Cenário mundial e atualidade da economia brasileira pautam palestra de Rigotto
Jousi Quevedo

Rigotto afirmou que tem falado, atualmente, menos na Reforma Tributária, porque "não vai passar" e por isso tem preferido falar sobre cenário econômico mundial.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, palestrou sobre Desenvolvimento Regional e Reforma Tributária para um plateia curiosa em saber o que será feito sobre a reforma tributária, especialmente, em função da redução de juros e tributos ser uma das principais bandeiras de luta de sindicatos e da Força Sindical como um todo. A visão de que os incentivos são prioritários para o Nordeste por não ser desenvolvido em detrimento da Região Sul que seria desenvolvida, segundo Rigotto, coloca as regiões em desigualdade até mesmo na disputa por mínimos recursos. Há diferenciações mais complexas que devem ser feitas, envolvendo a discussão do Pacto Federativo.

Rigotto afirmou que tem falado, atualmente, menos na Reforma Tributária, porque "não vai passar" e por isso tem preferido tratar do cenário econômico mundial.

A crise internacional começou em 2008 com a quebra dos bancos americanos. Rigotto lembrou que o então presidente Lula disse que seria uma "marolinha", porque não impactaria no Brasil como em outros países. "A crise aconteceu porque a economia americana enfrentava um revés terrível, um déficit e o crescimento da dívida americana estava em nível altíssimo. Foi uma irresponsabilidade fiscal dos Estados Unidos muito grande as ações que geraram a crise", destacou.

Como resultado e consequência, as montadoras americanas não acompanharam o avanço das montadoras chinesas e japonesas, com o governo americano tendo que socorrer as empresas. A irresponsabilidade decorreu de que o governo americano distribuiu a crise com o mundo inteiro, porque, explicou Rigotto, foi uma forma de encobrir que o sistema financeiro americano estava totalmente desregulado, sendo esta a principal irresponsabilidade americana.

O impacto no Brasil não foi grande, porque havia reservas no país. Hoje não há bancos estatais na Europa e nos Estados Unidos, com todas as instituições privatizadas, o que agrava a situação destas nações. "As crises, de 2008 e a nova, faz com que os bancos quebrem e provavelmente esta crise dure, porque não há solução e o sistema financeiro americano está muito fragilizado", afirmou Rigotto, dizendo ainda que não existe solução para a crise da Grécia.

A situação do Brasil mais cômoda atrai capital especulativo, disse Rigotto, em função do câmbio, que acarreta juro alto, além de ter uma logística local que prejudica competitivamente o Brasil. "O país tem essa questão do câmbio que tira as condições de concorrer com as importações, redundando em desindustrialização. Mas a crise pode melhorar em algum aspecto. No caso, o Banco Central que reduziu a taxa Selic. Não há como manter uma taxa Selic alta", disse o ex-governador.

A redução significou menos incentivo para entrada de capital especulativo no país. "Ações que segurem os empregos e defendam a indústria nacional são mais do que importantes como políticas de governo, porque o processo do capital especulativo é nefasto para a indústria nacional", bradou Rigotto, sendo aplaudido.

O ex-governador vê até mesmo saídas para o Brasil no contexto de crise mundial. "A crise possibilita que tomemos medidas que não estavam acontecendo como redução dos juros e ações em defesa da indústria", elogiou o ex-governador. O Brasil tem de tirar deste cenário de crise oportunidade para continuar crescendo e tendo medidas para manter a economia crescendo e em pleno emprego. "E o governo tem como fazer isso", garantiu, o ex-governador.

"O país pode sair disso tudo fortalecido e junto com China e Índia ser a grande bola da vez", frisou.

Reforma tributária

Sobre o sistema tributário no Brasil. Rigotto afirmou que no país é concentrador de renda, prejudicando os pequenos empresários e os trabalhadores. Conforme o palestrante, 54% do que o trabalhador ganha é consumido por impostos. Além disso, afirmou que se ocorrer a reforma tributária algum dia, será gradual e de transição calma, e não de um ano para o outro. "A reforma tributária no Brasil está emperrada, não tem mobilização para sair. Há uma reforma política também travada e com propostas esdrúxulas, além de um Pacto Federativo distorcido, mas mesmo assim o Brasil  tem condições de avançar mais do que outros países em contexto de crise, porque temos riquezas diversas e capacidades excepcionais", afirmou.

A mediação foi do diretor da Força Sindical-RS e tesoureiro do Sindec, Luis Carlos Barbosa; e Izelda Oro, presidente do Sindicato da Construção e Mobiliário de Chapecó.

Texto: Josemari Quevedo.

Fotografia: Cíntia Rodriguês.

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