Janta debate com vereadores tarifa e qualidade do transporte de Porto Alegre
Jousi Quevedo

Presidente da Força Sindical-RS ocupou a tribuna popular na sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre na tarde desta quinta-feira e pediu garantias no transporte público para o Trabalho Decente.

Ao explicar o quanto o transporte público caro e de má qualidade afeta a vida do trabalhador, o presidente da Força Sindical-RS, Clàudio Janta, apresentou dados para cobrar dos legisladores postura para debaterem e resolverem os problemas que os passageiros passam a cada viagem de ônibus na Capital. "Esta Casa tem um papel importante para discutir as questões da população", justificou.

Janta pediu uma análise sobre o que está contemplado no preço da passagem, pediu fiscalização de horários e novas linhas para atender a demanda crescente na cidade, especialmente das zonas Sul e Norte. "Um trabalhador que fica 40, 50 minutos e até 2h30min esperando o ônibus está realizando uma jornada maior de trabalho e não está recebendo por isso. Isso é injusto e desumano, não é Trabalho Decente", disse, sendo aplaudido. Os critérios para as isenções do transporte também foram questionados.

O transporte em Porto Alegre é atendido pelas mesmas empresas há muitos anos e funciona a partir de licitação sobre uma concessão pública do Município. "Queremos entender como uma concessão pública causa tantos transtornos à população", solicitou.

O ato de hoje, assim como o da semana passada, integra a campanha da central pelo cumprimento da diretriz da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estipula condições dignas de moradia, transporte, saúde, segurança, educação, cultura, lazer para o empregados e trabalhadores, chamada Trabalho Decente.

Diversos sindicalistas e trabalhadores atingidos pelos problemas acompanharam o debate, destacando-se entre as categorias vigilantes, metalúrgicos, comerciários e aposentados.

A explanação gerou respostas entre os vereadores, que tiveram que discutir o problema diante de uma das galerias lotadas.

Veja as manifestações, conforme o site da Câmara de Vereadores de Porto Alegre:

Luciano Marcantônio (PDT) disse que o assunto do transporte coletivo merece um debate permanente porque atinge a maioria da população e precisa ser tratado com muita responsabilidade. o vereador pedetista disse que o cálculo da tarifa é uma questão técnica. Lembrou das obras que estão sendo realizadas pelo Executivo para contribuir com a mobilidade, citando, entre outras, o metrô ligando o centro à zona norte e o transporte hidroviário ligando o centro à zona sul de Porto Alegre.

Elias Vidal (PPS) entende que o foro adequado para discutir o transporte coletivo da Capital é a Comissão de Urbanização Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal. Destacou que sua experiência de oito anos nesta comissão já vivenciou muitas discussões sobre o tema e, portanto, as discussões devem se dar no campo técnico e não de partidarização, o que dará seriedade ao debate. Concluiu alegando que a sociedade ainda está pagando pelas modificações feitas no passado no que se refere ao transporte coletivo da Capital.

Tarciso Fleha Negra (PSD) disse ficar preocupado com os trabalhadores que usam transporte coletivo diariamente. “Na hora que vão para casa precisam de conforto, pois fazem parte da maioria da população que constrói a cidade e precisam estar descansados”.

Paulinho Rubem Berta (PPS) colocou a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação à disposição para discutir o tema. “Para mim é o fórum adequado”, disse o parlamentar.

Para o vereador Sebastião Melo (PMDB), "entra ano sai ano e a cantilena á a mesma". Segundo ele, os empresários dizem que o serviço é bom e barato e o povo diz ao contrario. Disse que, se 28% dos usuários não pagam a passagem em função das isenções, alguém paga. “Em nenhuma outra cidade é assim. Esta casa precisa rediscutir isenções". Melo porém, não deixou de reconhecer que 23% frota de ônibus em Porto Alegre tem ar condicionado,  5% dos ônibus estão adaptados para deficientes físicos e 3 milhões de passageiros não pagam a segunda passagem. “Não podemos não deixar de reconhecer”, finalizou.

Toni Proença (PPL)  se somou a Paulinho Rubem Berta colocando a Cuthab à disposição. “Lá podemos gerar um calendário de discussões, fortalecendo a Casa e a própria comissão”.

Mauro Pinheiro (PT) falou que em 2011 acompanhou o projeto Câmara no Ônibus, feito pela Câmara. “Durante os trajetos registramos vários problemas no transporte coletivo da cidade”, disse o parlamentar, enfatizando que o Legislativo tem obrigação de fiscalizar o sistema. “A passagem é a cara e o atendimento deixa a desejar”, afirmou.

Para João Antonio Dib (PP), se a população quer um sistema bom tem que ter tarifa justa. “Para isto é preciso planejamento e fiscalização”. Falou que o projeto que trata do resjuste da tarifa já está na Cuthab. “Duvido que um vereador o tenha estudado. Agora vir aqui e fazer discurso todos sabem”, criticou.

Sofia Cavedon (PT) disse que a experiência com o projeto Câmara no Ônibus demonstrou irregularidades. “Os motoristas dirigem com motor na frente, com  barulho e estresse, além  da superlotação”, disse a vereadora. Falou também sobre a falta de fiscalização. “Se a legislação fosse cumprida os problemas diminuiriam”.

Luiz Braz (PSDB) disse que viu falta de seriedade no debate. “Quando o PT dirigia a cidade ele foi generoso com o plus tarifário e agora faz discurso fazendo cobranças”. Falou que hoje Porto Alegre tem um serviço melhor do que a maioria das cidades do Brasil.  Braz, no entanto, destacou que o debate é sempre bem vindo.

Texto: Josemari Quevedo, com informações da Câmara de Vereadores.

Fotografia: Cintia Rodrigues.

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