Fornecedor da Samsung é acusado de trabalho infantil
Jousi Quevedo

Empresa contrataria crianças e adolescentes, com as mesmas funções de adultos e salários mais baixos.

Crianças e adolescentes abaixo de 16 anos de idade são frequentemente contratados por uma empresa parceira da Samsung na China, para trabalhar excessivas horas e em condições abusivas, informou ontem o relatório da China Labor Watch, grupo de direitos trabalhistas do país.

A companhia, que se chama HEG Electronics e está localizada na cidade de Cantão (Guangdong), fabrica produtos como celulares, DVDs e MP3. Durante os meses de junho e julho, a China Labor Watch encontrou lá sete funcionários abaixo dos 16 anos de idade no departamento de empacotamento.

"O número preciso de crianças que trabalham na fábrica é desconhecido, porque nossos investigadores tiveram contato limitado com os empregados de outros departamentos", diz o relatório. "Mas a empresa violou claramente as leis chinesas."

Segundo estudo, o quadro de funcionário da HEG é composto em sua maioria por estudantes durante as férias - 80% do total. Os integrantes do grupo suspeitam que haja entre 50 e 100 crianças e adolescentes que trabalham sob as mesmas "duras condições" a que são submetidos os adultos. O salário delas, no entanto, corresponde a 70% do valor pago aos demais.

O relatório conta que, durante o tempo em que os investigadores estiveram na fábrica, foi exigido das crianças o cumprimento de tarefas que resultaram em ferimentos. Uma foto mostra um trabalhador ferido no joelho e no cotovelo. O texto explica que os funcionários são expostos principalmente ao álcool etílico e podem trocar de luvas apenas uma vez ao dia.

Estudantes de uma escola disseram ao China Labor Watch que mais de dez menores de idade foram recebidos pela fábrica apenas em 27 de abril. O grupo acredita que a contratação da força de trabalho infantil ocorra por causa da frouxa supervisão interna na HEG, que "nunca checa a identidade dos estudantes". Outra razão dada pelo estudo é a má-fé das escolas, que possivelmente fornecem identidades falsas para os menores ou os misturam a outros estudantes na condição de estagiários.

A China Labor diz que, mesmo depois de a HEG descobrir a existência de crianças na fábrica, nada foi feito para impedir essa situação. Pelo contrário, as crianças foram transferidas para dormitórios fora da fábrica para que não fossem notadas.

Outro lado. A Samsung, em resposta, disse ter conduzido duas inspeções na fábrica neste ano e não ter encontrado irregularidades. "Considerando o relatório, vamos realizar outra pesquisa de campo o mais cedo possível para garantir que as nossas inspeções anteriores se basearam em informações completas e tomar medidas para corrigir quaisquer problemas que apareçam", disse a porta-voz da Samsung, Nam Ki Yung, em e-mail à Bloomberg.

Fonte: Estadão

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