Conferência do Bioma Pampa debate água com população, lideranças e gestores
por Jousi Quevedo |
Participaram Finamor Pinto, da Corsan; Sérgio Sady, da ALRS e do Simpósio das Águas; João Manoel Froner, da Agência Rio Uruguai. Marcelo Furtado, presidente do Instituto Girassol e mediador da mesa, saudou os presentes da plateia, composta por jovens, sindicalistas e trabalhadores da região. "Temos que debater a água para que haja projetos que amenizem os problemas no Rio Grande do Sul. Na Fronteira, a chuva passa por dois processos: ou vem de mais ou vem de menos", introduziu o sindicalista.
Representante da Corsan, Finamor referiu que 325 cidades no RS são abastecidas pela Corsan. "É uma empresa pública, estadual e que atende o saneamento básico. Em outros municípios é abastecido pelas prefeituras", explicou.
O gestor destacou a importância das Bacias Hidrográficas que integram o Aquífero Guarani. "É uma rocha permeável, de água subterrânea, não é uma fonte inesgotável", afirmou. A distribuição da água foi priorizada pelo sistema, mas o esgoto ainda carece de tratamento em algumas cidades, embora em 40 anos muito esgoto tenha sido tratado.
A Corsan está investindo fortemente em obras de esgoto no país, uma vez que precisamos partir para fazer a coleta e o tratamento dos esgotos, que refletem na qualidade dos rios".
Sérgio Sady trouxe as experiências dos debates realizados pelo GEAD de Desenvolvimento Ambiental no Fórum Democrático da ALRS. Ele criticou a poluição de pesticidas no Aquífero Guarani originados das grandes lavouras, sem sustentabilidade para a região. "Debatemos este tema da água da chuva há mais de 20 anos e agora colocamos no RS o tema como principal com a participação de representante da ONU nesta discussão que é de interesse de todos", celebrou Sady, ao destacar que lideranças mundiais estão alertadas sobre os problemas.
Temos que agilizar o aproveitamento da água das chuvas, com barramentos para assegurar a água. Com os processos certos, recarrega inclusive o Aquífero Guarani", disse.
Alexandra Bravo, do Departamento de Água e Esgoto de Livramento, afirmou que o DAE utiliza 100% da água do Aquifero Guarani, com adição de cloro, apenas. "Ao adicionar este químico, a água se torna potável, tornando a água mais barata. Aqui, cada região tem seu abastecimento, com postos de captação, tratamento e distribuição", explicou, mas alertou que o manacial corre o risco de ser contaminado, apesar do recarregamento.
Da Agência Rio Uruguai, Froner ressaltou a participação dos estudantes na Conferência e demonstrou gratidão pela programação proposta pela Força Sindical-RS e Instituto Girassol. De São Borja, o debatedor falou da poluição com degetos no Rio Uruguai. "A Corsan tem projetos pontuais e o DAE tem projetos de Livramento", disse, complementando que a Bacia sustenta muitos municípios na região. "São as águas supercificias que contaminam o Aquífero Guarani", disse.
A natureza não tem fronteiras, o homem que criou essas fronteiras", disse, referindo a necessidade de integração entre os povos fronteiriços. Um vídeo sobre o Rio Uruguai foi apresentado e ficará à disposição da população na Câmara de Vereadores de Livramento.
Semanas atrás foram aprovadas duas audiências públicas do Mercosul e da Agricultura sobre a água, mas nenhum representante destes segmentos, pela primeira vez, compareceu à Conferência do Bioma Pampa.
Na plateia, alunos e professores participaram dos debates. A professora Elvira Cardoso, da Escola Alceu Wamosy; e Ana Luiz Ely, da Escola Santa Tereza de Jesus, trouxeram os alunos de Ensino Médio. Comerciários de Pelotas, Quaraí e Porto Alegre, além de representante do SindiSaúde de Uruguaiana e Sindimercosul, estiveram presentes. O presidente em exercício da Fetracos, Dionísio Mazui, prestigiou a conferência.
Debate com o público
O presidente da Força Sindical-RS e da Fetracos, Clàudio Janta, cobrou da região da Fronteira Oeste indignação para que benesses do governo também incluam esta população. "As pessoas da Fronteira tem que se indignar, aprovamos audiências públicas e ninguém compareceu. Cabe a todos cobrar dos deputados por que não estão aqui discutindo o futuro da região, dos jovens", declarou Janta, sendo aplaudido pelos presentes.
Marco Vieira questionou à mesa o preço das águas conforme a variação da maneira de tratamento e distribuição.
A área agrícola também foi questionada pelo público presente. O questionamento se deu, especificamente, sobre o uso desordenado de cultivo da soja. "A área de recarga do Aquifero Guarani se compromete com o uso de pesticidas", afirmou Leandro Ferreira, de Livramento.
Priscila Melo, do Uruguai, elogiou o caráter dos debates da Conferência Internacional do Bioma Pampa. "A oportunidade a nós estudantes é importante. Agora estamos colocando em prática conhecimentos teóricos neste debate", disse.
Alexandra respondeu que a água do Aquífero em Livramento, como tem menos tratamento, é mais barata. "São coisas diferentes, não dá para comparar", disse Finamor, explicando que a infra-estrutura da Corsan é maior e mais cara. "A água tem que ser tratada, e não importa a qualidade", afirmou.
A representante do DAE destacou a necessidade de preservar o Aquífero. "O processo tem que ser cuidadoso e monitorado, não contamos com aparato técnico", ressalvou, cobrando educação ambiental da população para que não joguem objetos e dejetos no Aquífero.
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