Depois de dois meses de queda, as vendas do comércio varejista brasileiro voltaram a crescer e registraram avanço de 1,1% em agosto, na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a mais alta desde julho de 2013, quando o aumento foi de 2,6%.
No ano, de janeiro a agosto, o varejo aponta alta de de 2,9% e, em 12 meses, de 3,6%. Já na comparação com agosto do ano passado, o comércio mostrou queda de 1,1%.
Entre os ramos de comércio analisados pelo IBGE, tiveram os maiores aumentos em relação a julho os de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,5%); tecidos, vestuário e calçados (3,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,5%), entre outros.
“Destaque equipamentos e materiais de escritório. Geralmente nos meses de volta às aulas temos esse indicador com pico mais alto. E se você vir em janeiro, a mesma coisa acontece. Então, a explicação é a volta às aulas e a corrida para a compra de materiais. Pelos históricos dos indicadores, sempre nos meses de volta às aulas tem aumento maior nessa atividade”, disse Juliana Vasconcellos, gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE.
Já na análise frente a agosto do ano passado, a maioria dos tipos de comércio mostrou queda, entre eles: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%), que exerceu o principal impacto negativo na taxa global.
"Esta atividade teve seu desempenho influenciado pelo menor ritmo de crescimento da renda e pelo comportamento dos preços dos alimentos, que cresceram acima do índice geral no período de 12 meses: 7,5% no grupo alimentação no domicílio, contra 6,5% da inflação global, segundo IPCA. As taxas acumuladas foram: 2,4% para os oito primeiros meses do ano e 2,6% para os últimos 12 meses", diz o IBGE, em nota.
De acordo com a gerente do IBGE, o setor que também ajudou a puxar o desempenho para baixo foi o de veículos. "Você já vinha na margem de recuperação no mês passado, mas quando você compara com 2013, você vem com uma queda em todos os meses. É um setor que já vem com incentivo do governo há muito tempo, então, as famílias agora com cenário de conjuntura com crescimento menos intenso da economia, você tem lá diminuição do ritmo do credito, uma redução no consumo desse bem duráveis que são os veículos.”
Na sequência, entre as quedas estão as de móveis e eletrodomésticos (-7,5%); tecidos, vestuário e calçados (-1,2%); livros, jornais, revistas e papelaria (-8,9%); e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-6,8%).
"A atividade de móveis e eletrodomésticos foi responsável pela segunda maior participação negativa no índice geral. Essa variação foi impactada pelo menor ritmo de crescimento do crédito com recursos livres. Cabe ressaltar que as altas de preços dos principais produtos que compõe esta atividade se encontram acima da inflação. Em termos acumulados, os resultados foram: 1,5% para os oito primeiros meses do ano e 2,6% para os últimos 12 meses", afirma o IBGE, em nota.
Entre os resultados positivos estão os desempenhos de combustíveis e lubrificantes (0,1%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,4%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (7,1%).
“A gente vê que 2014 desde março vem com queda a média móvel. Então, a gente pode dizer que não está sendo um ano favorável, a renda crescendo menos, a diminuição do ritmo do crédito, as famílias com expectativa de desaceleração do consumo, e agora uma possível crise internacional, temos que esperar para ver como vai ficar”, analisou a especialista.
Queda em Santa Catarina
Na análise do comércio nos estados, a maioria mostrou queda em relação a agosto de 2013, com destaque para Santa Catarina (-5,1%); Espírito Santo (-4,5%); e Goiás (-4,2%). Na outra ponta, estão Acre, onde o comércio cresceu 19%, e Rondônia, que indicou alta de 10%. Em Roraima, o avanço foi de 8,1%.
Frente a julho, quase todos os estados registraram avanço. As maiores taxas partiram de Piauí (4,7%); Rondônia (4,6%); Paraíba (3,8%); Maranhão (3,4%); e Acre (3,1%).
Fonte: G1