Empacotador é fundamental
Mais importante do que o debate jurídico e técnico sobre a necessidade do trabalho dos empacotadores em supermercados, o Movimento das Donas de Casa do Rio Grande do Sul destaca que a ausência do serviço se constitui numa falta de respeito para com os consumidores. "Esses empresários precisam aprender que as donas de casa não vão ao supermercado para passear. Nós temos pressa e queremos ser bem atendidas", define a presidente da entidade Edy Maria Mussoi.
De acordo com o Movimento, grandes redes como Nacional, Big e Carrefour sobrecarregam os seus trabalhadores e também os consumidores, que são obrigados a esperar que um jovem trabalhador realize duas ou até três tarefas no atendimento de check-out. "Em nossa avaliação, apenas a rede Zaffari trata com decência seus clientes. Diante de tanta concorrência, na atualidade, consideramos que é uma falta de inteligência a prática empregada pelas demais redes, que deveriam buscar agradar à freguesia, mas preferem diminuir custos explorando esta meninada", descreve Edy.
Segundo a presidente do Movimento, em geral as donas de casa preferem bom atendimento a preços baixos, eventualmente oferecidos como atrativo para os consumidores. Edy também revela sua expectativa de que o Tribunal de Justiça devolva a validade para a lei municipal que exige a presença de empacotadores, quando for julgado o mérito da ação. Na visão do Movimento, a decisão liminar concedida no mês passado por desembargadores do TJ é prejudicial a trabalhadores e consumidores.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre também tem exercido pressão para recuperar a validade da legislação. Conforme o presidente Nilton Souza, a entidade tem levado informações à Procuradoria da Câmara de Vereadores da Capital sobre os danos ocasionados a trabalhadores pela dupla ou tripla função nos supermercados. A ideia é consolidar uma articulação política capaz de promover a recuperação da conquista. "Além da proteção à saúde dos trabalhadores, trata-se também de uma garantia para geração de emprego, principalmente do primeiro emprego para os jovens, que muitas vezes é o mais difícil de ser conseguido", diz Souza.
Segundo o Sindicato, não procede a queixa dos empresários de falta de mão de obra. Na avaliação do Sindec, o que afasta o interesse dos candidatos são os baixos salários e o excesso de atribuições exigidas pelo empregador. "Diante da condição de pleno emprego, o jovem com qualificação vai trabalhar em outra atividade. O supermercadista precisa valorizar mais seu trabalhador para qualificar o serviço prestado", define Souza.
Fonte: Correio do Povo