o percentual de domésticas caiu de 17% para 15,7% das trabalhadoras. Enquanto isso, o de mulheres no varejo subiu de 16,5% para 17,6%. A mudança veio para ficar e se deve a dois aspectos, na análise de Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular: queda do fluxo migratório de camadas de baixa renda da Região Nordeste e mudança na perspectiva de vida. "A filha não quer ser empregada doméstica. Não porque sente vergonha da mãe. Pelo contrário, tem muito orgulho. A questão é que ela não enxerga possibilidade de crescimento pessoal na ocupação. Então, estuda para ter um emprego com plano de carreira", explicou.
Houve também, segundo Meirelles, um processo objetivo de universalização dos ensinos médio e básico. "O nível de escolaridade é muito importante. Cada ano de estudo implica aumento de 15% no salário médio", assinalou. As mulheres já representam 51,5% da população brasileira (100,5 milhões, de um total de 195,2 milhões de pessoas), segundo a Pnad. Embora ainda pertençam ao grupo com maior dificuldade para encontrar trabalho (59% dos desocupados em 2011 eram mulheres), elas começam a despontar em empregos de melhor qualidade.
A maioria trabalha e estuda. E é o primeiro membro da família a entrar para a universidade. É o caso de Vanessa Rodrigues, 23 anos, que trabalha em lojas de artigos femininos, há cinco anos.
Comecei aos 17, como vendedora, em outro estabelecimento. Aos 18, fui promovida. Vim para cá e já estou como gerente há três anos ", contou. Vanessa é formada em administração de empresas, mas não parou de estudar. Ganhou uma bolsa integral para a faculdade engenharia civil e resolveu encarar o desafio. De uma família de quatro filhos, é a mais velha e a primeira a cursar nível superior. A mãe nunca trabalhou fora e o pai é funcionário de um restaurante.
Ana Paula Levay, 24 anos, escolheu o comércio como a porta de entrada ao mercado de trabalho. "É o local mais fácil de encontrar emprego. Em outros lugares, exigem cursos diferentes e experiência", justificou. Começou em uma loja pequena, por indicação de amigos. Há seis anos, foi para outra maior, que lhe deu tempo e possibilidade de entrar para a faculdade de fisioterapia. Para estudar, conta com o apoio da mãe, que já concluiu o nível superior, e do pai, comerciante de nível médio. A mais velha de dois irmãos, Ana Paula sonha em ser radialista ou humorista. "Qualquer coisa ligada à TV. Estou fazendo cursos, conhecendo pessoas. Começo as aulas de locução no mês que vem", contou.
Dicas
Para trabalhar no comércio, segundo Ana Paula e Vanessa, não basta ter boa aparência. É preciso consciência de que lidar com o público não é fácil. As dicas das duas para quem quer se arriscar no comércio são as mesmas: clareza nas informações e cortesia são fundamentais. Bom humor, alto astral, agilidade, desenvoltura, boa apresentação e voz no volume adequado são ingredientes importantes para cativar o cliente e conseguir sucesso no varejo.
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