Comerciários vão às ruas contra chantagem patronal
Andréia Sarmanho

Sem acordo, categoria faz mobilização histórica em Porto Alegre na semana que antecede o Natal.

Os comerciários de Porto Alegre protagonizaram uma manhã histórica para a categoria nesta segunda-feira, 17. Pela primeira vez na história do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, a negociação pelo reajuste salarial não chegou a um acordo com o sindicato patronal, mobilizando a categoria pela valorização e reconhecimento do seu trabalho. Centenas de pessoas foram às ruas do centro da cidade, exigindo o aumento real e levando a público a batalha enfrentada pelos comerciários na Capital.

Nas lojas dos principais pontos comerciais do centro, a população acompanhou a passeata que, em tom de protesto, simbolizou com Papais Noéis magros o Natal da família comerciária, sem o reajuste. "Nós ajudamos o país a sair da crise, contribuímos para as empresas crescerem. Nunca na história de Porto Alegre o comércio cresceu tanto em ritmo de vendas e os empresários do setor lojistas e ótico não reconhecem isso na hora de discutir", declarou o presidente do Sindec-POA, Nilton Neco. O líder ainda frisou que a recusa dos 8% de aumento para os trabalhadores comerciários, com os 2% de aumento real, denotam a falta de reconhecimento ao trabalho da categoria.

A mobilização contou ainda com o apoio de sindicatos de comerciários de outros municípios e da federação da categoria no estado, a Fetracos. O presidente em exercício, Dionisio Mazui, destacou o papel de conscientização do ato em Porto Alegre, na busca de prestar esclarecimento aos comerciários e consumidores acerca das relações de trabalho no comércio. "A vitória é o reajuste já, é os trabalhadores multiplicando essas informações e mostrar que o trabalhador unido, não será vencido", bradou o dirigente, que também preside o sindicato da categoria no município de Quaraí.

Conclamando a categoria a seguir em mobilização, o secretário-geral do Sindec-POA, Clàudio Janta, lembrou o aumento dos índices das vendas nas lojas em 2012 e fatores que colaboraram com o bom momento do comércio, como a redução dos índices de inadimplência para o consumidor. "Todos os institutos prevêem um crescimento e um acréscimo nas vendas e os patrões aproveitam esse momento, que a categoria pede um ajuste, simplesmente para chantagear a categoria vinculando o aumento à abertura do comércio no feriado e aos domingos, sem dar um prêmio, sem reconhecer a luta histórica dos comerciários", criticou Janta, que também é líder da Força Sindical no estado.

Encerrando o ato na Esquina Democrática, os líderes garantiram que a batalha dos comerciários está apenas no começo. Com caminhadas previstas para toda a semana, na expectativa da resolução sobre o aumento salarial, o recado também foi para os consumidores, pela antecipação das compras. Os dirigentes sindicais sinalizaram a possibilidade de paralisação do comércio no dia 21, quando as vendas do Natal devem atingir o ápice com o pagamento do 13º salário: "Vamos trabalhar com mobilizações e, se for o caso, vamos até fazer greve e pressionar no Tribunal do Trabalho para que seja julgado o mais rápido possível o dissídio coletivo da categoria, que é a única alternativa que temos hoje", declarou o presidente Neco.

A próxima mobilização acontece amanhã, terça-feira, com concentração a partir das 10h, no Viaduto da Conceição. O trajeto deve seguir pela rua Voluntários da Pátria, até o Mercado Público.

Texto: Andréia Sarmanho

Colaboração: Gabriella Oliveira e Ligiane Brondani

Imagens: Ana Labres, Cintia Rodrigues e Daiana Rodrigues

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