Governo pressiona e bancos de varejo cortam taxas de juros do cartão de crédito
por Jousi Quevedo |
Uma das lutas das centrais sindicais, em destaque a Força Sindical-RS, a redução dos juros nos cartoes é uma vitória dos trabalahdores. Esta medida deve ser concretizada em todos os bancos.
No início de setembro, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram medidas semelhantes. Em agosto, o Itaú criou uma nova modalidade de cartão, na qual o juro máximo caiu à metade.
Apesar do movimento, as taxas permanecem elevadas se comparadas a outras modalidades de financiamento e mesmo ao juro básico da economia (Selic). No Bradesco, por exemplo, o juro máximo do rotativo caiu para 6,9% ao mês, de 14,9% antes. Nas compras parceladas, o recuo foi de 8,9% para 4,9% ao mês. Em termos anuais, o rotativo custa, no pior cenário, 122%. Nas compras parceladas, o juro máximo alcança 77,5% ao ano.
Segundo dados do Banco Central (BC), em agosto a taxa média de juros para as pessoas físicas estava em 36,2% ao ano. A taxa Selic está em 7,5% ao ano.
O diretor executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que a diferença entre as taxas decorre do nível de inadimplência do cartão de crédito. "Entre os clientes que entram no rotativo, a inadimplência alcança 28%", afirmou. A inadimplência total na modalidade, observou ele, é de 8,3%, segundo o BC.
Precisamos estimular esse meio de pagamento e de financiamento para que não tenha a imagem maculada por taxas históricas de dois dígitos. Os bancos têm de fazer sua parte, dar sua contribuição", disse Noronha.
O elevado custo das operações no cartão de crédito está na mira do governo. Em recente entrevista ao Estado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de "escorchantes" os juros da modalidade. Por isso, representantes do setor privado estão discutindo com o governo uma agenda que abra caminho para uma redução consistente dos juros. Uma das propostas em análise é o fim do parcelamento sem juros no cartão.
Na avaliação de pelo menos uma das grandes instituições financeiras do País, o parcelado distorce os juros da modalidade. O argumento é de que os inadimplentes acabam financiando os clientes que dividem a compra em várias parcelas sem juros. Para a conta fechar, a taxa do rotativo tem de ser altíssima.
Mas nem todos os bancos concordam. "Não queremos tirar opções do cliente", disse Noronha, do Bradesco. "Apenas concordamos com a ideia de que não se pode ter exagero." Para ele, compras acima de 12 parcelas sem juros se encaixam nessa definição.
Nos últimos cinco anos, a base de cartões de crédito no Brasil praticamente dobrou: em junho de 2012, eram 183,5 milhões, ante 92,4 milhões em junho de 2007.
Santander, Caixa, Itaú e BB informaram que continuam analisando o mercado de crédito para definir se vão reduzir os juros dos cartões.
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