Não é difícil perceber, mas é triste constatar - a Saúde em Porto Alegre continua em segundo plano. Nesta semana vimos a repetição de um cenário que está se firmando como constante na nossa cidade, com emergências lotadas, atendimento sem dignidade e descaso total com a vida das pessoas.
O pior de tudo é que a situação se perpetua e nada é feito para mudar. Nosso prefeito Fortunati foi aprovado pelo povo, com 65% dos votos, porque Porto Alegre confia e acredita na sua vontade de fazer. Mas, nas mesmas eleições, Porto Alegre mostrou rejeição ao governo, insatisfeita com a falta de resultados das secretarias, optando por um legislativo de oposição, não apenas partidária, mas propositiva.
A decisão de manter a administração da secretaria da Saúde resume-se numa afronta à esperança das pessoas. Um desrespeito com todos que são maltratados pelo sistema e que ainda acreditaram na mudança, como a mãe que percorre mais de quatro unidades de saúde diferentes para conseguir atendimento para o filho especial, o morador que tem atendimento negado no posto ao lado de casa por ser considerado de uma zona diferente e a senhora que esperou seis anos para conseguir uma consulta com um especialista. Parece absurdo, mas as histórias destas três pessoas são reais e, certamente, parecidas com a de muitos outros porto-alegrenses que querem que Saúde seja prioridade. E isto não se trata apenas de garantir leitos nos hospitais, mas também de se trabalhar a prevenção, de garantir que os Postos de Saúde permaneçam abertos e que haja atendimento.
Sabemos que o problema da Saúde é nacional. Faltam médicos em todo o Brasil e a solução óbvia da importação de mão-de-obra qualificada, tão difundida nos demais setores, não é aplicada. Os estrangeiros já ajudam a construir nosso país, através da engenharia e tantas outras ciências. Muitos dos nossos médicos preparam-se no exterior, especializando-se por meio de pós-graduações e doutorados, então por que não podemos aceitar diplomados de fora? Poderíamos suprir a demanda de médicos liberando os cubanos, que têm a medicina mais avançada do mundo, por exemplo, para atenderem o nosso povo.
Assim como no país, a demanda da Saúde na nossa cidade exige um planejamento em longo e médio, mas também a curto prazo. Porto Alegre deve estar preparada para implementar soluções locais de imediato. É inadmissível que tenhamos unidades de Saúde inoperantes. Além do juramento, o médico é um servidor público, com uma jornada de trabalho estabelecida e deve ser fiscalizado. Cabe ao governo dar condições para que isso aconteça e cabe à sociedade civil exigir que isso ocorra.
Ninguém tem hora marcada para ficar doente e o atendimento médico é direito de todos nós. Saúde é uma necessidade permanente, por isso Posto de Saúde deve, sim, funcionar 24h. Por esta batalha, pelo direito à vida, pelo bem-estar próprio e das nossas famílias, que devemos exigir dos representantes eleitos, da administração municipal e dos médicos a legitimação deste direito. Vamos à luta!
Clàudio Janta - presidente regional da Força Sindical e secretário-geral do Sindec-POA.
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