40% das empresas preveem aumento real de salário
Jousi Quevedo

92% dos empresários querem dar reajustes em 2012 e quase metade espera conceder índice acima da inflação.

A maioria dos empresários brasileiros pretende dar reajustes salariais a seus empregados em 2012 e quase metade deles espera conceder aumentos reais. A tendência foi apontada em pesquisa feita pela consultoria internacional Grant Thornton com empresas em 40 países. Pelo levantamento, 92% dos dirigentes empresariais ouvidos no Brasil disseram ter a intenção de reajustar a remuneração de seus funcionários neste ano, sendo que 40% dos entrevistados estimam ser possível a concessão do aumento acima da inflação.

Para Douglas Oliveira, sócio da Grant Thornton no Brasil, os números mostram a confiança do empresariado no bom momento da economia nacional e também a intenção de manter ou atrair o bom funcionário na empresa. Feita a cada três meses, a pesquisa indicou crescimento de 10 pontos percentuais no número de empresários que prometem aumento real, quando comparado com o levantamento do trimestre anterior. No Brasil, foram ouvidos dirigentes de 200 empresas de médio e grande portes, 95% delas dos setores de serviços, manufatura, construção e varejo, empregando de 50 a 500 funcionários.

Desafio/ “O Brasil vive um momento de otimismo, com crescimento da economia. Como isso leva ao desafio da qualificação da mão de obra, as empresas procuram reter seus talentos. A remuneração é uma das formas de segurar esses talentos”, disse Oliveira. Segundo ele, a busca pelo bom funcionário existe em todos os níveis das empresas. Ele chamou a atenção também para a importância do aumento real prometido pelos dirigentes entrevistados, já que isso  mantém o poder de compra do trabalhador.

Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), afirmou que a pesquisa expõe um cenário esperado para 2012.

“A tendência para este ano é de queda na inflação, o que melhora o ambiente das negociações de reajustes salariais. Se acrescentarmos a expectativa de melhora na economia, temos uma tendência favorável para a concessão de aumentos reais”, disse ele.

Segundo ele, entre 70% e 80% das categorias profissionais conseguiram reajustes acima da inflação em 2011, tendência que deve se manter neste ano. Outra fator que favorece o trabalhador é o aumento do salário mínimo acima da inflação. “Isso pressiona a favor de aumentos. De uma maneira geral, os salários no Brasil ainda são baixos e, portanto, há espaço para avançar”, afirmou.

Sindicalista vê cenário bom para negociações

João Carlos Gonçalves Juruna, secretário-geral da Força Sindical, disse que o cenário nacional é favorável à obtenção de ganho real. “Apesar da crise internacional, o Brasil vive um bom momento, com previsão de crescimento, queda na taxa de juros e estímulo à produção e ao consumo interno. O nível de emprego também está bom, o que estimula o empresário a conceder aumento para manter o bom empregado”, disse.11.500 empresas de 40 países foram ouvidas na pesquisa

Dieese aponta ganhos  em 84% dos acordos

Estudos do Dieese mostram que pelo menos desde 2009 as negociações salariais têm rendido ganhos reais. Somente no primeiro semestre de 2011, 84% dos acordos salariais fechados já previam aumento acima da inflação. A tendência se manteve no restante do ano, mas o Dieese ainda não fechou os dados do período.

Fonte: Diário de SP

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