Governo admite que pode ajustar alterações no seguro-desemprego
Ligiane Brondani

A expectativa do governo é de economizar cerca de R$ 18 bilhões por ano.

Em meio às críticas de centrais sindicais, da oposição e até mesmo de aliados, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, admitiu nesta quinta-feira (29), que o governo federal poderá "melhorar" e "ajustar" as alterações nas regras de acesso a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego, anunciadas pelo governo no mês passado.

No dia 29 de dezembro, o Palácio do Planalto comunicou mudanças que alteram as regras para concessão de abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio-doença, tornando mais rígido o acesso a benefícios trabalhistas. A expectativa do governo é de economizar cerca de R$ 18 bilhões por ano.

"Nós vamos dia 3 (de fevereiro) escutar as centrais sindicais. Estamos seguros da qualidade e da necessidade das medidas. Todas elas podem, obviamente, ser qualificadas, melhoradas e ajustadas. Para isso serve o diálogo. E é nesse processo que apostamos", disse o ministro a jornalistas.

— Vamos escutar as centrais, estamos dialogando. São medidas necessárias, importantes e podem ser sim, todas elas, melhoradas.

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Discussão**

Segundo o Broadcast Político apurou, o governo discute internamente o endurecimento das regras desde setembro de 2012, quando foi criado um grupo de trabalho interministerial para elaborar propostas de flexibilização na legislação. Às vésperas das eleições municipais, o Palácio do Planalto já temia eventuais atritos com movimentos sociais e optou por fazer novas reuniões sobre o assunto apenas depois do resultado das urnas.

A ideia inicial era aumentar de seis para oito meses o período de carência para a primeira solicitação do seguro-desemprego, mas confrontado com uma conjuntura econômica ainda mais adversa, o Planalto decidiu exigir um prazo ainda maior — 18 meses para a primeira solicitação.

As novas regras para a concessão do seguro desemprego podem diminuir o acesso ao benefício em 26,58% dos casos solicitados, segundo informações divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Polêmica

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o modelo do seguro-desemprego está "completamente ultrapassado". A afirmação foi dada em entrevista ao jornal britânico Financial Times durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Levy utilizou o benefício como exemplo para defender a necessidade de cortes e reformas em diversas áreas. Entretanto, ele fez questão de reforçar que o Bolsa Família não será atingido.

Estadão

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