Natal 2013 será do brinquedo e do vestuário
Gabriella Oliveira

Pesquisas apontam preferência por itens de valor agregado e volume de quatro a cinco presentes por família.

Se as crianças foram menos contempladas em Natais anteriores – quando os adultos estavam mais comprometidos com parcelas de pagamento da aquisição de bens de consumo duráveis, como carros e casa própria –, neste ano, os pequenos devem “lavar a alma” em 25 de dezembro. Segundo pesquisas realizadas por diversas entidades do varejo, os brinquedos aparecem em segundo lugar no ranking da lista de intenção de compras para a data festiva, ficando atrás somente do líder histórico: as peças de vestuário.

Outra tendência que aparece nas pesquisas é que, ao invés de sair distribuindo lembrancinhas para amigos, colegas e parentes mais distantes, as pessoas devem optar por comprar produtos de valor agregado para os membros da família, uma atitude que repete o ritmo do ano passado. Isso explica a estatística que afirma que a demanda média deste Natal deve ser de quatro a seis presentes por consumidor.

Destaque da pesquisa de intenção de compras para o Natal realizada pela Associação Gaúcha do Varejo (AGV), as vendas de brinquedos neste período devem superar as de perfumes e cosméticos (11%) e as de calçados e bolsas (10%), representando cerca de 14% da procura, perdendo apenas para as confecções (28%). “Nete ano, 70% das indicações estão voltadas para as festas familiares, o que se refletirá em maior busca de produtos para filhos, esposas, pais, mães, maridos e afilhados. E a criançada aparece disparado na lista dos que serão presenteados”, sinaliza o presidente da entidade, Vilson Noer.

Segundo o dirigente, o levantamento registrou que o ticket médio das compras natalinas deve ficar em torno de R$ 75,00 por unidade, o que representará uma média de R$ 370,00 de gastos, levando em conta que cada consumidor compre cinco presentes. Noer avalia que esse volume de mimos por pessoa não pode ser considerado baixo. “Levando em consideração que 2013 foi um ano mais difícil para o varejo, com maior contenção por parte dos clientes, é bem positivo”, afirma. “Por outro lado, os consumidores demostraram que pretendem gastar um pouco menos do que em 2012, quando o ticket médio foi de R$ 80,00 por presente”, ressalta.

À medida que a data se aproxima, os resultados sofrem leve queda: algumas pessoas já prometem “puxar o freio”, dando preferência por quitar dívidas e aplicar parte do 13º salário na poupança. Na pesquisa encomendada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA) em parceria com o Sindilojas POA, que foi realizada um mês antes do estudo da AGV, o ticket médio acenava ser mais gordo, de R$ 87,67 por presente. No levantamento, o volume previsto de contemplados foi maior, em média, seis pessoas para cada comprador. Neste estudo, os entrevistados também afirmaram que as crianças estariam na lista de prioridades. De acordo com o total de respostas de 400 consumidores, 70% das compras devem ser voltadas para roupas e 47% para brinquedos, este ano mais demandados que itens eletrônicos (19,9%), calçados (19,4%) e perfumaria (17,2%).

De acordo com o vice-presidente da CDL-POA, Alcides Debus, a expectativa dos lojistas é de que o período de vendas para o Natal incremente as receitas do setor em R$ 391 milhões. A cifra é levemente maior (9%) do que a registrada no ano passado. O dirigente lembra que o índice ficou abaixo da expectativa dos varejistas, que oscilava entre 10% e 15%. “Mesmo assim, devemos festejar o acréscimo, uma vez que uma série de fatores em nível macroeconômico (como oscilações na economia e alta do dólar) contribui para esse resultado”, avalia Debus.

Homens buscam itens de maior valor, e as mulheres presenteiam mais pessoas com lembrancinhas

Supermercadistas de todo o Estado já preparam estratégias para atrair a atenção dos consumidores, que em recente pesquisa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) afirmaram que, no período de Natal, devem adquirir em torno de quatro presentes por pessoa em estabelecimentos do gênero. “Neste ano, há mais disposição em contemplar os membros da família, mas sempre há aquelas que acabam decidindo levar lembrancinhas de última hora”, afirma o presidente da entidade, Antonio Cesa Longo. Segundo ele, apostando nisso, o “varejo vai trabalhar para que a quantidade de produtos por pessoa seja maior”.

O dirigente avalia que os consumidores estão mais conscientes e demonstram estar mais contidos em relação aos custos, o que irá se refletir em comportamento mais agressivo do varejo, com maior opção de formas de pagamentos, ofertas e exposição de produtos.  “O consumidor sabe a força que tem, por isso, as empresas têm que ser eficientes em oferecer vantagens para superar o número de presentes previsto por pessoa.”

A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, destaca que, enquanto as mulheres pretendem comprar mais do que os homens, estes devem gastar mais que elas. A ala masculina promete gastar uma média de R$ 477,00, comprando em torno de quatro a cinco presentes, de acordo com um levantamento realizado pela entidade. “Os homens presenteiam menos pessoas, mas gastam mais, porque pesquisam menos, e, para eles, dar uma coisa cara é dar algo bom”, analisa.

Responsáveis pela compra de presentes da casa e com a preocupação de manter o orçamento em ordem, as mulheres representam o segmento que dará mais lembrancinhas. Isso explica por que com gastos previstos em torno de R$ 479,00 as mulheres conseguirão dar cerca de seis presentes em média. “Não há mudança no perfil de compra do consumidor, mas sim mais planejamento”, afirma Patrícia. Segundo o levantamento da Fecomércio, 67,3% dos entrevistados pretendem fazer compras à vista.

Mais consciente, consumidor mostra-se seletivo nas compras

Mesmo que os números fiquem longe da casa de dois dígitos em crescimento projetado para dezembro no varejo, há esperança entre os empresários de que, ainda que contido, o consumidor gaste mais durante o mês de dezembro em relação à média mensal do restante de 2013. “Para alguns setores da economia, não foi um ano bom, com metas e lucros não alcançados, então, a sensação é um pouco negativa, o que de alguma forma se reflete no comportamento do consumidor”, admite o consultor de varejo Cláudio D’Ávila.  “Mas sou descrente de que vá haver retração no número de presentes”, afirma.

Para D’Ávila, o que ocorre é que as pessoas estão mais seletivas em relação ao produto a ser comprado e “cuidando mais do seu dinheiro”. O consultor aponta que a previsão do ticket médio de compras natalinas mostra o alto grau de endividamento de alguns gaúchos, com disponibilidade menor de recursos. Mesmo assim, ele aposta nas decisões de última hora, que serão influenciadas de acordo com a estratégia de cada lojista.

Na visão do especialista em finanças Antonio De Julio, o varejo pode se deparar com uma evolução no comportamento das pessoas frente às vitrines natalinas. “Estão mais espertas em relação às promoções, pesquisando mais”, avisa.

Fonte: Jornal do Comércio

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