Conferência do Bioma Pampa debate água com população, lideranças e gestores
Jousi Quevedo

O segundo dia de conferência contou com mesa na manhã da sexta-feira, dia 9/11/2012, integrada pelo vereador Germano Camacho, presidente da Câmara de Livramento.

Participaram Finamor Pinto, da Corsan; Sérgio Sady, da ALRS e do Simpósio das Águas; João Manoel Froner, da Agência Rio Uruguai. Marcelo Furtado, presidente do Instituto Girassol e mediador da mesa, saudou os presentes da plateia, composta por jovens, sindicalistas e trabalhadores da região. "Temos que debater a água para que haja projetos que amenizem os problemas no Rio Grande do Sul. Na Fronteira, a chuva passa por dois processos: ou vem de mais ou vem de menos", introduziu o sindicalista.

Representante da Corsan, Finamor referiu que 325 cidades no RS são abastecidas pela Corsan. "É uma empresa pública, estadual e que atende o saneamento básico. Em outros municípios é abastecido pelas prefeituras", explicou.

O gestor destacou a importância das Bacias Hidrográficas que integram o Aquífero Guarani. "É uma rocha permeável, de água subterrânea, não é uma fonte inesgotável", afirmou. A distribuição da água foi priorizada pelo sistema, mas o esgoto ainda carece de tratamento em algumas cidades, embora em 40 anos muito esgoto tenha sido tratado.

"A Corsan está investindo fortemente em obras de esgoto no país, uma vez que precisamos partir para fazer a coleta e o tratamento dos esgotos, que refletem na qualidade dos rios".

Sérgio Sady trouxe as experiências dos debates realizados pelo GEAD de Desenvolvimento Ambiental no Fórum Democrático da ALRS. Ele criticou a poluição de pesticidas no Aquífero Guarani originados das grandes lavouras, sem sustentabilidade para a região. "Debatemos este tema da água da chuva há mais de 20 anos e agora colocamos no RS o tema como principal com a participação de representante da ONU nesta discussão que é de interesse de todos", celebrou Sady, ao destacar que lideranças mundiais estão alertadas sobre os problemas.

"Temos que agilizar o aproveitamento da água das chuvas, com barramentos para assegurar a água. Com os processos certos, recarrega inclusive o Aquífero Guarani", disse.

Alexandra Bravo, do Departamento de Água e Esgoto de Livramento, afirmou que o DAE utiliza 100% da água do Aquifero Guarani, com adição de cloro, apenas. "Ao adicionar este químico, a água se torna potável, tornando a água mais barata. Aqui, cada região tem seu abastecimento, com postos de captação, tratamento e distribuição", explicou, mas alertou que o manacial corre o risco de ser contaminado, apesar do recarregamento.

Da Agência Rio Uruguai, Froner ressaltou a participação dos estudantes na Conferência e demonstrou gratidão pela programação proposta pela Força Sindical-RS e Instituto Girassol. De São Borja, o debatedor falou da poluição com degetos no Rio Uruguai. "A Corsan tem projetos pontuais e o DAE tem projetos de Livramento", disse, complementando que a Bacia sustenta muitos municípios na região. "São as águas supercificias que contaminam o Aquífero Guarani", disse.

"A natureza não tem fronteiras, o homem que criou essas fronteiras", disse, referindo a necessidade de integração entre os povos fronteiriços. Um vídeo sobre o Rio Uruguai foi apresentado e ficará à disposição da população na Câmara de Vereadores de Livramento.

Semanas atrás foram aprovadas duas audiências públicas do Mercosul e da Agricultura sobre a água, mas nenhum representante destes segmentos, pela primeira vez, compareceu à Conferência do Bioma Pampa.

Na plateia, alunos e professores participaram dos debates. A professora Elvira Cardoso, da Escola Alceu Wamosy; e Ana Luiz Ely, da Escola Santa Tereza de Jesus, trouxeram os alunos de Ensino Médio. Comerciários de Pelotas, Quaraí e Porto Alegre, além de representante do SindiSaúde de Uruguaiana e Sindimercosul, estiveram presentes. O presidente em exercício da Fetracos, Dionísio Mazui, prestigiou a conferência.

Debate com o público

O presidente da Força Sindical-RS e da Fetracos, Clàudio Janta, cobrou da região da Fronteira Oeste indignação para que benesses do governo também incluam esta população. "As pessoas da Fronteira tem que se indignar, aprovamos audiências públicas e ninguém compareceu. Cabe a todos cobrar dos deputados por que não estão aqui discutindo o futuro da região, dos jovens", declarou Janta, sendo aplaudido pelos presentes.

Marco Vieira questionou à mesa o preço das águas conforme a variação da maneira de tratamento e distribuição.

A área agrícola também foi questionada pelo público presente. O questionamento se deu, especificamente, sobre o uso desordenado de cultivo da soja. "A área de recarga do Aquifero Guarani se compromete com o uso de pesticidas", afirmou Leandro Ferreira, de Livramento.

Priscila Melo, do Uruguai, elogiou o caráter dos debates da Conferência Internacional do Bioma Pampa. "A oportunidade a nós estudantes é importante. Agora estamos colocando em prática conhecimentos teóricos neste debate", disse.

Alexandra respondeu que a água do Aquífero em Livramento, como tem menos tratamento, é mais barata. "São coisas diferentes, não dá para comparar", disse Finamor, explicando que a infra-estrutura da Corsan é maior e mais cara. "A água tem que ser tratada, e não importa a qualidade", afirmou.

A representante do DAE destacou a necessidade de preservar o Aquífero. "O processo tem que ser cuidadoso e monitorado, não contamos com aparato técnico", ressalvou, cobrando educação ambiental da população para que não joguem objetos e dejetos no Aquífero.

Texto: Josemari Quevedo.

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