Seminário da Fetracos - Aumentar a representação dos comerciários no Congresso é fundamental para as causas da categoria
Jousi Quevedo

Quando os sindicalistas não gostam de ir a Brasília tem que pensar que é fundamental acompanhar o que está ocorrendo, o que está tramitando nas comissões, o que pode entrar em votação, destacou o painelista.

O quarto painel do Seminário de Formação Política e Econômica contou com a palestra do assessor de imprensa da Força Sindical-RS Fernando Rosa que tratou do tema "Os Trabalhadores, os Partidos Políticos e o Congresso Nacional". A mesa foi presidida pelo presidente do Sindec/Pelotas, Zé Luis, e o secretário de Juventude da Força Sindical Nacional, Jefferson Tiego. O diretor de Formação da federação, Antenor Federizzi também compôs a mesa.

Traçando um histórico dos partidos, Fernando colocou que o Brasil viveu e vive dividido entre dois lados ou "dois partidos", representados pela elite e pelos setores populares.

Atualmente, existem 29 partidos legalmente constituídos. O último registro foi concedido recentemente ao Pátria Livre, ligado ao MR8. Antes foi o PSD.

O painelista explicou como criar partidos, desde o requerimento até a representação que precisa ter. Segundo o TSE, há 13.962.531 eleitores brasileiros filiados a algum partido político.

O perfil ideológico dos partidos estipula programas de partidos de acordo com as linhas defendidas, mas que se misturam com a governabilidade depois de eleito em coalizões. Assim, há o trabalhismo, liberalismo, socialismo, comunismo, social-democracia, trotsquismo, ambientalismo, etc. "O eleitor vota num partido e num programa, mas depois de eleito, tudo muda, assim os eleitores estão perdendo cada vez mais a confiança em partidos", explicou Fernando.

Na constituição dos políticos nos partidos, o empresariado tem crescido substancialmente com empresários se inserindo no campo político. No RS, há um perfil mais popular, com metalúrgicos, agricultores, operadores de aparelhos de produção industrial, entre outros.

De modo geral, no entanto, os trabalhadores estão pouco representados no Congresso Federal, tendo, por exemplo, apenas dois comerciários na representação parlamentar.  "É muito pequena esta representação, os trabalhadores comerciários são uma parcela muito grande para tão pouca representação", disse.

O painelista delineou ainda como se o jogo político em Brasília, com instrumentos como o "toma lá-dá cá", com as Emendas ao Orçamento da União. No Orçamento Geral da União de 2010, cada parlamentar pode destinar até 12,5 milhões de reais em emendas individuais para o máximo de 25 emendas.

Na ação dos lobbys, destacou a presença da sociedade dentro do Congresso Nacional é um direito de todos e, mais do que isso, um dever. "Quando os sindicalistas não gostam de ir a Brasília tem que pensar que é fundamental acompanhar o que está ocorrendo, o que está tramitando nas comissões, o que pode entrar em votação", destacou.

O assessor sugere que as centrais devem ter um trabalho profissionalizado dentro do Congresso de uma maneira mais direta, embora o Diap faça esse serviço de maneira bem  geral, por isso a necessidade de especificar. "Cada vez maiis temos que avançar e ocupar espaço, pois não basta mais lutar por salário. Não é mais esta questão dos políticos resolvem e não tenho nada a ver com isso. Tem que se envolver", afirmou.

Neste sentido, buscar candidatos em todos os níveis, deixando de entregar sua credibilidade para políticos que na maior parte dos casos não cumpre com os compromissos assumidos é fundamental. "E primordialmente: temos que acompanhar a vida legislativa do Município - se possível fazer parte - pressionando os parlamentares em todos os níveis", sugeriu.

A política do Trabalho Decente proporciona que o sindicalista se envolva nos mais diversos assuntos públicos como saúde, transporte, lazer, economia, entre outros. "O papel dos trabalhadores e suas entidades é amplo, tem que avançar mais e ter um envolvimento político cotidiano com as questões municipais, estaduais e federais", falou.

Debate com o público

O secretário de Juventude da Força Naciona, Jefferson Tiego, questionou como o movimento sindical pode fazer parte de fenômenos eleitorais como Manuela D´Avilla e Tiririca, campeões de votos. Fernando fez uma diferenciação entre os dois deputados, falando de seus contextos de atuação. Muito mais que projetos políticos, a deputada, talvez pela sua formação em comunicação, tem uma facilidade grande diálogo com a população. "Manuela largou na frente num processo de comunicação que agora recém as pessoas estão se dando conta", disse Fernando.

Mário de Lima, assessor econômico da Força Sindical-RS, fez um questionamento sobre a poliarquia (troca de interesses) entre políticos e eleitores no controle de governabilidade. Ele questionou se a ação da central se daria a que nível de pressão. "Na política o que define é a política. Claro que tem que ter pressão, mas aproximação, e é bom lembrar: o governo também tem problemas, não é só o trabalhador", ressalvou Fernando, afirmando que o governo também tem de desenvolver cotidianamente os projetos e ações.Segundo o painelista, o trunfo da deputada foi desenvolver uma comunicação direta com o cidadão e estar inserida no universo digital.  "Ela sempre joga claro, ela fala claramente o que pensa", destacou.

Sílvia Duarte, produtora de arte, destacou o início do sindicalismo em que "era proibido dentro do movimento ter partido". Ramires questionou se Tiririca não foi eleito em repúdio à atual política que já está em deterioração sinalizando a necessidade de mudança.

Dionísio Mazui perguntou como atrair a composição de outras bancadas para a luta dos trabalhadores. Dionísio Mazui perguntou como atrair a composição de outras bancadas para a luta dos trabalhadores. Já Cláudio Côrrea questionou por que parlamentares assentados no trabalhador votaram contra o trabalhador, assumindo uma posição contraditória. "Qual é o real interesse destes parlamentares e o que devemos fazer como sindicalistas para informar os trabalhadores?", questionou. Zé Machado elogiou o posicionamento do senador Pedro Simon que não toma emendas parlamentares para não entrar no jogo de troca de favores.

Antônio Fellini, do Sindec-POA, questionou o que garante o sucesso de uma eleição.

Janta agradeceu a ajuda dos comeciários quando foi candidato a deputado estadual, aproveitando o ensejo do debate. Ele criticou a posição de Simon que abriu mão de milhões de reais para crescimento e desenvolvimento do Estado. "Ele só fala de corrupção. Qual o projeto ele apresentou no Congresso para barrar a corrupção no Brasil?", questionou. "É um fardo a militância partidária mas tem que ser feita, porque ninguém nos escuta, só se curvam para os interesses alheios. Chega de darmos atestado em branco para os outros", afirmou.

Sobre o sucesso nas eleições, Fernando falou que o que influi bastante é a conjuntura atual e a situação política ao redor do candidato.

Texto: Josemari Quevedo

Fotografias: Cíntia Rodrigues

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