Força do Pensamento - Temos que cobrar compromisso dos governantes com a segurança do trabalhador, diz Janta
Jousi Quevedo

“É hipocrisia defender direitos humanos para quem toma o direito de ir e vir do trabalhador”, afirmou o sindicalista.

O presidente da Força Sindical-RS, Clàudio Janta, participou do ciclo de debates Força do Pensamento e abordou o Trabalho Decente na perspectiva da Segurança Pública. O evento ocorre nesta segunda-feira, na sede da Força Sindical-RS. Conforme Janta, muitos problemas ocorrem pela baixa remuneração dos policiais. “Cabe a nós exigir o respeito dos governantes com a segurança do trabalhador”, disse. Janta criticou fortemente o preço que custa ao Estado o dia de um preso, que não tem função social alguma.

“É hipocrisia defender direitos humanos para quem toma o direito de ir e vir do trabalhador”, afirmou o sindicalista.

A impunidade é o que gera mais violência e não necessariamente a desigualdade social, disse o sindicalista. “De centenas de homens que agridem as mulheres, apenas uma pequena parcela é punida. Por isso, não custa nada agredir, fazer mal a alguém e depois, no máximo, ficar no ócio na cadeia via de regra”, ressaltou Janta.

O sindicalista defende que os presos sejam usados para a construção civil. “Esse papo de fascismo, nazismo por colocar presidiário para trabalhar não cola. A sociedade sabe que os defensores dos seres humanos são hipócritas”, afirmou, defendendo punição e correção a quem comete crimes.

As obrigações dos adultos de proteção aos menores no ECA são pontos comentados com frequência por Janta. Hoje não foi diferente. O sindicalista entende que o estatuto aplicado como está favorece a fraqueza das regras e da educação, ao não prever deveres a crianças e adolescentes.

“Temos que discutir o Estatuto da Criança e Educação (ECA) para determinar que a criança e o adolescente têm deveres e que também vão ser punidos se fizerem algo errado. É um absurdo os professores apanharem de alunos nas escolas e isso vem acontecendo. As crianças estão cada vez mais precoces e tem consciência dos atos. Isso só mudará com educação, as crianças tem que ter o dever de ir para a escola”, criticou Janta.

O sindicalista criticou ainda a possibilidade de privatização da segurança pública. “Com estes salários pagos a profissionais importantes para a segurança, é o que estão buscando, e a responsabilidade é do governo, porque é o ator social que joga o salário dos policiais e dos professores nos patamares que estão”, disse.

Janta questionou ainda como o setor privado consegue lucrar com questões que o Estado não consegue: “Muitas filantropias recebem dinheiro do governo e lucram. A resposta é simples”, disse o sindicalista.

Ao comentar a participação dos palestrantes, Janta destacou que a Força Sindical-RS criará uma cartilha em defesa das mulheres em prol da segurança. “E vamos pressionar para a fundação dos centros de recuperação que tratem de agressão às mulheres e o encaminhamento dos agressores. Estamos nos somando às lutas da Segurança Pública”, destacou.

** Debate com o público**

A produtora cultural Sílvia Duarte ressaltou a importância da sociedade nas discussões e cumprimentou os líderes comunitários que participaram. “Tem de ir nas reuniões do Orçamento Participativo, mesmo que não tenha prioridades aprovadas. Tem que se envolver, para saber também onde exatamente não funciona a demanda”, disse. Segundo Sílvia, a receptividade geral dos participantes nesta segunda-feira foi que o Secretário Estadual da Segurança, Airton Michels, fez um mea culpa, já que o governo não tem projetos de combate à violência, crescente em Porto Alegre e no RS em geral.

Já Laura Machado descreveu a realidade de dentro da cadeia, ao enfrentar o problema junto a seu filho. “A cadeia quer ser reformadora, mas é deformadora”, criticou.

Edson, da comunidade da Bom Jesus, concordou com Janta, especialmente porque muitas pessoas se prevalecem a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente. “É do ser humano se acomodar, e realmente o ECA não estipula regras a serem cumpridas e muitas pessoas que cometem delitos se resguardam nos direitos humanos”, disse.

Para concluir, Clàudio Janta falou que a ministra Maria do Rosário deve ouvir a sociedade e o que realmente precisa antes de criar leis e proteções a quem comete crimes. “Assim é que se coloca em agilidade um ministério para o bem de todos”, declarou.

Cátia Barbosa entregou o certificado a João Bortolini, como coordenador.

Texto: Josemari Quevedo

Imagens: Daiana Rodrigues

Realização: Instituto Girassol

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