Às vésperas do anúncio da nova previsão de crescimento da economia, o Banco Central prepara o terreno para mostrar que desempenho como desejado pelo Palácio do Planalto só vai acontecer de forma plena em 2013.
Nos últimos dias, o presidente Alexandre Tombini chancelou números do mercado que preveem dinâmica mais forte da atividade no último trimestre de 2012 e, pela primeira vez, alongou o horizonte das estimativas para o próximo ano. Para o BC, o esforço do governo em acelerar a economia para 4,5% ao ano, como quer a presidente Dilma Rousseff, só vai gerar resultados completos no próximo ano.
Em discurso na terça-feira, o presidente do BC repetiu a avaliação de que a economia deve ganhar ritmo, mas com um tom diferente. "O crescimento econômico irá se acelerar ao longo dos próximos trimestres. De acordo com estimativas do próprio mercado, uma visão com a qual eu compartilho, no quarto trimestre de 2012 o Brasil estará crescendo a um ritmo de 4% na comparação com igual período de 2011", citou Tombini, em São Paulo.
Mais que concordar com analistas de que a economia deve ter velocidade de 4% ao ano no fechamento de 2012, Tombini foi além e empurrou o horizonte dos prognósticos. "E crescerá acima de 4,5% no primeiro semestre de 2013", disse, ao citar previsão de mercado com a qual concorda.
O discurso pode ser entendido como um sinal de que, para o BC, os resultados das diversas medidas para incrementar o ritmo da economia não se limitarão exclusivamente a 2012: na verdade, o efeito pleno - com crescimento a um ritmo anual de 4,5% - só deve ser alcançado no decorrer de 2013.
Mudança
A avaliação mudou nas últimas duas semanas. Em 5 de junho, na Câmara dos Deputados, Tombini dizia que "o ritmo da atividade econômica no Brasil irá se acelerar ao longo de 2012". Naquele dia, 2013 parecia mais distante. Dias depois, em 12 de junho, citou discretamente no Senado Federal as previsões do mercado de que a economia deve crescer com ritmo mais forte no final de 2012, se estendendo para 2013. Mas, na ocasião, não fez uma defesa do cenário. Apenas citou.
Desinflação. Outra mudança no discurso é relacionada aos preços. Após meses com a percepção de que a influência do cenário internacional em crise é "desinflacionária" para o Brasil, o presidente do BC mudou o tom e, agora, avalia que o impacto deve oscilar de "neutro para desinflacionário".
Uma semana antes, porém, as palavras foram um pouco diferentes no Senado: "O cenário internacional caracterizado por mercados voláteis, baixo crescimento da economia mundial e com viés desinflacionário para o País", disse. Ou seja, antes era certo que a crise desaceleraria preços no País. Agora, não há tanta certeza. As novas previsões do BC para o crescimento da economia e inflação serão divulgadas na próxima semana no Relatório Trimestral de Inflação.
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