No Brasil não tem golpe, tem retirada dos direitos dos trabalhadores
por Gabriella Oliveira | O golpe está sendo dado pelo próprio governo, que faz o trabalhador pagar a conta.
Desde o anúncio do afastamento de Dilma da presidência da República, a antiga base do governo federal só faz trocar acusações entre si. Desta relação, que teve 13 anos de duração, quem tem arcado com o prejuízo é a classe trabalhadora. Na verdade, foram os trabalhadores que levaram um triste golpe de traição.
Começou quando, ainda no movimento sindical, tentamos reverter o fechamento dos bingos, que custou a demissão de 320 mil trabalhadores, por causa dos escândalos de propina do governo com Carlinhos Cachoeira. Depois veio o Mensalão e a série de escândalos que todo mundo já conhece e que os trabalhadores pagaram a conta, a ponto de o governo destruir com praticamente todos os fundos de pensão.
Dos golpes na pauta trabalhista, o primeiro foi quando o compromisso com a redução da jornada virou pó. Em 13 anos de governo, jamais honraram a principal luta das centrais sindicais. Então traíram a indústria nacional e geraram a demissão de 10 milhões de trabalhadores, que hoje estão na rua, sem carteira assinada. Antes disso, para completar o estrago, editaram as MPs 664 e 665, que excluem esses trabalhadores do direito ao seguro-desemprego, pensão e outros benefícios que poderiam assegurá-los.
O governo sangrou a Petrobras e o BNDES. Aos grandes empresários, deu dinheiro a fundo perdido, que jamais será recuperado. Às pequenas empresas, sobretaxaram com juros impagáveis e altíssimas tributações.
Então, quem deu golpe?
Apoiadores do governo de Dilma Roussef entendem que a saída da presidente é golpe de Estado. Por outro lado, todas as medidas contra o governo petista estão dentro da legalidade e fazem parte da democracia. O processo de impeachment é previsto na Constituição Federal como um mecanismo para remover governos corruptos e incompetentes – é o que se acusa o governo Dilma de ser. O processo no TSE, se acabar na cassação da presidente, também será legal.
A crise que levou milhares de pessoas às ruas é resultado de uma sucessão de erros do governo que causou uma grande insatisfação popular, e não de uma grande conspiração anti-democrática da oposição.
A Operação Lava Jato e os trabalhos da Justiça estão dentro da normalidade, já que não foi comprovada nenhuma ilegalidade nos atos do juiz Sérgio Moro, por exemplo, que está à frente da Lava Jato, apesar das controvérsias da condução coercitiva e da divulgação dos grampos de Lula.
O golpe está sendo dado pelo próprio governo, que ao nomear o ex-presidente Lula para o importante ministério da Casa Civil o colocou, na prática, na condição de chefe de Estado – ao mesmo tempo em que estaria protegendo Lula, concedê-lo o foro privilegiado.
O processo de defesa do impeachment passou pela mais alta corte, onde o atual governo indicou os ministros. Portanto o processo é legal e legítimo, assim como a luta do movimento sindical, que, mesmo depois do afastamento da Presidente, ainda continua batalhando pelas causas que sempre acreditou.
E é isso que vamos continuar fazendo. Ainda temos muito a conquistar pelos trabalhadores, por isso, esperamos e, mais do que isso, cobramos veementemente que, o atual governo nos ajude a conduzir o Brasil ao emprego e ao desenvolvimento econômico e social.
Na manhã desta sexta-feira, o Sindec recebeu a visita da deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) para discutir o Projeto de Lei 67/2025, de sua autoria, que propõe a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e garante dois dias consecutivos de descanso remunerado para os trabalhadores brasileiros.
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