A parceira inédita entre prefeitura de Porto Alegre, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que viabilizou o Observatório do Trabalho (OT) - o mais novo instrumento de geração de dados sobre o mercado de trabalho da Capital – foi vista por Nilton Neco, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec) e secretário de Relações Internacionais da central, com o olhar diferente dos demais.
O sindicalista lembra que foi procurado pelo coordenador do Dieese gaúcho, Ricardo Franzoi, que lhe apresentou a idéia, prontamente assumida por ele a ponto de leva-la ao então prefeito José Fogaça. Na época, 2009, José Fortunati era vice-prefeito e testemunhou a gestação do processo. O sistema de georreferência – indicado por Franzoi - é um conjunto de referências ou coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude) que permitem definir a localização exata de qualquer ponto da superfície terrestre, o que poderia ser adaptado para um serviço de busca na área do trabalho.
O lançamento do site ocorreu dia 28/06, no Paço Municipal, com a presença do prefeito José Fortunati; do secretário municipal do Trabalho e Emprego, Pompeo de Mattos; do titular da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/RS), Cláudio Corrêa; do diretor-superintendente do Sebrae/RS, Léo Hainzenreder; do coordenador de Estudos e Desenvolvimento do Dieese, Ademir Figueiredo, e representantes de entidades patronais, centrais sindicais e do chamado Mundo do Trabalho.
Ligado ao portal da prefeitura, o site do Observatório do Trabalho disponibilizará informações detalhadas sobre a ocupação de vagas de trabalho no mercado da cidade, através do emprego de tecnologia de georreferenciamento das vagas e empresas em atividade, o que permitirá segmentar as pesquisas de perfis profissionais por faixa etária, grau de qualificação e localização por bairro.
EMPREGO QUALIFICADO - José Fortunati declarou que o Observatório sedimenta os esforços feitos para atender o interesse das pessoas que mais precisam do serviço público e para este a possibilidade de investir o dinheiro do contribuinte em ações embasadas em dados confiáveis “para a ampliação do acesso ao emprego qualificado e a melhores salários para os trabalhadores”, falou. Afirmando que “a tecnologia não é neutra”, o chefe do executivo municipal disse que a informática existe para mudar a relação entre o poder público e a sociedade.
O secretário Pompeo de Mattos ressaltou que, embora não seja novidade no Brasil - pois já existem oito em atividade - o OT de Porto Alegre é o único do estado e se habilita par “fazer uma leitura clara do mapa do emprego formal na Capital”. Foi que demonstrou a supervisora dos Observatórios do Trabalho, Angela Maria Schwengber, do Dieese, ao fazer a apresentação do site e relevar a possibilidade de obter perfis profissionais da base territorial a partir dos bairros e não de regiões administrativas. Ainda – assinalou – é possível obter números absolutos e percentuais, “que geram múltiplas alternativas”, como identificação de atividades predominantes em determinada região.
Também do Dieese, Ademir Figueiredo, coordenador de Estados e Desenvolvimento, ressaltou a questão da qualidade da pesquisa, ao comentar a condição de site especializado no assunto. Para ele, o Observatório do Trabalho vai democratizar a informação para gestores, estudantes, pesquisadores e atores do universo que gira em torno do mundo do trabalho. Figueiredo, que acompanhou a gestão do OT de Porto Alegre, desde o começo, em 2010, comentou que a finalidade do instrumento é de acumular dados que servirão como “aporte de conhecimento”, citando como pioneiros da iniciativa Nilton Neco, que também é secretário nacional de Relações Internacionais da Força Sindical e conselheiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e Maria Helena de Oliveira, ambos integrante da direção sindical do Dieese, como pioneiros da iniciativa.
Léo Hainzenreder, do Sebrae/RS, manifestou a satisfação de entregar ao público o resultado do trabalho iniciado há dois anos e que “permite o direcionamento de iniciativas e oferece opções diversificadas de pesquisa”. Falando que o site vai propiciar que se tenha informação ao invés de presunção de dados, o diretor superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do estado recorreu ao dito popular que afirma que “contra fatos não há argumento”, classificando o ato como “um marco no uso da tabulação em proveito da informação de qualidade”.
Fonte: Ilha da Notícia