Em Porto Alegre, 30 mil pessoas reafirmam crítica ao capitalismo e crença na justiça social
Jousi Quevedo

Uma das maiores responsáveis pela inclusão do movimento sindical nas ações do Fórum Mundial ou Temático, a Força Sindical apresentou uma bancada composta por lideranças nacionais da Central.

Enquanto o pessimismo sobre o futuro econômico dava o tom no debate sobre a crise do capitalismo, na abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em Porto Alegre, mais de 30 mil pessoas participaram da tradicional caminhada que abre oficialmente o Fórum Social Temático (FST), que se realiza em Porto Alegre, de 24 a 29 de janeiro. Nem a chuva impediu a marcha das centrais sindicais e o desfile de inúmeras correntes de pensamento do movimento social, a exemplo dos ambientalistas, que inovaram ao se manifestar com humor e criatividade, na critica ao novo Código Florestal, ao consumismo e à destruição de mangues e reservas naturais.

Uma das maiores responsáveis pela inclusão do movimento sindical nas ações do Fórum Mundial ou Temático, a Força Sindical apresentou uma bancada composta por lideranças nacionais da Central, como Nair Goulart, presidente da Força da Bahia e presidente adjunta da Confederação Sindical Internacional (CSI) e Nilton Neco, presidente do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre e secretário nacional de Relações Internacionais da Força. O Sindec é a primeira entidade sindical do mundo a incluir na convenção coletiva da classe uma cláusula defendendo os preceitos da tese do Trabalho Decente, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual Neco é mebro do Conselho de Administração, eleito no 100º Conferência Internacional da entidade, realizado em Genebra, em 2011.

Ao longo do percurso de cinco quilômetros do Centro da capital gaúcha até o Anfiteatro Pôr-do-Sol, na orla do Lado Guaíba, ativistas da Força Sindical gritavam palavras de ordem propagandeando bandeiras históricas dos trabalhadores e da própria Central, como a reivindicação de redução da jornada de trabalho, resumida na frase “40 horas, Já!”.

João Tambi, membro da União Nacional dos Trabalhadores de Angola (UNTA), que representa cerca de 150 mil empregados, pregou a solidariedade dos trabalhadores de todo o mundo em torno do desenvolvimento social. Tambi defendeu que os avanços econômicos das nações sejam transferidos para o campo social, em clara alusão à conquista da sexta posição brasileira no ranking das maiores economias do mundo.

DESEMPREGO PREOCUPA JUVENTUDE LATINA

Octávio Rúbio, integrante Juventude da Central General de los Trabajadores (CGT), da Colômbia, demonstrou preocupação com o destino dos jovens da América Latina e Caribe, relativamente ao desemprego, que é o principal reflexo da crise mundial nessas regiões. Para ele, a juventude terá no FST2012, mais um ponto de apoio para difusão da tese do Trabalho Decente, alicerçada em políticas públicas específicas para a inserção no mercado de trabalho para jovens, os mais afetados pela falta de empregos de qualidade e de qualificação profissional.

A realidade brasileira, referência para o sindicalismo internacional pela unidade das centrais e a influência nas decisões de governo, é observada atentamente pelo mundo pela pujança da economia em plena crise mundial. “Brasil, China e Índia são exemplos do valor do mercado interno para a economia de países de extensão continental”, afirmou Clàudio Janta, presidente da Força Sindical/RS, destacando o diferencial brasileiro de investimento em programas sociais.

  • Será preciso redesenhar esse modelo e parar com a avareza que prevaleceu no sistema atual - disse Sharan Burrow, secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC), ao se referir à existência de 200 milhões de pessoas sem emprego no mundo e 45 milhões que entram no mercado de trabalho a cada ano.
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