Alta salarial cai no mundo, mas cresce em países emergentes, diz OIT
Andréia Sarmanho

O relatório mostra que o salário mínimo protegeu trabalhadores durante a crise e nos países emergentes ajudaram a elevar renda e melhorar as condições econômicas.

A crise mundial reduziu os salários nas economias desenvolvidas, mas nas economias emergentes a renda continuou subindo no período, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta sexta-feira (7). No entanto, o nível salarial nos países em desenvolvimento se manteve bem abaixo dos países desenvolvidos.

Os salários se mantiveram positivos durante toda a crise na América Latina e no Caribe, na África e ainda mais na Ásia, segundo o “Relatório Mundial sobre salários 2012/13”. Na América Latina, o crescimento dos salários foi de 3,5% em 2006 e de 2,2% em 2011. Na Ásia, a elevação foi de 6,7% em 2006 e 6,3% no ano passado.

Em relação ao valor do salário, no entanto, um trabalhador do setor manufatureiro nas Filipinas ganha US$ 1,4 por hora, menos de US$ 5,50 no Brasil e US$ 13 na Grécia. Nos Estados Unidos, o valor é de US$ 23 e na Dinamarca, quase US$ 35.

Na média mundial os salários médios reais cresceram 1,2% em 2011 e 2,1% em 2010, abaixo dos 3% que haviam crescido em 2007. Os dados mostram que as cifras seriam ainda mais baixas se fosse excluída a China: de 2,3% em 2007 e de 0,2% no ano passado.

As maiores quedas no valor da renda ocorreram na Europa Oriental e Ásia Central, que passaram de taxas de dois dígitos antes da crise a uma brusca desaceleração em 2009.

O estudo diz ainda que as diferenças entre as regiões são ainda maiores quando comparados os dados de 2000 com 2011. Os salários cresceram menos de um quarto em nível mundial; na Ásia quase duplicaram e na Europa Oriental e na Ásia Central quase triplicaram. Já em países desenvolvidos, subiram cerca de 5%.

Produtividade cresceu mais

O relatório aponta que, durante a última década, os salários cresceram a um ritmo menor que a produtividade do trabalho, que se refere ao valor dos bens e serviços produzidos por cada trabalhador, na maioria dos países com dados disponíveis. Ou seja, eles produziram mais, mas não tiveram um aumento de renda proporcional.

Esse crescimento gerou mudanças na distribuição de renda, “o que significa que os trabalhadores estão se beneficiando menos dos frutos do trabalho enquanto os proprietários dos capitais se beneficiam mais”, diz o estudo.

Nas economias desenvolvidas, a produtividade laboral aumentou mais que duas vezes mais do que cresceram os salários desde 1999. Já na China, onde os salários quase triplicaram durante a última década, a renda laboral diminuiu enquanto o PIB aumentou muito mais rápido que o gasto salarial total.

Salário mínimo

A OIT pediu que os 185 países membros adotem políticas de salário mínimo como um meio de reduzir a pobreza no trabalho e oferecer proteção social aos trabalhadores vulneráveis. O relatório mostra que o salário mínimo protegeu trabalhadores durante a crise e nos países emergentes ajudaram a elevar renda e melhorar as condições econômicas. “O Brasil, por exemplo, aumentou consideravelmente seu salário mínimo. Começou em 2005 e continuou a fazê-lo ainda durante os piores meses da crise”, diz o estudo.

“Um salário decente é uma das maneiras mais simples e diretas de prevenir um aumento da pobreza entre os trabalhadores. Corresponde a cada país estabelecer o nível adequado, mas esta é uma ferramenta demasiado importante para qualquer país para que não seja levada em conta”, disse no relatório o diretor geral da OIT, Guy Ryder.

G1

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