Funcionamento do comércio no final de ano
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Após fechar fevereiro em queda, o preço da cesta básica em Porto Alegre voltou a registrar aumento em março. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o conjunto de gêneros alimentícios essenciais na Capital encareceu 1,75%, chegando aos R$ 360,01. No ano, a cesta acumula alta de 3,28%, e, nos últimos 12 meses, de 1,08%.
Dos 13 produtos analisados, nove tiveram alta no mês passado, sendo as principais a da banana (15,73%), a do leite (10,25%) e a do óleo (5,25%). "Embora não sejam os itens de maior peso no cálculo - a carne, por exemplo, que subiu 0,54% no mês, representa, sozinha, 40% da cesta básica - a alta do preço do conjunto foi puxado principalmente por esses alimentos", comenta a economista do Dieese, Daniela Baréa Sandi.
Além das questões climáticas e sazonais em relação à banana, afetada pela seca nos principais estados produtores, e ao leite, que entra na entressafra, o início do ano letivo também influenciou a alta dos preços, já que ambos têm utilização significativa na merenda escolar.
A relativa estabilidade no preço da carne, antes vilã e principal responsável por tornar a cesta de Porto Alegre a mais cara do País no início do ano passado, é explicada pela economista justamente pela forte elevação nesse período, o que teria forçado os consumidores a trocarem os cortes bovinos por frango e outras carnes mais baratas. Sem a pressão da proteína animal, a Capital não lidera o ranking nacional desde abril de 2014, e teve, no mês passado, a terceira cesta mais cara, atrás de São Paulo (R$ 379,35) e Vitória (R$ 363,62).
Ao todo, 13 das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese registraram alta no preço da cesta básica. Apenas Salvador (-2,79%), Brasília (-1,06%), Goiânia (-0,66%), Florianópolis (-0,45%) e Natal (-0,15%) apresentaram redução. A maior alta foi encontrada em Manaus, onde a cesta subiu 4,92% em março.
Embora esteja mais cara em termos absolutos, a relação da cesta básica com o salário-mínimo tem se tornado mais favorável aos consumidores. Em março, o valor do conjunto de alimentos essenciais em Porto Alegre representou 49,66% do salário-mínimo nacional líquido, enquanto a mesma relação era de 53,47% no mesmo mês de 2014. "O poder de compra hoje é maior, em virtude da valorização do salário-mínimo", argumenta Daniela.
No início do Plano Real, por exemplo, a cesta básica custava R$ 70,80, praticamente um quinto do valor atual. O salário-mínimo, porém, era de apenas R$ 64,79, menor, portanto, do que o necessário para a compra do conjunto de produtos. Mesmo assim, segundo os cálculos do Dieese, caso atendesse à Constituição, que determina que seja suficiente para suprir todas as necessidades de uma família com dois adultos e duas crianças, o salário-mínimo deveria ser de R$ 3.186,92, pouco mais de quatro vezes maior do que o atual, de R$ 788,00. Em março, quem recebe o mínimo em Porto Alegre precisou trabalhar 100 horas e 31 minutos apenas para comprar o conjunto.
Para a economista, a volatilidade no preço da cesta, que recebe fortes influências de questões climáticas, períodos de safra distintos e desvalorização do real, torna difícil fazer previsões para o comportamento nos próximos meses. "De qualquer forma, os alimentos vêm puxando um pouco mais os preços, mas ainda é muito cedo para dizer que serão eles os vilões da inflação", afirma Daniela, argumentando que outros itens, como combustíveis e energia, principalmente, também registram altas consideráveis.
Fonte:Jornal do Comércio
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