Brasileiros já pagaram R$ 300 bi em impostos
Jousi Quevedo

A velocidade em que o recolhimento de impostos vem crescendo nos últimos anos se explica pelo aquecimento da economia.

Tornou-se comum no País bater recorde atrás de recorde na arrecadação de impostos. Hoje, o contribuinte brasileiro somou R$ 300 bilhões em tributos pagos desde o início do ano, o que dá média de R$ 572,88 por pessoa.

No ano passado, o montante foi atingido oito dias depois. Em 2009, 23 dias adiante e, em 2008, 24 dias mais para frente. A velocidade em que o recolhimento de impostos vem crescendo nos últimos anos se explica pelo aquecimento da economia, que se expandiu principalmente após a recuperação da crise financeira. Também pela expressiva geração de emprego com carteira assinada no ano passado e o consequente aumento do poder de compra.

Esses dados são mensurados pelo CF51Impostômetro/CF, ferramenta criada em parceria entre o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). O painel, com os números, fica exposto no Centro de São Paulo.

IMPOSTOS

Dos R$ 300 bilhões, a maior parte provém do pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). São R$ 60 bilhões que refletem o aumento da produção e do consumo. Em segundo lugar figura o INSS (Instituo Nacional do Seguro Social), que recolheu R$ 58 bilhões desde o início do ano. Na sequência tem-se a Cofins, com R$31,5 bilhões CF51(veja arte acima).

Embora o crescimento seja proveniente da melhora da economia, o maior problema dos tributos é a alíquota que incide sobre eles. Os percentuais absurdos fazem com que muita gente praticamente trabalhe apenas para pagar impostos.

DESCOMPASSO

O economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo, destaca que a arrecadação de tributos cresce mais do que a economia, 12% e 7,5% respectivamente. "Isso significa que a sociedade está transferindo mais recursos para o governo e está trabalhando mais para sustentá-lo", aponta. E, para este ano, a diferença entre os crescimentos será ainda maior; espera-se incremento de 4,5% na economia e de 11% para o recolhimento de impostos.

E essa discrepância não é de hoje. O presidente do IBPT, João Eloi Olenike, lembra que, conforme estudo do instituto divulgado recentemente, nos últimos dez anos a carga tributária cresceu cinco pontos percentuais, passando de 30,3% para 35,13%.

Enquanto a arrecadação obteve incremento de 264,4%, o PIB (Produto Interno Bruto) evoluiu somente 212,3%. "Isso significa que os governos federal, estaduais e municipais subtraíram da sociedade R$ 1,850 trilhão além do que o País efetivamente cresceu", diz Olenike.

A arrecadação, que encerrou 2010 com R$ 1,27 trilhão, deve chegar a R$ 1,45 trilhão neste ano.

Fonte: Diário do Grande ABC

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