Nota sobre o fechamento de lojas da Rede Walmart
Gabriella Oliveira
Fachada do supermercado Nacional com algumas pessoas na frente.

É lamentável e inadmissível o fato de que nesse vai e vem, quem sempre sai prejudicado na história são os trabalhadores

Depois de um ano difícil para os trabalhadores, no apagar das luzes de 2015, mais uma negativa surpresa: o fechamento inesperado de supermercados da Rede Walmart no Rio Grande do Sul. Ainda é um mistério quantas unidades encerram suas atividades. A atitude não poderia ser diferente vinda de uma empresa que desde sua implantação no Brasil, trata seus empregados e consumidores com descompromisso.

Os comunicados informais apontam para o fechamento de pelo menos dez lojas no Estado. Em Porto Alegre já está confirmado o encerramento das atividades de cinco supermercados Nacional, nos bairros Rio Branco (duas unidades), Cristo Redentor, Higienópolis e Bom Fim.

No Brasil, a intenção seria se desfazer de ao menos 30, entre o Sul e o Nordeste. Em 2005, quando a rede comprou 140 lojas da portuguesa Sonae no Brasil por 635 milhões de euros, o então presidente da Walmart no Brasil, Vicente Trius, festejou. Agora, a avaliação de consultores é de que o grupo se decepcionou com dificuldades que consideram "intransponíveis" no país, que representa apenas 3% dos negócios globais da Walmart.

É estranho o fato de que no Estado a motivação da Rede tenha como desculpa a crise. Conforme dados da Associação Gaúcha de Supermercados, a Rede Walmart lidera o ranking do setor. O fato é que a empresa tem um déficit de gestão aliado a uma política que só visa o lucro, não se interessa e nem valoriza o seu quadro funcional, pelo contrário, o interesse é em pagar o mínimo e explorar o máximo dos empregados.

Essa é a mazela de multinacionais que se instalam no país sugando o máximo da mão-de-obra e depois abandonam o barco, deixando os trabalhadores a ver navios. Nossas negociações com a Rede, por meio do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec-POA) e da Federação dos Comerciários da Força Sindical-RS (Fetracos-RS), sempre foram dificultosas, diferentemente de nossos contatos com micro e pequenas empresas que estão mais próximas da nossa base de atuação, com a qual podemos conversar “cara a cara” quando os direitos dos trabalhadores são postos em risco.

Para se ter uma ideia do quão nebulosa é a questão, a Rede Walmart está sendo alvo de uma investigação por parte das autoridades americanas, por envolvimento em corrupção no Brasil. O caso foi recentemente divulgado pela Folha de São Paulo. Os investigadores federais do FBI se concentram, particularmente, em US$ 500 mil pagos a uma pessoa supostamente contratada pela Walmart para servir de intermediária junto ao governo brasileiro na facilitação de licenças para a construção de lojas.

A Rede também foi alvo de ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, quando agiu de má fé ao dispensar centenas de trabalhadores de suas lojas, sem ao menos ter buscado um entendimento com qualquer entidade sindical.

É lamentável e inadmissível o fato de que nesse vai e vem, quem sempre sai prejudicado na história são os trabalhadores. O Governo deveria concentrar esforços e investimentos em empresas nacionais que tem interesse de crescimento e valorização do seu quadro funcional, em empresas que são cientes de que o trabalhador é fundamental para o desenvolvimento da economia.

O Sindec-POA e a Fetracos-RS estão acompanhando o caso e estão inteiramente à disposição dos trabalhadores em um momento em que as prospecções econômicas para o próximo ano não são nada positivas. Trabalhador procure o seu sindicato, pois unidos vocês não estarão desamparados!

Clàudio Janta

Secretário-geral do Sindec-POA

Presidente Licenciado da Fetracos-RS

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