Gastos de brasileiros no exterior batem recorde para meses de agosto
Os brasileiros continuaram gastando fortemente no exterior em agosto deste ano. Segundo números divulgados nesta quarta-feira (24) pelo Banco Central, as despesas lá fora somaram US$ 2,35 bilhões no mês passado.
Trata-se do maior valor já registrado para meses de agosto. O recorde anterior, para agosto, havia sido registrado em 2013 (US$ 2,2 bilhões em despesas no exterior). O gasto de agosto deste ano também foi o segundo maior para todos os meses, perdendo apenas para julho (US$ 2,41 bilhões).
Dólar estava mais baixo em agosto
O recorde de gastos de brasileiros no exterior para meses de agosto aconteceu em um momento de queda do dólar em relação ao patamar vigente no fim de 2013 e no início deste ano.
No fim do ano passado, a moeda americana estava cotada ao redor de R$ 2,34. Em janeiro e fevereiro deste ano, oscilou por volta de R$ 2,40. Em agosto deste ano, o dólar teve queda de 1,36% em relação ao fim de julho, fechando o mês passado em R$ 2,23.
O dólar mais baixo barateia as passagens e os hotéis cotados em moeda estrangeira, além dos produtos comprados lá fora. Outros fatores que impulsionam as despesas de brasileiros no exterior são o aumento da renda no Brasil e os preços mais baratos de produtos em outros países.
Acumulado do ano
Segundo os números do BC, as despesas no exterior também bateram recorde nos oito primeiros meses deste ano, quando somaram US$ 17,25 bilhões. O recorde anterior foi registrado no mesmo período de 2013, quando os gastos de brasileiros lá fora somaram US$ 16,6 bilhões.
No acumulado deste ano, o dólar ficou mais caro do que nos oito primeiros meses de 2013, o que não impediu o registro de um novo recorde de gastos lá fora. A moeda norte-americana iniciou o ano de 2013 em R$ 2,04, passando para cerca de R$ 1,98 em fevereiro e março, e avançando um pouco para R$ 2 em abril do ano passado. Somente em junho subiu um pouco mais, atingindo R$ 2,13 e avançando para R$ 2,21 no fim daquele mês. Em julho, oscilou ao redor de R$ 2,24. Somente em agosto do ano passado o dólar avançou para R$ 2,37.
Em 2014, porém, o dólar já estava muito mais caro. A cotação começou este ano em R$ 2,39 e oscilou ao redor deste patamar até março, quando caiu para R$ 2,32. Somente em abril de 2014, atingiu R$ 2,22 e ficou ao redor desta cotação (com altas e baixas pontuais) até o fim do primeiro semestre. Em julho deste ano, a cotação ficou ao redor de R$ 2,21, passando para R$ 2,23 em agosto.
Alta do IOF
As despesas de brasileiros no exterior bateram recordes mesmo com a adoção, no fim de 2013, de medidas para conter esses gastos. A alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – incidente nos pagamentos em moeda estrangeira feitos com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveller checks) e carregamento de cartões pré-pagos – foi elevada de 0,38% para 6,38% no fim do ano passado. Com isso, essas operações passaram a ter a mesma tributação dos cartões de crédito internacionais.
Histórico de gastos no exterior
Em 2013, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 25,3 bilhões e bateram recorde para um ano inteiro, contra US$ 22,2 bilhões nos 12 meses anteriores. Em 2011, as despesas dos nossos turistas lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões.
Até 1994, quando foi criado o Plano Real para conter a hiperinflação no país, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Mas, naquele ano, quando o real foi ao equiparado ao dólar, as despesas somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, elas oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999 e o dólar ultrapassando R$ 3 em um primeiro momento, as despesas lá fora também ficaram mais caras. Os gastos voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximo de US$ 3 bilhões.
As despesas de brasileiros fora do país voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano apenas em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento: em 2007, 2008 e 2009, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões.
Fonte: G1