Clàudio Janta, presidente licenciado da Força Sindical-RS: chorar até quando?
Gabriella Oliveira

Opinião do dirigente na série "O Rio Grande tem saída?", da Zero Hora.

Os efeitos severos da crise econômica no Rio Grande do Sul estão sendo sentidos pelas famílias gaúchas. O governo estadual está implementando medidas de austeridade para amenizar o déficit no orçamento deste ano, que ultrapassa R$ 5 bilhões. Porém, mais que isso, é necessário acabar com o efeito grenal e com o efeito maragato e chimango, que tanto assolam o Estado. Devemos abandonar as vaidades e diferenças e procurar nos unir para buscar alternativas e derrubar as barreiras que travam o desenvolvimento econômico, social e político do nosso Estado.

Um exemplo claro deste efeito é a tentativa de implantação da silvicultura, que gerou discussão e polêmica sobre os critérios para o zoneamento ambiental desta prática, uma exigência para a instalação das empresas de celulose no Rio Grande do Sul. Observamos estes investimentos irem embora do nosso Estado, sendo que, poderiam alavancar a economia da Fronteira Oeste e da região Sul. Hoje outros estados crescem com a geração de emprego e renda destas empresas que abandonaram o RS.

O governo deve ter coragem para discutir com a União a dívida pública do Rio Grande do Sul, pois o Estado pode parar se não houver impulso no crescimento. Esta dívida foi mal negociada e o Estado não pode mais pagar uma conta que não suporta, continuar sustentando pensões, uma folha de pagamento absurda do Legislativo e do Judiciário e deixando de conceder os bens principais para o seu povo, que é a segurança, educação, saúde e infraestrutura. É preciso acabar com esta forma de arrecadar, sempre onerando o seu povo, o mais pobre e as pessoas que saem de casa para trabalhar e cevar o sustento da sua família.

Nosso governador deveria fazer o que o povo grego fez: dar um basta à essa dívida com a União e governar para o povo. É preciso atacar o problema e, o que se vê, é o que o povo gaúcho está passando. Em 1993, 72% dos gastos com saúde eram bancados pela União. Atualmente são 42,93%, exemplo claro de que é necessário e urgente a realização de um novo pacto federativo.

Os problemas acumulam para o Estado e cada vez mais para os Municípios. Porto Alegre, em especial, é responsável por toda a região metropolitana e recebe demandas de todos os municípios gaúchos. Portanto, é necessário que o RS faça um plebiscito para decidir por, pagar uma dívida com a União - que se perpetua e não é do povo trabalhador -, por garantir saúde e dignidade à população gaúcha ou para decidir se vai vender seus últimos patrimônios (CEEE, Banrisul e Corsan).

O governo deve voltar a nomear as pessoas que fazem mover a máquina pública e atendem os anseios da população, entre elas, policiais militares, policiais civis, agentes de saúde e professores, e estagnar a nomeação dos Cargos de Confiança (CC) e apadrinhados políticos. Deve também pagar um salário digno e transparente para o servidor, para não precisar incrementar com adendos excessivos. É inadmissível que professores e policiais militares sejam mal remunerados, enquanto o Judiciário se preocupa em ter benefício de auxílio-moradia em valores exorbitantes. A receita não consegue acompanhar o crescimento das despesas, que gera o aumento do déficit público e problemas para a manutenção da qualidade dos serviços públicos.

O Rio Grande do Sul tem saída, e isso também passa pela implementação das alternativas propostas na Agenda 2020 e no “Pacto pelo RS”, que é um movimento que busca articular forças, a partir dos diferentes projetos políticos presentes no cenário estadual. As propostas são de reestruturação das finanças públicas - que seria a revisão da dívida pública a partir da alteração do índice da inflação que corrige a dívida -, e desenvolvimento regional.

Esse desenvolvimento deve ter a participação social, incentivando as potencialidades de cada região.

Além disso é necessária uma modernização administrativa, que passaria não só pela melhoria das condições técnicas, mas também por uma readequação do pensamento da gestão pública como um todo. Outra sugestão é uma universidade de gestão pública para os servidores de todo o RS, em âmbito estadual e também municipal.

Parar com a disputa de ego e pensar no bem comum da população são atitudes decisivas para o Rio Grande do Sul voltar a crescer e se desenvolver.

Clàudio Janta

Presidente licenciado da Força Sindical-RS

Secretário-geral do Sindec-POA

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