Vendas no varejo sobem 1,5% em novembro ante outubro, aponta IBGE
Gabriella Oliveira
gráfico crescente

O resultado veio acima do intervalo das estimativas

As vendas do comércio varejista restrito subiram 1,5% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, informou nesta quarta (13), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam desde uma queda de 2,00% até um avanço de 1,10%. A mediana das projeções apontava queda de 0,89%.

Na comparação com novembro do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram queda de 7,8% em novembro deste ano. Nesse confronto, as projeções variavam entre recuo de 11,40% e queda de 7,20%, com mediana negativa de 9,42%.

Até novembro, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 4% no ano. No acumulado de 12 meses encerrado em novembro, o indicador apresentou recuo de 3,5%.

Black Friday ajudou a impulsionar as vendas

As promoções da Black Friday ajudaram a impulsionar as vendas do varejo em novembro ante outubro, afirmou a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Isabella Nunes. Além disso, o penúltimo mês do ano tem sido beneficiado pelo hábito dos brasileiros de comprar presentes de Natal online, o que antecipa parte da sazonalidade da data comemorativa.

"Embora seja apoiado por maior parte das atividades, o resultado está concentrado no desempenho de vendas de bens duráveis, especialmente móveis e eletrodomésticos e equipamentos de informática", disse Isabella.

De acordo com o órgão, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 6,9% em novembro ante outubro. No mesmo período, a atividade de equipamentos de informática melhorou 17,4%. "As promoções que ocorrem especialmente no mês de novembro vêm estimulando a venda de bens duráveis, especialmente smartphones, tablets", citou a gerente.

No caso dos smartphones e tablets, o aumento da alíquota de impostos sobre a venda desses artigos pode ter estimulado os consumidores a anteciparem as compras, lembrou Isabella. Além disso, já há algum tempo o IBGE vem notando que novembro passou a carregar parte da sazonalidade típica de Natal, o período mais movimentado no comércio.

"O hábito de comprar online antecipa parte da sazonalidade do Natal para novembro, que tem se aproximado de dezembro em termos de resultados", explicou Isabella. Prova disso é que o setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico (que contabiliza as vendas por internet) registrou alta de 4,1% em novembro ante outubro.

Apesar dos resultados positivos, a gerente do IBGE observou que os resultados de bens duráveis na comparação com novembro de 2014 continuam ruins. A venda de móveis e eletrodomésticos, por exemplo, recuou 14,7% nesta base de comparação.

"O patamar de vendas ainda é muito baixo", disse. "O setor vem sofrendo com elevação de juros, redução na renda. Tudo isso inibe o consumo desses bens, que são mais caros e consomem uma fatia maior dos rendimentos."

A intensa elevação nos preços de alimentos consumidos no domicílio em novembro levaram os brasileiros a apertarem o cinto nas compras em hipermercados e supermercados, apontou Isabella Nunes. No mês, as vendas do setor tiveram queda de 5,7% em relação a novembro de 2014, o pior resultado desde junho de 2003 (-8,6%).

"Os alimentos vêm evoluindo acima da média geral da inflação, mas especialmente em novembro houve avanço de 2,5% na alimentação no domicílio. Isso foi muito forte e provocou a queda nas vendas", explicou Isabella. Entre outubro e novembro, a atividade também recuou 1,5%.

Embora o fator preço tenha sido o principal efeito sobre o comportamento de hiper e supermercados em novembro, a gerente lembrou que a atividade já vinha sofrendo diante de um cenário delicado para o varejo. "A influência de preço foi maior em novembro, mas esse setor já vem caindo diante do comportamento da renda", ressaltou.

Em novembro deste ano, a massa de renda real habitual encolheu 12,2% em relação a igual mês de 2014, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE.

Fonte: Jornal do Comércio

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