Funcionamento do comércio no final de ano
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O presidente do Sindec/Porto Alegre e secretário de Relações Internacionais da Força Sindical-RS, Nilton Souza (Neco), participou, em Pequim, na China, do 8º Fórum Internacional Globalização Econômica e Sindicatos (International Forum on Economic Globalization and Trade Unions). O evento ocorreu entre os dias 28/8 e 30/8 e reuniu sindicalistas de diversos países para debater economia, empregos e direitos dos trabalhadores.
Além de Neco, o presidente da Fecomerciários de São Paulo e tesoureiro da Força Sindical, Luiz Carlos Motta, integrou a comitiva brasileira. Esta é a terceira vez que a Força Sindical participa dos debates no país oriental, que refletem um esforço da China em melhorar as condições de emprego e trabalho de seu povo. Muito deste esforço atende às orientações estipuladas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que propõe que os países cumpram os quesitos do Trabalho Decente com a população trabalhadora. A China alcançou notoriedade pela riqueza que vem produzindo em larga escala, mas também pelas condições opressoras e degradantes de produção às quais os trabalhadores chineses são expostos.
Luiz Carlos Motta discursou representando o Brasil e mencionou que a globalização tem desencadeado uma série de mudanças de grande amplitude e impactos para os trabalhadores e a sociedade. Motta destacou que os sindicatos são fundamentais para a garantia dos direitos.
Nesta entrevista, o secretário de Relações Internacionais da Força Sindical-RS, Nilton Neco, fala sobre os principais momentos do Fórum Internacional Globalização Econômica e Sindicatos e avalia as contribuições do movimento sindical internacional aos chineses:
Força Sindical-RS: Qual a importância da participação dos trabalhadores brasileiros no 8º Fórum Internacional Globalização Econômica e Sindicatos na China?
Nilton Souza: O 8º Fórum Internacional Globalização Econômica e Sindicatos teve como ponto principal a aproximação com o movimento sindical chinês. Sabemos que há uma disparidade de direitos entre os trabalhadores brasileiros e os trabalhadores chineses. Em média, o trabalhador chinês ganha metade do que ganha o brasileiro, o que, além de acarretar um custo humano alto na China, gera uma concorrência que coloca o Brasil em desvantagem econômica. No evento, falamos sobre nossa experiência de Seguridade Social no Brasil - que é para todos, da política de recuperação do salário mínimo justo, de direitos que os trabalhadores brasileiros têm e da necessidade deste panorama avançar na China. Com satisfação percebe-se que a cada ano os direitos na China avançam, ainda que tenham que avançar mais. Hoje os chineses contam com um Código Laboral e os sindicatos são reconhecidos para negociação com o governo. A China vem avançando a ponto de ter que rever sua política de exportação, em função do ganho que os trabalhadores estão tendo em competência internacional com o nível de outros trabalhadores.
A China está somente agora fazendo o que o Brasil fez: desenvolver o mercado interno com uma série de incentivos para poder manter o crescimento. Há mais de 30 anos o crescimento na China não ficava abaixo dos dois dígitos e atualmente o PIB está torno de 7%. O movimento sindical chinês acredita que se cair abaixo de 5% a crise se estabelece no país. Portanto, há toda esta preocupação e a troca de experiências têm sido fundamental para os trabalhadores de todas as nações.
FS: As conquistas de melhores condições aos trabalhadores chineses regulam a qualidade de seus produtos e das relações com os demais países?
Neco: Melhora a relação com os demais países, mas principalmente melhora a relação dos trabalhadores chineses em seu país. Estes trabalhadores têm que ter os direitos trabalhistas garantidos em lei para que sejam compatíveis e de acordo com as normas da OIT. O Brasil é signatário da OIT e a China agora faz parte da organização, inclusive, governo e trabalhadores são membros do Conselho de Administração. Isto torna a responsabilidade do governo chinês muito maior na aplicação das convenções da OIT, especialmente a liberdade sindical, a negociação coletiva, ou seja, tem que avançar na garantia dos direitos dos trabalhadores domésticos, entre outras normas estipuladas pela OIT.
FS: Quais são as maiores categorias de trabalhadores na China?
Neco: Não temos números absolutos, pela característica do governo, mas só de filiados a Federação dos Trabalhadores Chineses tem mais de 200 milhões. A construção civil, em expansão no país, deve ser uma das áreas que mais têm trabalhadores. O setor automobilístico, metal-mecânico, serviços são grandes categorias.
FS: Em termos da solidariedade sindical, quais foram os avanços do 8º Fórum?
Neco: A troca de experiências entre mais de 150 dirigentes sindicais representando mais de 50 países em que todos os participantes opinaram e apresentaram suas realidades. Eles estão passando pelo mesmo caminho que o Brasil passou na redemocratização após a ditadura militar, com o movimento sindical se organizando, fazendo resistência e se desenvolvendo com a solidariedade internacional. Então é importante que o movimento sindical do Brasil e do mundo seja solidário com os trabalhadores chineses para fazer avançar os direitos em seu país também.
Texto: Josemari Quevedo
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